por Nany Rabello
Na primeira vez que ele subiu ao palco faltaram palavras. Toda a equipe estava eufórica, se abraçando e sorrindo. Ele agradeceu muito e passou o microfone para outros que também desejavam agradecer. Da segunda vez que ele subiu ao palco já não havia nada a dizer. Dessa vez o abraço foi único, coletivo, e as lágrimas rolaram sem medo de tocar o chão. O microfone parou na mão do ator, que contou um pouco da história do grupo. E era nítido que Getúlio Ribeiro não acreditava ter ganhado os dois prêmios de sua categoria com o primeiro trabalho dele e do grupo.
O grupo, que ainda não tem um nome, mas tem a certeza de que não vai mais se separar, contou que se conheceu na Escola Livre de Cinema, de onde foram alunos, e depois de terminado o curso cada um seguiu seu caminho, até que alguns deles se reencontraram por acaso e resolveram ‘recrutar’ os outros para fazer um curta.
Com cenas filmadas até mesmo no palco do próprio teatro do Sylvio Monteiro, onde receberam o prêmio, o curta discute a terrível interrogação da madrugada: beber água e ter que levantar para ir ao banheiro, ou não? E o público acaba se identificando com o personagem que necessita de uma concentração especial para conseguir fazer xixi. Pierre, o personagem, não consegue urinar se não estiver em absoluto silêncio e escuro, e acaba criando imagens mentais de ‘um lugar feliz’ quando se encontra em banheiros públicos para que consiga satisfazer sua necessidade.
Deve ser por isso que na hora da contagem de votos o curta ganhou com uma vantagem larga do segundo colocado, atingindo o número de 70 votos, que nem mesmo Barnabé acreditou na hora de anunciar. Durante a contagem a torcida vibrou muito, tanto quanto a do segundo colocada, o curta O Mendigo, que também recebeu uma grande aprovação do público.
Essência iguaçuanaUma história engraçada, que conquistou quem assistiu. Mas não só isso. O filme foi delicadamente elaborado em sua parte técnica, tanto que garantiu também o prêmio de melhor Curta da Mostra Baixada dado pelo júri técnico, o que fez a equipe de produção vibrar muito: Bia Pimenta, diretora de arte; Elaine Cristina e Bruna Sanches, produtoras; Desire Taconi, assistente de direção; Vagner Vieira, assistente de produção; Jimmy Laje, editor; Walace Valadão, na trilha sonora; Betinho Taconi, continuísta; Vitor Lopez, ator e produtor executivo, Josy Antunes e Marcele Ponte, still e o diretor, roteirista e fotógrafo Getúlio Ribeiro formaram a equipe duplamente vitoriosa da noite de domingo. E com exceção da Bia, do Jimmy e do Vitor, todos os membros são de Nova Iguaçu, sendo os dois últimos ‘de essência iguaçuana’, segundo palavras dos próprios.
“Foi um amigo meu que escreveu um conto com o tema e pediu para roteirizar pra ver como ficava, aí a gente decidiu transformar em filme”, contou Getúlio na curta entrevista após o prêmio, onde o grupo demonstra igual satisfação pelos dois prêmios. “O prêmio técnico é importante porque é a prova que a gente fez tudo certinho, e o prêmio popular é bom porque mostra que a gente agradou, né?”, disse Getúlio.
Uma mostra de alto nível, com o teatro lotado e seis ótimos curtas. Uma premiação dois dias depois, com dois prêmios para um único sucesso. Palavra de quem entende e de quem se deixa levar pelo que sente quando vê, a equipe e o filme merecem. E faço minhas as palavras do júri técnico: “é por essas razões que ‘O Que Vai Ser?’ é!”
‘Vai ser, foi e é’
terça-feira, 20 de abril de 2010
Marcadores: Iguacine, Nany Rabello
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