por Josy Antunes
Na última sexta-feira, 5 de fevereiro, compareci a um evento que, na minha mente, foi seminal: o lançamento de um livro em Belford Roxo. O autor de “Visões de um novo olhar – Fatos e fotos da Cidade do Amor”, José Américo Batista recebeu representantes da população local no Country Club da cidade, onde revelou seu trabalho de pesquisa e lançou a obra ao que promete ser uma jornada por bibliotecas e escolas.
Folheando um dos exemplares que estavam dispostos ao público, observei os agrupamentos do patrimônio histórico, material, natural e humano. Dentre as apresentações que me foram feitas naquelas páginas, “conheci” o Instituto Brasileiro de Arqueologia, do qual sequer havia ouvido falar em meus 19 anos de moradora do que o autor chama de Cidade do Amor. Vi retratado o Castelinho, acompanhado de uma descrição que saciou parte de minha curiosidade diária ao ver uma construção tão peculiar, no caminho percorrido pelo 206, Belford Roxo x Nova Iguaçu.
Há ainda um “histórico” do meio ambiente, abordando os diversos rios e “ex-rios” que perpassam pelos bairros. “Facilitou o trabalho da Secretaria”, elogia J. Júnior, secretário municipal do Meio Ambiente – criada no ano passado. O autor foi apontado como o primeiro historiador da cidade.
Habitada por animais
Ao ler o prefácio, vi assinado o nome Vicente Freire, poeta e ativista cultural, com quem conversei enquanto uma enorme fila de leitores caminhava de encontro a Américo. “Muitos já tentaram fazer isso, mas, por terem comprometimento político, tentaram maquiar a história. Isso fez com que todos os sonhos de realizar um livro, com o objetivo de passar alguma verdade, nunca tenha dado em nada em Belford Roxo”, lamenta Vicente, um dos primeiros a contemplar o “Visões de um novo olhar”. “Eu fiquei espantado com o livro”, confessa, elogiando a ousadia do autor ao apostar também na qualidade visual do trabalho.
Assim como o Instituto de Arqueologia me saltou aos olhos, uma gruta no bairro Shangrilá chamou a atenção de Vicente. “Segundo a história, era usada para penalizar ou até sacrificar os escravos. Muitos morriam e lá mesmo ficavam. E eu não sabia disso. Hoje eu tenho até interesse de ir lá, mas dizem que ela está habitada por animais”, relata o poeta.
Foi ainda durante o lançamento que ouvi ou versos “Velho brejo, Velho Brejo/Onde o sol sempre nasceu sorrindo...”, que principiam o hino da cidade de Belford Roxo. Por sempre ter estudado em território iguaçuano, eram outras as canções entoadas reverentemente antes das aulas, com a mão direita levada ao peito. Com o hino, veio também a descoberta de que, desde 1566, a cidade era conhecida como um brejo, no qual passaram a habitar histórias ainda hoje contadas. “Se você não tiver o cuidado de ir nas comunidades registrar o que oralmente o povo tem, fica difícil você fazer uma composição histórica de um município tão complexo como é Belford Roxo”, afirma Vicente Freire.
1 Comentários:
Josy,como é bom ler esse texto, que fala de um povo maravilhoso, culturalmente híbrido e que convive em uma cidade tão penalizada por falta de políticas públicas; tristezas por muitas coisas, mas, felicidades por ter jovens iguais a você, que vão batendo em teclas sociais diferentes forjando novos homens e mulheres para realizarem um Município forte e coerente; parabéns pelo trabalho e fique na Luz...
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