por Pedro Felipe Araújo
“Você precisa saber de onde vem para poder dizer para onde vai.” Disse um poeta uma vez, cujo nome já não me recordo, mas a frase em sua essência me chamou a atenção. Me fez pensar o quão importante é o nosso passado para nós mesmos e o grau de conhecimento que precisamos ter para que saibamos a fundo quem realmente somos. Confesso ter uma característica filosófica muito menor do que gostaria e por algum tempo esta bonita passagem ficou esquecida em algum canto da minha memória, mas na última quarta-feira, quando presenciei o pontapé inicial do projeto Quilombar, esta frase emergiu imediatamente do esquecimento.
O projeto Quilombar, criado pelo procurador-geral de Nova Iguaçu, o Sr. Augusto Werneck, em parceria com a EDUCAFRO, é um programa de identificação, demarcação e titulação fundiária de terras ocupadas por remanescentes de quilombos. Os quilombos eram os locais de refúgio dos escravos negros brasileiros e representaram uma das mais importantes formas de resistência à escravidão. Localizavam-se em regiões afastadas, embrenhados nas matas, e os núcleos se transformaram em prósperas aldeias, dedicando-se à economia de subsistência e ao comércio.
Não é de se espantar que muita gente se surpreenda com a ideia de que existem quilombos ainda nos tempos de hoje. Quando aprendemos história na escola, tudo que estudamos é uma visão eurocêntrica, criada em um sistema educacional já programado há décadas. O resultado disto é que voltamos nossos olhos cada vez mais para a princesa Isabel que para os escravos. Neste ponto, onde nossa visão se direciona involuntariamente para um novo aspecto social, começamos a nos distanciar, ao invés de mergulhar a fundo na história do nosso povo.
Os quilombos que permaneceram têm grande valor histórico para o Brasil e os quilombolas, os habitantes desses quilombos, trazem em sua própria história uma herança cultural imensurável e digna de maior observação e respeito. O projeto Quilombar, criado em Nova Iguaçu, tem a missão de ser o início desta virada de mesa. “Quilombar! É um verbo neolítico que está no imperativo, é o nome do nosso projeto”, disse frei David Santos, fundador da EDUCAFRO. Frei David é um dos maiores defensores das causas negras do Brasil. Firmou parceria com a procuradoria-geral e idealizou o programa, que agora será oficializado. “É só o início de algo muito maior que nós e esperamos que cresça e seja abraçado por outras prefeituras e o nosso dever neste projeto é não deixar que se esfrie o entusiasmo da prefeita para com o programa”, explica.
Frei David acredita que o “Quilombar” é um resgate cultural da nossa própria história. E foi este entusiasmo e a fé que pus em sua convicção, tomando-a como minha a partir do momento em que conversamos, que me fez lembrar a poesia que iniciou este relato. Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para o progresso. Os quilombos e quilombolas existentes em Nova Iguaçu fazem parte da nossa cultura e fazem parte de toda uma história que não se pode deixar esquecer.
Entuasiasmo sem fim
terça-feira, 31 de maio de 2011
Marcadores: Mainstream, Pedro Felipe Araújo
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2 Comentários:
É mesmo surpreendente o fato de ainda existir quilombos nos dias de hoje, principalmente século 21! Mas assim como quilombos, ainda existe o preconceito, a maldade a crueldade, a fome, a seca e não podemos tapar os olhos para isso.
Mas o projeto Quilombar criado em Nova Iguaçu está aí para mudar essa realidade, pois os habitantes de Quilombos, assim como nós tem suas vidas, suas culturas, suas histórias, e merecem todo o nosso respeito, e este projetp é só o ínicio de muitas novas idéias que apareceram!
É mesmo surpreendente o fato de ainda existir quilombos nos dias de hoje, principalmente século 21! Mas assim como quilombos, ainda existe o preconceito, a maldade a crueldade, a fome, a seca e não podemos tapar os olhos para isso.
Mas o projeto Quilombar criado em Nova Iguaçu está aí para mudar essa realidade, pois os habitantes de Quilombos, assim como nós tem suas vidas, suas culturas, suas histórias, e merecem todo o nosso respeito, e este projeto é só o ínicio de muitas novas idéias que apareceram!
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