O dia em que eu virei adulto

sexta-feira, 15 de julho de 2011

por Saulo Martins



No caminho do cinema até a minha casa, minha mente borbulhou  ideias e constatações. Pode parecer, para aqueles não tão jovens quanto eu, que isso tudo é uma grande besteira. E de fato, pode até ser. Afinal de contas, é só uma série de filmes. Mas, quase como o evento que fecha o último ciclo que ainda me ligava com a minha infância. É, metaforicamente, um aniversário de debutante ou um Bar Mitzvá.  É perceber que eu não tenho mais nenhuma ligação intelectual com que eu era há 10 anos, esse era o meu único elo.

Os gritos e os assobios inundavam a sala de cinema, e também a minha cabeça. É difícil admitir que eu, um universitário, acostumado com filmes do Godard e músicas dos Novos Baianos com  – não muita –  barba na cara, como me disse alguém , esteja ali, compartilhando do mesmo sentimento de animação e ansiedade com crianças de treze  anos. Pra mim foram dez  anos de espera por um filme. Dez anos acompanhado o crescimento de personagens, amadurecendo junto com todos eles. Admirando, esperando, gastando boa parte das minhas mesadas com os livros e os ingressos para os filmes. É complicado fechar esse ciclo com esse sentimento de estar sendo ridículo ao pagar  – com muito orgulho –  para ver um filme onde terei que dividir o espaço com cem crianças atordoadas.

Não sei explicar os pontos positivos do filme, como eu costumo fazer.    Mesmo que eu o assista quinze vezes, tudo que eu vou conseguir enxergar é o fim de uma história que eu segurei por dez anos. É um filme que me tocou, mas não necessariamente por ser bom. Tudo que eu consigo dizer é que ele foi marcante pra mim em diversos pontos.

Eu não chorei, não gritei e não bati palmas. Pelo contrário,  inclusive.  Eu e minha prima, que me acompanhou,  ficamos muito irritados com as pessoas que se exaltavam demais. Por mais que a minha vontade fosse de dizer o quanto eu estava triste quando os créditos começaram a subir, a única frase que eu consegui dizer foi: “Isso nunca mais vai acontecer de novo.”

Talvez um dia eu perca essa visão romântica sobre a série. Talvez um dia eu consiga fazer uma crítica sobre ele, mas tudo que eu quero  – e sou capaz  –  de fazer agora, é dividir o sentimento mais confuso que eu já tive na minha vida.





4 Comentários:

Dannis Heringer disse...

Ainda bem que você não contou o filme, se eu juro que eu te matava!!! AIIIIIIIIII, eu querooo muiiiro ver o final e ao mesmo tempo não ver! =/ HAHAHA. Lembro que quando meu Pai, chegou aqui em casa com o DVD da primeira parte, eu ficava vendo ele 10 vezes no dia durante uma semana, só pra relacionar as partes que eu tinha lido no livro ou para fazer uma critica! Mas, não haviam criticas, só havia NEM EU SEI DIZER! Muita gente, acha o filme bobo e de adolescente mas, queira eu que eu nunca jamais, mesmo com 50 anos perca essa coisa adolescente! Porque, em filme tosco eu choro. Quando o Cedric morreu eu quase morri junto! Ai, é tão bom isso! Espero que nunca morra de verdd, ÓTIMA MATÉRIA SAULO! Espero que desperte a mesma sensação que causou em você e em mim, em outras pessoas que lerem esse texto!

Joyce Pessanha disse...

Também não sei explicar, e achei a definição com vc: EU NUNCA MAIS VOU SENTIR ISSO DENOVO!

Samir Gonçalves disse...

Parabéns Saulo, essa foi uma das melhores matérias sobre o filme que eu li!

Raize Souza disse...

Caramba Saulo muito boa sua matéria.Me encherguei em vários pontos do seu texto.Colocar o trailler do filme ficou muito legal,deu mais emoção além da que eu tive no seu texto(mas seria melhor se o vídeo estivesse acompanhado com legenda).

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI