A deconstrução da conselheira

sexta-feira, 20 de maio de 2011

por Dannis Heringer


“A eleição da Mayara Freire é uma consolidação do trabalho que estamos fazendo há três anos, todo ele feito no sentido de empoderar a juventude”, disse o escritor e jornalista Julio Ludemir, coordenador do projeto Jovem Repórter. Foi desse projeto que a jornalista e estilista Mayara Freire, uma moradora de Cabuçu de 23 anos, saiu para se tornar uma das cinco representantes da cultura no Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu.

A jornalista e estilista tem uma opinião semelhante à de seu ex-chefe. “Acho que minha eleição foi histórica”, afirma ela, que depois de se formar no ano passado está fazendo um curso técnico de computação gráfica. “Ver a juventude tendo voz me devolveu a minha crença na democracia”, diz ela, que nunca se viu como uma ativista cultural, mas sempre discutiu com seus amigos de geração, figuras obrigatórias nos eventos promovidos no Espaço de Cultura Sylvio Monteiro, principalmente as badaladas exibições do Cine-clube Buraco do Getúlio.


Nascida e criada em Nova Iguaçu, Mayara Freire foi uma adolescente idealista, que até a sétima série sonhava em fazer a faculdade de psicologia, “para entender a mente humana”. A entrada no ensino médio mudou o curso da sua vida. “Tive contato com ideias revolucionárias e quis me tornar uma militante”, lembra essa leitora voraz, que teria estudado história se tivesse passado em uma universidade pública ao fazer seu primeiro vestibular. Como ela mesma diz, teve o privilégio de ter um pai bem de vida, que pôde lhe pagar uma boa faculdade de comunicação social.

Durante a faculdade, descobriu outros mundos nos livros de Edgar Morin, Muniz Sodré e Guy Debord, entre outros. Quanto mais estudava os grandes teóricos da comunicação, menos acreditava na ética jornalística. “Por isso, estou pensando num mestrado desde que me formei”, conta ela, que hoje se vê muito mais como uma pessoa da moda do que da comunicação. Ela própria não se estranhou quando os companheiros de faculdade zoaram com ela na festa de colação de grau, dizendo que ela talvez virasse hippie. “Ela não quer ser a mais vendida”, disseram.

O estágio no projeto Jovem Repórter lhe deu a possibilidade de escrever sobre culturae, segundo duas palavras, “novas portas da percepção se abriram” no período de mais de um ano em que escreveu para o culturani. Mas embora as idéias do produtor social e artista multimídia Marcus Vinícius Faustini a tenham deixado entusiasmada ela entrou em crise quando se percebeu adulta e profissional. “Larguei o jornalismo e comecei a confeccionar roupas”, conta a conselheira, que em termos de comunicação só admite trabalhar em projetos que envolvam o que ela chama de “jornalismo construtivo”, com informações relevantes para a sociedade.

Mayara Freire gosta de música, fotografia, pintura, moda, design, além de filosofia e psicologia. “Sou um pouco de tudo”, conta essa admiradora do filósofo grego Sócrate, que dizia “só sei que nada sei”. Para ela, as pessoas sempre devem buscar o conhecimento para a transformação de cada indivíduo em si e em sociedade. “Nós não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar o que está ao nosso alcance”.

Sua meta como conselheira é que os jovens participem mais da política e da rica cena cultural da Baixada. “Eu nunca achei que poderia estar nesse cargo, e entrei de coração a fim de fazer uma diferença na minha cidade.” Ela acredita que só a cultura é capaz de transformar o homem como ser pensanto. “Eu percebi que desconstruindo que se constrói.”

3 Comentários:

Hosana Souza disse...

Cadê o Curtir nessa vida?

Abrahao andrade disse...

Quero ver, hein!

Mayara Freire disse...

Faria correções nesta matéria...mas enfim....

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