por Carine Caitano
Quando o professor passou um trabalho de dependência sobre cultura negra, Leonardo Costa achou que seria moleza. Mas, quando leu as exigências sobre vestimenta e encenação, ficou um pouco preocupado: onde acharia todas aquelas informações? Quase concluindo o Curso Normal no Instituto de Educação Rangel Pestana, em Nova Iguaçu, e precisando tirar nota máxima na apresentação, Leonardo resolveu que faria uma ampla pesquisa antes de decidir o tema de seu trabalho.
Ao procurar na internet sobre religiões africanas e suas tradições, encontrou o site de um centro cultural pertinho de sua escola, o ÒJÍSÈ NÓN. Foi a partir das fotos do site que conseguiu reproduzir as roupas necessárias para sua apresentação escolar que, aliás, recebeu nota máxima.
Quem cuida do centro é Felipe Brando, de 27 anos. Ele é um dos fundadores do espaço e fala um pouco do trabalho: “ A casa foi criada com o objetivo de levar esclarecimento e ensinamento aos seguidores e não seguidores do candomblé”. Para cumprir essa “missão”, a casa promove palestras de aprendizagem ministradas por quem entende do assunto e leva a religião a sério. O professor da UERJ Altair Togum é um desses que, pesquisando, tenta resgatar e difundir aspectos da cultura afro, antes passados apenas oralmente.
Lições do tempo
Muito estudo e dedicação são necessários. Felipe faz graduação em história, o que lhe permite conhecer melhor os aspectos históricos do candomblé e do seu berço, a África. Conversar com ele já é viajar na história e imaginar as cerimônias, ricas em canto e dança.
Para quem deseja aprender mais, a casa oferece cursos variados, todos ligados ao candomblé. Segundo Felipe Brando, tantos cursos se devem à riqueza de detalhes dos cultos afro-descendentes: “Além de uma língua própria para a celebração, os cultos têm o toque do atabaque, danças próprias, comidas com modo de preparo específicos, e cantigas tradicionais. Tudo isso é aprendido com o tempo."
Com o que aprendem nos ensaios e reuniões, o grupo faz apresentações. Uma das últimas foi na PUC. A faculdade estava mapeando os terreiros de umbanda e candomblé do Rio de Janeiro e, no evento de culminância, chamou o grupo da Centro Cultural ÒJÌSÉ NÒN. O centro fica na rua Tertuliaano de Melo, número 112. Mais informações no site www.ojisenon.com
2 Comentários:
Acredito que nos terreiros de ubanda tenham negros e brancos. Então por que ainda não houve um trabalho que mapeasse as igrejas protestantes para ver quantos afrodescendentes hoje são cristãos...
A questão não é cor da pele de cada um, e sim o trabalho que essa ong tem em passar os costumes e ensinamentos de uma religião de matriz africana dentro do Brasil... A PUC mapeou quantos terreiros existe no Rio de Janeiro, e não quantas pessoas são negras ou brancas dentro desses terreiros. Claro que também existe trabalhos de mapeamento de igrejas, como está começando a se voltar e prestar atenção para o lado das religiões de matrizes africanas, porém nenhuma dessas pesquisa visa a quantidade de negros ou brancos dentro de uma religião.
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