por Mayara Freire e Melissa Saliba
E para comprovar as vantagens de frequentar este tipo de empresa, a tradutora Mariana Vieira, de 22 anos, é frequentadora assídua de brechós do seu bairro, em Santa Teresa. Ela explicou por quê. “Eu gosto de brechós por admirar coisas antigas e retrô. Lá em Santa Teresa, por exemplo, tem um que vende roupas do estilo do século XIV”, contou. Mariana diz ter um estilo clássico e prefere não comprar o que está na moda, e ainda se satisfaz pela vantagem do preço. “Comprei um corset rendado por R$ 20, que em uma loja não sairia por menos de R$ 150”.
Já a estilista Laura Bezerra, 24 anos, contou que 90% de seu guarda-roupa foram adquiridos em brechós. “Eu adoro brechó. Não é uma loja comum. Quando se pensa em moda geralmente envolve tendência e sua moda pessoal. Por isso, crio um estilo próprio com roupas desses lugares”, frisou. Laura ainda destacou o fato de a moda ser reciclável, pois tudo o que usamos hoje reflete no passado. “Hoje está em alta a influência dos anos 80 e 90. Se fosse em uma grife para comprar roupas deste tipo, seria muito caro. Esse é o benefício: comprar peças atuais e antigas ao mesmo tempo, por um ótimo preço”. Um dos lugares que Laura Bezerra disse frequentar é o brechó Salto Alto em uma galeria na Siqueira Campos, em Copacabana. Segundo ela, lá vendem roupas antigas e bem conservadas, com roupa atual mas com estilo de antigas, novo e velho com cara de brechó. Ao perguntar o que é cara de brechó ela respondeu: “Cara de brechó é quando a pessoa olha e fala: ‘Só ela tem!’. Ou seja, quem gosta de moda e quer ser exclusiva”, riu.
Moradora de Belford Roxo, ela frequenta também alguns da Baixada Fluminense, como em bazares de Igreja. Laura disse que nesses casos é preciso garimpar. “Já comprei uma calça coral de cintura alta com cetim puro por R$ 3. Um amigo estilista chegou a me oferecer R$ 250, mas eu me recusei a vender”, revelou Laura como uma de suas melhores experiências de compras.
Homens também não ficam de fora. O estudante Fernando Leopoldo, 20 , morador de Nova Iguaçu, tem seu estilo próprio e gosta de garimpar peças em qualquer tipo brechó. Frequenta alguns de Comendador Soares e do Centro de Nova Iguaçu. Seu visual é bem particular e exótico a olhares dos “fashionistas”. Influenciado pela moda hard rock dos anos 80, ele disse que procura por exclusividades baratas. Suas compras já foram compostas por calças justas por R$ 5, blusas de flanelas também por R$ 5 e sobretudo de R$ 20. “Em certos tipos de brechós você precisa procurar bastante até achar o que você está procurando. Mas é sempre mais barato e satisfazem minha moda, que é alternativa. Depois até customizo algumas peças para ficarem mais a minha cara”, contou.
Boca a boca
A empresária Gisele Goulart, de 27 anos, apostou nesta idéia em Nova Iguaçu. Há alguns anos morando em Copacabana, estudando e trabalhando com moda, decidiu trazer para a Baixada este tipo de vendas, e até agora, de acordo com ela, só fez lucrar. Há cinco meses abriu seu brechó “Meus achados” e disse ter tido muita procura de clientes. “Como eu não morava mais aqui, eu e minha irmã resolvemos abrir nesta região, porque no Centro do Rio de Janeiro este mercado já está dando certo e além de tudo, está saturado. Resolvemos investir em Nova Iguaçu para ver se daria certo e por não haver muita oferta”, contou.
Gisele contou ainda a aceitação do público no começo do seu novo empreendimento. “Tivemos medo da rejeição de pessoas com um nível melhor, pois achavam que eram peças velhas, mas depois foi o boca a boca. As pessoas viram que as peças são novas ou seminovas com boa qualidade. Vendemos consignados com lojas que não querem mais as roupas, em casos de mudanças de coleção e com pessoas que trazem roupas. Não aceitamos, por exemplo, peças rasgadas, manchadas e com aparência de usadas”. No “Meus Achados”, as peças variam de R$ 8 a R$ 120, em sua maioria composta por marcas de grifes conceituadas no mercado.
Gisele contou o sucesso da empresa. “O nosso negócio evoluiu e em apenas cinco meses já vamos ampliar. Alugaremos um espaço maior e vamos trabalhar com peças masculinas, pois percebo que tem muita procura. Queremos também trazer roupas de grifes do Rio para Nova Iguaçu. Minha expectativa agora é estar em um lugar mais acessível para todos, do público A ao D, com peças selecionadas. Quero que as pessoas tirem da cabeça que o brechó é um lugar onde vende roupas velhas”.
Fora do país, a cultura de comprar em brechós é mais comum. Nos Estados Unidos, por exemplo, frequentemente as pessoas fazem bazar na garagem de casa, e em lugares da Europa virou até roteiro de turista. No Rio de Janeiro, há brechós famosos com 50 anos de existência e em São Paulo estas lojas são referências de moda para revistas, figurinistas, e estilistas. “Já comprei uma bolsa e um óculos dos anos 70, por R$ 50 e sem nenhum dano. Acho que a pessoa guardou muitos bem durante esses anos. É um produto resistente da época”, brincou Gisele Goulart.
Durante a visita ao brechó “Meus Achados”, que fica na Rua Barão de Tinguá, 622, no Centro de Nova Iguaçu, montamos alguns looks para comparar quanto seria ao preço original.
- Estas peças, que montam um visual casual, mas sofisticado, são vendidas no brechó por R$ 148.
- Na loja, elas custariam R$ 469.
- Este look mais alternativo com colete com franjas, t-shirt, saia lápis e sapato sai a R$ 173.
- O preço original seria R$ 635.
- Já este super ousado e colorido com blusa, cinto, bermuda e sapato baixo é vendido a R$ 143.
- Juntando o preço das peças na loja, seria vendido a R$ 450 reais.
Brechó virtual
A Internet não poderia ficar de fora com a sua praticidade de vendas. Pessoas que cansaram de suas roupas, decidem vender através da rede montando brechós on-line. Essa é a ultima tendência em conseguir dinheiro rápido, além de ser uma ótima maneira de limpar do seu guarda-roupa as peças que você não quer mais usar. Criação de Blogs e sites tem sido utilizado para este fim. Mas a estudante de publicidade Monique Lopes, 22, ao ver seu armário recheado de roupas que não usava mais, decidiu unir o útil e o agradável: se livrar das peças e ainda ganhar um dinheirinho com o uso de rede de relacionamentos. “Usei o Orkut como forma de comunicar aos meus amigos que estava vendendo blusas, saias e sapatos que não usava mais. Fiz um álbum com as fotos das peças, incluindo o preço e deu certo. Por um tempo pensei que ninguém ia querer comprar, mas de repente vi que serviu de ‘achado’ pra alguém”, relatou.
Para quem não quer sair de casa, a web oferece uma variedade de estilos, marcas e preços infinitamente maior do que nos espaços físicos. Mas há ainda quem aposte em vender qualquer coisa que não utiliza mais. Monique Olimpio, formada em Turismo, decidiu seguir a mesma linha de Brechó pelo Orkut, porém ela incluiu Cds, pantufas, sapatos e chapéus. ”Decidi criar com a intenção de não ficar com peças que não usa mais. Em pouco tempo consegui vender algumas coisas”, contou.
6 Comentários:
Muito interessante!Adorei a matéria, continue assim.
Valeu pela dica!! Tomara que esse mercado cresça, pois será uma ótima oportunidade para quem tem
seu próprio estilo e criatividade, além disso, poder economizar no bolso. Gostaria de manter informações. Parabéns! Silvia -NI
Obsolescência perceptiva é algo que dita a "moda" e costuma ser aonde o brechó não se encaixa ...
Obsolescência perceptiva nada + é do que não estar usando a cor, modelo,sapato da moda, tudo o que se vê em propagandas e vitrines de grife ...
e isso ser claro aos olhos ...
Muitas pessoas compram roupas por status ...
quando muitas vezes, se paga o dobro apenas pela etiqueta da marca que carrega.
O preço das peças cria exclusividade certamente quando se fala em grife e marcas, mas, os brechós certamente são o segundo caminho possível pra atingir a desejada exclusividade sem ter que esvaziar a carteira.
Carlos - NI
Mandaram muitooo bem, brechó é tdo de bom e pela internet ainda tem akela possibilidade d trocar suas peças com as d outras pessoas e no fim td mundo fik feliz haha.
Cool! Uma dica é a feira de antiguidade de sábado na praça XV. Tem coisas bem caras, mas bem baratas também. O negócio é garimpar e pra quem curte, pechinchar!
E dou apoio a peças masculinas nesse brechó aí!
Renato
Parabéns pela reportagem; por acaso se as pessoas pensassem, sempre neste sentido, de que "O novo é sempre melhor",nós não teríamos o mercado de carro usado; imóveis usados e outros mais...Falcão-NI.
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