Crianças

segunda-feira, 26 de julho de 2010

por Yasmin Thayná 

Jogo da memória, pião, bola de gude, desenho animado, filmes infantis, livros infantis, contadores de história, boneca, boneco, carrinho, casinha, quebra-cabeças, futebol, polícia e ladrão, piques, (pega, esconde, alto, bandeira...) queimada, xadrez, dominó, lego, ping-pong, pipas. Toda e qualquer pessoa teve pelo menos um
momento vivido em sua infância.

Antigamente, brincávamos, não tínhamos responsabilidade, não tínhamos preocupações. Nunca fui uma criança que praticava suas brincadeiras na rua. Sempre brinquei dentro de casa. Foram poucos momentos fora do quintal da minha avó...

Lembro dos patins, com as minhas amigas que devido ao tempo, (tempo! Monstro imutável...) só restou uma no ciclo de amizade. Andei muito de patins dentro de casa, mas às vezes, na rua. Meu pai me levava e ficava me olhando da esquina.

Lembro também do natal que o Papai (Noel) trouxe uma bicicleta com rodinhas brancas atrás, com o quadro lilás e cestinha branca. Tinha bagageiro e tudo, parecia bicicleta de gente grande... Depois de alguns meses andando de rodinha, meu pai tirou, segurou o banco e disse: vai! E me soltou. E eu fui pairando sobre a brisa daquela tarde no quintal da minha avó, minha mãezinha... (Naquela época eu tinha sonhos. Tinha mais desejos surreais).

Lembro da Rua Coleiro. A turma da Rua Coleiro que se reunia depois do colégio. Eu e meus irmãos íamos às vezes... Recordo que no mês de Novembro, já víamos o céu colorido, todo enfeitado. Com pipas formando um mosaico indefinido com suas cores diversificadas: rosa, amarela, verde, azul. Do Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Corinthians, Palmeiras... (Nunca vi uma pipa do Brasil) As pipas com suas enormes rabiolas, com seus chamados dibicos partindo para cima de outra pipa que em seguida voava. Tomava sua liberdade por um momento planando sobre aquele céu azul da cor do mar. Ia... Ia que era uma beleza! E a molecada toda corria pelo quarteirão do bairro com suas varas gigantescas (pareciam atletas de salto com vara do Pan-americano). E depois, voltava àquela pipa formar o mosaico no céu.

A Rua Coleiro era lotada! A criançada toda brincava, soltava pipa, conversava, corria... A árvore de jabuticaba que os meninos subiam, (eu nunca soube subir em árvores) voltavam com as sacolas lotadas daquelas frutinhas pequenas e pretas. A casa na árvore do meu irmão também é inesquecível.

Hoje eu fiquei triste. Fui a Rua Coleiro e não tinha ninguém. Só átomos, moléculas, sujeira, pedras e carros. Não tinha mais bicicletas para os lados, bonecas, bolas, linha de pipa... Não achei as crianças andando de bicicleta. Porém, elas existem!

Não as crianças da minha época, mas há crianças no bairro. Mas onde estarão as crianças? É simples: em um cômodo fechado, sentadas em frente a uma tela com teclado, mouse e CPU. Com counter strike, maple story, grand chase, talvez, msn, orkut, twitter, formspring, fotolog, blog... Ou qualquer outra coisa online aberta!

2 Comentários:

Unknown disse...

Interesante a sua reflexão de como que em um intervalo minimo de tempo, as coisas ja mudaram!!!as crianças de hoje,não pensam nem agem mais como as crianças de 8 anos atrás, e de acordo com o que estamos vendo as coisas só tendem a piorar!!será que um dia ainda vamos poder FALAR OU DEFINIR a palavra INFÂNCIA?
BOM YASMIN Parabéns!!ótimo trabalho!!bjs:*

Priscilla Mariia disse...

Amei o texto, Parabéns Yaya. Realmente, as crianças de hoje não são como as de antigamente. Talvez eu seja um pouco piegas ao falar isso, mas a molecada de hoje em dia não sabe o que é ter uma infância. Correr, jogar bola, soltar pipa, brincar de boneca, de todos os possíveis piques já não fazem parte do vocabulário das crianças. E isso é triste, porque se a coisa continuar indo pelo caminho que está, brincadeiras tão gostosas como essas deixarão de existir. Daí vem a dúvida; Tecnologia: Evolução ou regressão?

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