Avião arretado

terça-feira, 12 de julho de 2011

por Raíze Souza

Rio – Galeão – RJ /Recife – REC - PE

12 JUL 11

Sei que você, assim como eu, já está cansado de ver matérias relacionadas a problema nos aeroportos. Mas só sentindo na pele que você tem a certeza que as coisas precisam melhorar urgentemente. Cheguei ao aeroporto eram 6h30, sou obrigada a concordar com meu ex-professor de filosofia que dizia que acordar cedo é um crime. As pessoas estão com o rosto inchado, o corpo está lá mas o espírito continua na cama, não se tem paciência e nem raciocínio num horário desses. por isso você sentirá falta de nomes nessa minha matéria.

Cheguei ao aeroporto e fui direto para o saguão do check-in que, como sempre, estava lotado. Para evitar que pessoas que chegam em cima da hora não percam seu vôo, os funcionários ficam gritando atrás dos clientes cujos aviões vão partir para colocar na frente daqueles que chegaram na hora certa.

A fila era enorme e sinto vergonha e pena do atendimento. Vergonha porque são poucos funcionários para atender muitas pessoas. Se sofre dificuldades até para encontrar um funcionário para te dar alguma informação e acaba que o aeroporto vira uma bagunça. Pena, porque como são poucos para muitos, é fácil você vê-los correndo, desesperados ou sendo xingados por algum cliente.

Cheguei uma hora mais cedo e foi o suficiente para visualizar problemas enfrentados por diversas pessoas. Um exemplo foi o caso de uma moça que comentou comigo para ter cuidado, pois a mulher que me deu instruções foi a mesma que lhe atendeu e a fez perder o vôo. Ela comentou que chegou meia hora antes do horário da viagem e que perdeu o vôo por causa de uma instrução errada e por conta de 5 minutos não conseguiu embarcar.

Outro caso foi de uma senhora, numa faixa de 60 anos conservados, que agorava a atendente dizendo que Deus ia castigá-la porque não deixou sua neta embarcar por causa de uma fotocópia esquecida de um documento. “Que lei o quê? Você é desumana” era o que a vovó falava, além de acusar a atendente de não ser cristã. A senhora ainda mostrou uma miniatura de Nossa Senhora retirada da sua bolsa e acrescentou: “ Ela está vendo o que você está fazendo”. Creio que ela queria intimidar a atendente para permitir o embarque da sua neta, mas no fim das contas a senhora saiu estressada, pois não conseguiu completar o check-in e a atendente ficou com ar de riso.

Mas nem todas as viagens acontecem problemas. João Valadares conta que viaja todo mês e nunca passou por problemas. Exceto duas vezes, em que chegou atrasado para o embarque e, mesmo com o avião ainda no aeroporto, ele não poderia embarcar por que já havia acabado o tempo de despachar as bagagens. Sua única solução foi pagar mais R$ 60,00 para ser encaixado em outro vôo.

   
O visual do aeroporto Galeão, Rio de Janeiro , também não é de se orgulhar. Na minha concepção o acho com um aspecto feio e sujo. Pronto, falei.

O que me preocupa são as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Se as reformas continuarem na velocidade que estão, iremos passar vergonha internacionalmente. Mas numa situação ainda pior estão os jogos militares que começam no próximo dia 15, em que os atletas vão pegar toda essa desordem brasileira.

Além disso também tem a questão de segurança. Mal olharam minha identidade. Olham no máximo o nome e não se preocupam com foto, até porque tem muita gente pra atender, então tentam ganhar tempo. Para abarcar um evento internacional, todos nós sabemos que é necessário ter uma segurança mais efetiva. Depois que vier um terrorista e derrubar o Cristo Redentor não digam que eu não avisei.

Sei que fiz um comentário com humor negro, mas parece que só se tem resultados quando se é drástico. O que me pergunto é: se não temos condições, por que colocam a gente numa dessa? Uma não, na verdade em três dessas, já que são três eventos internacionais.

Pensei que quando embarcasse as coisas iriam melhorar, mas além do lanche da Gol ser ruim, existia um DJ no avião. Isso mesmo. Sabe aquele DJ que coloca o celular ou outro dispositivo alto para o ônibus todo ouvir porque a pessoa não tem a decência de comprar um fone de ouvido ou colocar baixo na orelha dela? Foi esse DJ que estava no meu avião, e que me fez passar quase três horas ouvindo o repertório dele.

Finalmente depois de todo esse sufoco, “voltei, Recife. Foi a saudade que me trouxe pelo braço”. Tive a sorte da minha mala não demorar pra chegar, mas infelizmente uma mulher achou que a mala fosse dela e abriu minha bolsa.

Isso foi o que eu vivenciei em algumas horas no aeroporto, convido você a sentir o mesmo. Não, melhor não, sei que você tem coisa melhor pra fazer, pois qualquer coisa é melhor pra fazer do que ir ao aeroporto. Apesar disso tudo, uma coisa posso tirar de positivo: cheguei bem e vou receber muito dengo de Maínha e Paínho. Na volta, espero que não passe por problemas e que eu escreva coisas positivas desse ambiente. Difícil, mas vamos lá, afinal, brasileiro é confiante e não desiste nunca.