Maná da arte

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

por Edson Borges Vicente e Fernanda Bastos da Silva



"Sou um artista Bombril", resume Almir da Silva Rego, 55 anos, diretor da ong Amar Vidas (Associação Maná de Assistência e Restauração de Vidas). Conhecido como ‘Djamar’, esse artista multimídia, que faz de desenho publicitário a pintura, de escultura a poesia, de teatro a música, desde 2002 desenvolve um projeto para inserir os jovens no mercado de trabalho através da arte e da publicidade.

Foi a paixão pelos quadrinhos que o levou a mergulhar na arte dos desenhos. “Eu lia muitos gibis do Super Man, do Fantasma", conta Djmar, que já foi repórter da revista Lá e Cá e do Jornal Pontual. "A paixão pelo quadrinho me levou ao desenho e do desenho me envolvi com a propaganda e com a escultura até entrar para a Beija Flor e trabalhar com a escultura na escola de Samba”.


O nome Amar Vidas surgiu do apelido de Djmar. “Maná é o alimento que Deus mandou do céu no deserto. Meu ‘maná’ é a arte, pois com ela os jovens batalham pelo seu alimento através do seu trabalho. Restauração de vidas porque o problema da violência é um assunto muito discutido nos dias atuais. Para mim, quando você educa e prepara para o trabalho, você acaba com esse problema, ou seja, você restaura as vidas através da educação para o trabalho com a arte”.

Criada há sete anos, a associação já profissionalizou cerca de 400 jovens e adultos. Os cursos oferecidos são desenho, letrismo, pintura, silk e violão. Os cursos atualmente custam R$ 40 por mês e duram três meses. Após o curso, os alunos passam a estagiar no próprio curso e obtêm uma renda complementar até serem inseridos no mercado de trabalho. “Não tenho apoio, por isso esse valor é estipulado. De todo modo, muitas vezes, em cinco dias eles já resgatam o valor investido no curso. Já tenho alunos trabalhando em várias empresas do município como a Sendas, por exemplo. Outros abriram um ateliê em suas próprias casas”, conta Djamar.

O reconhecimento do trabalho da Amar Vidas já esteve estampado em vários jornais, como na reportagem do O Dia de 28 de março de 2004, com o título “Chance para ir à luta: entidades educativas oferecem cursos a preços populares para quem quer ingressar no mercado de trabalho”. Mas foi no dia 31 de outubro de 2006 que a Ong recebeu status de Utilidade Pública através da lei 3802 sancionada pelo prefeito Lindberg Farias. De lá pra cá foram mais três anos de serviço em favor da arte e do trabalho.

Localizado à rua Coronel Bernadino de Melo, 2139, no Centro de Nova Iguaçu, o espaço sofre pressões fortes do mercado imobiliário e é alvo de luta judicial há anos. O prédio faz parte da faixa de imóveis antigos, como o da Cruz Vermelha e o do Antigo Fórum (hoje pólo do Consórcio de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro - CEDERJ) que resistem à voraz verticalização da área mais valorizada da cidade, a ‘Zona Sul de Nova Iguaçu’. Almir acredita que a arte e a utilidade pública da associação não podem ser destruídas em função de interesses do grande capital. Por isso batalha para que o reconhecimento da importância da ong impeça o fechamento do espaço e cesse com o maná da arte.

Mais detalhes sobre os cursos podem ser obtidos pelo telefones 3769-7552 ou 3091-2904 (Embratel fixo-móvel).

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