por Livia Pereira
Depois de Tinguá, Miguel Couto e Morro Agudo, foi a vez da Cerâmica receber o bonde da Pré-Conferência de Cultura de Nova Iguaçu. A parada foi feita na Escola Livre de Música Eletrônica, uma parceria entre o Bairro Escola e a ong Reperiferia que criou um importante polo cultural no bairro que entrou para a história da cidade depois da chacina de 2003.
A abertura do evento foi feita pelo secretário adjunto de Cultura e Turismo, o escritor e pesquisador Écio Sales. Numa conversa com os participantes (alunos da escola, mães de alunos, dirigentes de instituições...), fez uma breve introdução do que ocorreria durante a noite. “Se for no centro de NI, pode ser que nem todos possam ir”, disse Écio Salles. “Precisamos dar oportunidade para que todos participem.”
Textos distribuídos para os participantes da pré-conferência da Cerâmica explicaram os objetivos da III Conferência Municipal de Cultura, que ocupará o teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro nos dias 23 e 24 de outubro. Nela serão discutidas as diretrizes para o Plano Municipal de Cultura, os Eixos Temáticos da II Conferência Nacional de Cultura, Sistema Nacional, Estadual e Municipal de Cultura, Nova Iguaçu Cultural.
Proceso
O tema cultura foi tratado em sua total abrangência. Resgatadas vivências de pessoas que nem se imaginavam fazendo cultura e hoje, com a continuidade de execução dos editais de apoio a ações culturais, têm seus pontinhos de cultura. Para Écio Salles, o mais importante não é o evento cultural, mas o processo que nos leva a esse evento: “Colocar apenas shows em praças é insuficiente. Importante é investir nos processos”.
O tema “editais” também foi bastante discutido, já que é basicamente um meio de investir na democracia. “Eles acabam com a política do balcão”, explicou o pesquisador. Na prática, essa política do balcão sempre beneficia as pessoas que têm amigos nas esferas do poder. “Os editais permitem que o apoio seja dado por merecimento, não por conhecimento.”
A palavra foi passada para o poeta Jorge Cardoso, um velho militante da causa cultural da Baixada Fluminense e presidente do Conselho de Cultura. Ele enumerou os eixos temáticos propostos pelo Conselho Nacional de Política Cultural: Produção Simbólica e Diversidade Cultural; Cultura, Cidade e Cidadania; Cultura e Desenvolvimento Sustentável; Cultura e Economia criativa; Gestão e Institucionalidade da Cultura.
Um dos maiores pesquisadores de Nova Iguaçu, o historiador Antônio Lacerda abrilhantou as explanações do evento com uma pequena mostra de seu conhecimento sobre nossa cidade, esclarecendo os porquês dos nomes dos bairros do entorno e suas formações. Mas o ponto alto das discussões foram as propostas. Muito se falou sobre a falta dos equipamentos dos governos Federal e Estadual em nossa cidade, sobre a falta de espaços para apresentações culturais e de continuidade de certos projetos culturais por fatores diversos.
Falta de parceirosUm dos fatores é a falta de parceiros. Anderson Barnabé, coordenador da Escola Livre de Música Eletrônica, conta que cede o espaço para alunos da Escola Municipal Douglas Brasil para que tenham aulas de Português e Matemática, mas não há tempo, nem espaço para todos que o procuram. “Artistas regionais também nos procuram, por não terem equipamentos, nem locais pra ensaiar...”, lamentou Barnabé, para quem a o fortalecimento do movimento cultural da Cerâmica atrairá o apoio das empresas no entorno.
Sugestões importantes foram abordadas pelo historiador Antônio Lacerda: “Em vez de a Prefeitura pagar aluguéis por seus espaços, é preciso desapropriar e transformar os espaços em patrimônios culturais.” As exposições foram ouvidas, as propostas dadas e registradas. Agora, que chegue a III Conferência onde essas discussões poderão se tornar realidade.
Oportunidade para todos
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Marcadores: Conferencias, Lívia Pereira
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