por Carine Caitano
A Casa de Anyê já deu o que falar aqui no blog. Comandada por Eduardo Reis, o pontinho perpetua a cultura negra através de música e dança na Escola Municipal Monteiro Lobato, no centro de Nova Iguaçu, e na Escola Municipal Amazour Vieira Borges, na Vila Operária. Eduardo teve que driblar uma série de dificuldades para se tornar uma das experiências mais bem-sucedidas dessa parceria entre a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu e o Governo Federal.
Tudo começou em outubro, quando houve o primeiro contato com os alunos do horário integral. Apesar do interesse inicial, o professor se deparou uma situação desfavorável. "O número de alunos que frequentava as aulas era menor que o esperado", lembra ele, que determinado, disse que trabalharia com seriedade para 30 ou 3000 estudantes. E foi o que aconteceu. Em esforço conjunto com a Secretaria de Cultura e a Secretaria de Educação, hoje o pontinho da Casa de Anyê está em estágio mais avançado e finaliza com honras seu primeiro ciclo.
Mas não pense que foi fácil. Como todo líder bem-sucedido, Eduardo Reis teve que testar e reformular muitas de suas estratégias e ouvir quem tem mais experiência no assunto, como o Secretário de Cultura Marcos Vinicius Faustini. Em reuniões semanais, os professores dos pontinhos se encontram no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, no centro de Nova Iguaçu, com Sandra Mônica e Faustini, a fim de ajustar a prática com a intenção.
O problema de Eduardo foi identificado por outros colegas que participam desses encontros e, através do diálogo, solucionado. Para um projeto que lida com música, “afinar” é a palavra mais propícia. Não se trata apenas de oferecer aos alunos oficinas diversas. Também é preciso lhes dar o poder da opção e usar das práticas pedagógicas para seduzir o aluno. “Depois dos encontros com Faustini sobre metodologia, sobre abordagem e resultados e do maior envolvimento da Secretaria de Educação, o trabalho ficou mais fácil de ser desenvolvido. Todos os pontos contribuem pra que a sua aula, o seu canto fique mais afinado”, diz Eduardo.
Apoio da escola
No Amazour, escola da periferia de Nova Iguaçu, o projeto decolou com mais facilidade por vários motivos. O principal foi a preocupação das secretarias em acompanhar o desenvolvimento dos pontinhos. Mas nada seria feito sem o propósito pessoal de cada um dos professores. Eduardo foi um dos que mudou a abordagem para ganhar o interesse e a presença dos alunos. Agora, o primeiro contato que ele tem é com o corpo docente, não mais com os alunos. “A direção da escola precisa ficar sensibilizada com a causa e apoiar a gente”, explica Eduardo. Depois, os alunos são informados sobre a oficina de um jeito bem especial. “Não dá pra chegar numa turma de adolescentes dando nada de graça. Eles têm que saber que foram contemplados com as oficinas. Têm que saber da limitação de vagas, de como isso vai ajudar na matéria tal, na prova tal”. O último passo antes das inscrições dos alunos é o workshop. “Lá que eles sentem mesmo como vai ser. Aí tem foto, instrumento, música, no Amazour tivemos uma professora de canto coral apoiando... você tem que vender o teu trabalho”.
A estratégia deu certo, principalmente se comparada aos números das visitas na primeira escola, Monteiro Lobato. Enquanto 45 alunos se inscreveram e apenas 75% deles apareciam nas aulas na primeira escola, a aula inaugural no Amazour teve 170 alunos, um verdadeiro sucesso.
Outro fator que contribuiu para essa vitória é, para Eduardo, a localidade da escola. “O aluno do Monteiro tá numa escola do Centro (de Nova Iguaçu), onde sair de casa bem mais cedo ou chegar bem mais tarde pode ser um problema pro aluno, quando tem que arrumar alguma coisa, cuidar de um irmão. Além disso, só no Monteiro são 14 oficinas, além da que eu dirijo. São muitos alunos? Sim. Mas são muitas opções, e o aluno pode ficar perdido”.
Eduardo parece muito satisfeito com a conclusão de um ciclo nas duas escolas e ansioso pela segunda etapa. Ele confirma: “Teve dificuldade de abordagem, mas o mais importante é a superação. Entender o aluno do Centro, diferenciá-lo do aluno da periferia. Eu quero e faço um trabalho que prima pela qualidade, que sai do lugar comum. E é isso... trocando experiência nas reuniões, botando em prática na semana. Faustini sempre diz que esse não é um projeto pra você brilhar, é pra você ralar. Vamos ralar”.
A ralação da Casa de Anyê
segunda-feira, 1 de março de 2010
Marcadores: Bairro-Escola, Carine Caitano
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