por Juliana Portella
Não há nada melhor que poder assistir àquele filminho no sofá de casa. Ir até uma tradicional vídeolocadora, ficar horas por aqueles corredores sortidos escolhendo qual filme levar. Olhando capas e lendo sinopse. As facilidades de acesso a filmes pela internet ou com o camelô da esquina ainda não substituíram a sensação de estar em uma locadora.
Porém, de alguns anos para cá, muitas locadoras estão fechando suas portas. Cada vez mais escassas , podem ser consideradas um hábitat em extinção. Os motivos são muitos. A facilidade de se baixar filmes pela internet, aumento de usuários de TV a cabo e concorrência com o comércio alternativo (camelô) são as principais causas.
A internet foi uma grande invenção. Essa nova tecnologia faz com que qualquer música ou vídeo esteja ao alcance de todos através da rede. Dá para contar nos dedos usuários que resistem ao copyleft.
Exceção a esse cenário que vem se apresentando é a Cavídeos, que há 14 anos procura ser muito mais que uma simples locadora. Localizada na cidade do Rio de Janeiro, no Humaitá, em Botafogo, além de disponibilizar vídeos para seus clientes, a locadora mostra seu diferencial ao organizar mostras, lançamentos de livros, filmes e tudo mais que possa atrair o público alvo. A videolocadora, que também é produtora e distribuidora cinematográfica, se destaca por ser um ponto de encontro de cinéfilos e amantes de arte.
Ser referência exige dedicação. “Sabemos que a diferenciação é o único meio de sobrevivência. Procuramos filmes que ninguém tem, nossos funcionários sabem muito sobre os filmes e sobre cinema de uma forma geral. Trabalhamos 24 horas e nunca fechamos nossa loja”, garante o cineasta e dono da locadora, Cavi Borges.
A locadora oferece curtas-metragens gratuitos, animações para adultos, filmes de surf, documentários raros e filmes importados, entre outras coisas diferenciadas. E é assim que a Cavídeos sobrevive à corda-bamba das locadoras.
Com um leque de estratégias que transformam a ida à locadora em uma experiência gratificante, não se espanta com a pirataria. Segundo Cavi, a pirataria é uma consequência natural dos preços abusivos praticados pelo mercado audiovisual. “Uma vez vieram me vender o DVD do filme Pixote por R$ 115. Poderia ter comprado cinco cópias e acabei comprando uma. No dia seguinte, vi o filme pirateado nos camelô por R$ 5. Como esperar que as pequenas locadoras sobrevivam com esses custos?”
As poucas locadoras de Nova Iguaçu que sobreviveram a essa nova era também têm suas estratégias. No Condomínio Vila Ângela, no bairro da Luz, existe uma “locadora-lanhouse-mercadinho”. Não necessariamente nessa ordem, segundo o técnico em edificações Felipe Souza, morador do condomínio. “A princípio era só uma locadora, agora a dona teve que fazer, além da locadora, um minimercado, lan house, mas a locadorinha ainda tá lá no cantinho“, diz Felipe Souza.
Seja por culpa da pirataria ou popularização da internet, o fato é que ter uma locadora não é mais um negócio lucrativo. No entanto, tem que haver luz no fim do túnel para essa realidade. As locadoras guardam a memória e arte do cinema que não se alcança com um clique.
2 Comentários:
Se o Brasil conseguir controlar esse comercio ilegal chamado "Pirataria" a popularização da internet não atrapalhará a volta desse negocio...Acredito eu que tudo e questão de organização!!
Thaline Flôres
aqui no Rancho Novo ainda existe uma locadora, para fazer cadastro eles verificaram até se meu nome estava no SPC/Serasa. Concerteza é muito mais fácil, barato e sem burocracia conseguir filmes no camelô.
Flávia Tolentino
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