A la Hijos de Cida

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

por Josy Antunes
“Enquanto o Renato comia miojo, eu resolvi filmar”, simplifica o estudante de letras Leonardo Guimarães, de 21 anos, que, inconscientemente, iniciava o curta-metragem “Macarrones Instantáneos”, que já ultrapassa os 300 acessos no YouTube. O filme, de 10 minutos, conta a história de um personagem que quase abdica de sua própria existência em função de sua paixão maior: os macarrõezinhos instantâneos que ficam prontos em 3 minutos. O “viciado em miojo” é interpretado por Renato Acácio, estudante de cinema da UFF – Universidade Federal Fluminense – e um dos integrantes da banda Hijos de Cida, dos quais Leonardo e Lívia Brito, 22 anos, também participam. “A gente tá sempre se gravando imitando os outros ou inventando personagens por pura falta do que fazer, o que de fato é o que o filme é. Temos um termo quando perguntam como é o som da nossa banda. Respondemos que é "a la caralho", que significa mais ou menos essa coisa de sair fazendo sem muito requinte, pretensão ou preocupação. Nos juntamos pra beber, tocar e se divertir. Acho que o filme é meio assim, embora estivéssemos sóbrios”, explica Renato, que há cerca de 6 meses assina reportagens para o culturani.blogspot.com. 

Durante um habitual final de semana em que o trio se reúne para ensaiar e “falar besteira”, Lívia – que é vocalista da banda, assim como Renato – adoeceu, concedendo uma tarde de ócio aos demais integrantes da banda. “Foi quando pensamos em dar sentido àquela cena do garoto comendo miojo e a história foi tomando forma à medida que fomos gravando”. O “sentido do filme” levou os amigos a protagonizarem cenas cômicas em ambientes públicos e no prédio onde Lívia reside. Um dos ápices de humor do curta se encontra na cena em que Renato passeia pelos corredores de um mercado, empurrando um carrinho de compras lotado de pacotes de miojo. “Não lembro se colocamos os miojos daquele carrinho de volta no lugar ou não”, confessa Renato, ao contrário de Leonardo, que garante: “O Renato encheu um carrinho e depois largou por lá. Eu sei que eu não queria ir no mercado, estava com vergonha, mas eles perturbaram tanto que a gente acabou indo. A ideia era pra o Renato no fim do filme ter uma overdose de miojo, mas não deu tempo de filmar. A cena final, na realidade, foi a primeira a ser gravada”.

Polícia

Dentro do conceito “a la caralho” – que, segundo Lívia, fora criado para “dar vazão a aspirações artísticas ou, por vezes, preguiça” – autorizações ou avisos de que uma filmagem seria realizada não existem, o que para Lívia não é nenhuma novidade. “Já está naturalizado. Tanto que, enquanto filmávamos, poucas pessoas comentaram alguma coisa e houve uma ou outra que parou pra não atrapalhar. Não foi desafio nenhum, pra falar a verdade”, garante a estudante do 6º período de Ciências Sociais da UFF, que aponta a parte do “assalto de miojos” como a mais divertida. “A gente estava no corredor do meu condomínio, cheio de câmeras de segurança, brincando no elevador e finalmente o Renato tirou uma faca e ainda houve gritaria: - “Polícia, polícia!” - E nenhum dos milhões de seguranças inibiu nem nada”.

Em quatro horas de gravação, o filme estava pronto. Depois de ganhar a edição de Leonardo, em dois dias já ganhava uma página no You Tube. “O Leo, além de ser baterista e tudo mais, é o nosso ‘jovem empreendedor’ e jura que a gente tem chance de ganhar dinheiro com as criações, por isso a ideia da camiseteria”, esclarece Lívia, fazendo referência à loja virtual de camisas, para a qual os vídeos feitos pelo trio servem como “teasers” de divulgação. “Tanto a ‘produtora’ fantasiosa, a banda e a camiseteria se intercomunicam, é tudo farinha do mesmo saco. Com a exceção de que com a camiseteria a gente espera fazer algum dinheiro”.

Acesse a multi “Hijos de Cida” através do site www.hijosdecida.com.br. E para conhecer a trágica história do “viciado em miojos”, basta clicar, aguardar 3 minutos e se deliciar: