A essência do MST

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

por Hosana Souza


Quem, como eu, passa todo fim de tarde pelo Calçadão e observa Wanderley Laurindo e sua banca, não imagina que atrás de cada essência existe uma marca desses quarenta anos de história. O simpático e magro homem me recebe e reconta sua trajetória enquanto atende os fregueses, que vaidosos experimentam perfumes. O inicio de sua estrada nem mesmo Wanderley consegue recordar, mas sem delongas me envia ao período, com certeza, mais marcante: O Movimento dos Sem Terra.

“Cansei do MST”, afirma ele com convicção, para meu espanto. “Sinto muita falta, confesso. O ideal de lutar pela divisão das coisas entre os pobres é algo que ainda se move em mim, mas cansei daquilo lá”. Wanderley deixou para trás um dos maiores movimentos de luta pela reforma agrária do país, e deixou também duas esposas e três filhas em Campos dos Goytacases em um assentamento.

A embriaguez do cinema

por Hosana Souza

O cinema é especialista em modificar personagens, criando novas e surpreendentes situações. Mas você conseguiria imaginar Diego Bion, do Cineclube Buraco do Getúlio, como enfermeiro? “Eu quase entrei nessa. Minha mãe, meu pai, meu avô, todos estão na área da saúde, eu até fiz o técnico por um tempo”, diz Bion, relembrando a adolescência. A troca do uniforme branco pelo papel, caneta e câmera digital foi apenas uma das mudanças ocorridas na sua vida.

O que era para ser apenas um curso que ocupasse as horas vagas terminou se tornando a razão de viver de Bion. “Uma vizinha nossa que era merendeira contou pra minha mãe que na escola que ela trabalhava teria uma oficina de cinema e minha mãe falou para ir e aproveitar”, conta ele, que partiu para o Bairro Botafogo atrás da oportunidade. “Eu fiquei na reserva, o curso era para vinte pessoas e eu era o vigésimo quinto, mas eu consegui. Depois terminei largando o curso de enfermagem e entrando na FAETEC para fazer Produção Audiovisual”, explica.

 
 
 
 
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