Guia da universalidade

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

por Raphael Teixeira
Na última semana, enquanto ouvia a reapresentação do programa da Mpb fm em que a entrevistada era a escritora e idealizadora do projeto Tramas Urbanas, Heloísa Buarque de Hollanda, lembrei que não fazia muitas semanas havia lido um livro que estava martelando minha cabeça.

Era o livro do cineasta, ator, secretário de Cultura de Nova Iguaçu e agora escritor Marcus Vinicius Faustini. Faustini, com a história que, essa sim, poderia ser a de qualquer um de nós, preenche, com o seu "Guia Afetivo da Periferia" (Tramas Urbanas), uma lacuna existente, mas que até agora estava sem um acabamento, talvez ainda no tijolo.

Muitos beberam de fonte parecida e tentaram identificar o verdadeiro brasileiro. Sérgio Buarque de Hollanda, com seu "Raízes do Brasil", fez um raio x da identidade brasileira. O filho, Chico, nas suas músicas, sempre buscou dar a voz que os excluídos nao tinham, tratando-os como personagens principais em seus versos. Roberto Da Matta cavucou os meandros da malandragem brasileira e descobriu cada jeitinho que, sendo da periferia ou não, tornava o Brasil um país único.

Então o que há de novo nesse livro que evidencia o real brasileiro? O ineditismo do "Guia(..)" é a ambientação e o trato dado às questões que, até então, não eram abordadas. Talvez o elitismo literário (sempre existente nas artes) esteja tentando – numa corrente que cresce não só com Faustini, mas também com autores como Écio Salles, entre outros - reverter esse estigma e falar de situações verdadeiramente brasileiras.

Não posso falar que, enfim, essa corrente irá trazer uma literatura genuinamente brasileira, despida de influências fúteis, num país acostumado a vestir-se de banalidade alheia. Mas é certo que buscando o nosso próprio jeitinho, nossa própria identidade, encontraremos a universalidade literária buscada por todo artista.

Assim, qualquer regionalismo será transcendido e, talvez, o livro se torne popular e realmente lido por todos. Aí, livros como Vale Quanto Pesa, de Silviano Santiago, não precisem mais serem escritos para evidenciar o tratamento ridículo que o livro se encontra no Brasil.

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