por Saulo Martins
Em 2 de abril de 2010, Chico Xavier completaria 100 anos. Não por acaso, no mesmo ano foram lançados três longas-metragens envolvendo seu nome e sua história: "Chico Xavier - O Filme", inspirado em sua biografia, dirigido por Daniel Filho; "Nosso Lar", inspirado na sua obra psicografada mais famosa (que leva o mesmo nome), dirigido por Wagner de Assis; e "As cartas psicografadas por Chico Xavier", documentário sobre o seu trabalho mediúnico contado por pessoas que foram atendidas por ele, dirigido por Cristiana Grumbach. Ainda nessa linha, no começo de 2011 aconteceu a estreia de "As mães de Chico Xavier", que retrata a história real de três mães que tiveram cartas psicografadas por Chico. Dirigido por Glauber Filho (que já havia explorado o universo espírita em seu filme de estréia "Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito - 2008") e por Helder Gomes.
Falar que o motivo da exagerada referência à uma figura pública acontece por causa do seu centenário é muito previsível. Chico Xavier foi um dos maiores, senão o maior, divulgador do espiritismo no Brasil, e até hoje existe certo preconceito com essa divulgação. Um filme como o de Daniel Filho, que alcançou mais ou menos 3 milhões de espectadores nas salas de cinema, que liderou as bilheterias nacionais por semanas, que foi transformado em série de tv pela Rede Globo e que arrancou elogios das críticas especializadas não atingiu positivamente só o público espírita. Talvez seu sucesso seja explicado pela carreira do seu diretor, que teve uma grande trajetória na televisão e, sendo assim, sabe perfeitamente como falar para as massas. Filmes biográficos sofrem da necessidade de identificação. Ela é a chave do sucesso.
Esse ponto de vista nos faz entender por que "Nosso Lar" foi a quinta maior bilheteria nacional da última década? Não. O diretor e roteirista Wagner de Assis não tem a mínima intimidade com a cultura televisiva ou com a fórmula de "como falar para as massas". Podemos considerar que seu trabalho mais próximo disso foram seus roteiros para os filmes da Xuxa em 2001 e 2002. Mas isso não nos explica o sucesso de um filme que trata de um assunto que não é tão bem aceito pela sociedade em tão pouco tempo. Wagner de Assis teve sorte e embarcou nas ondas deixadas por Daniel Filho alguns meses antes?
Outro ponto de vista sobre a história foi abordado por Cristiana Grumbach em seu documentário "As Cartas Psicografadas por Chico Xavier", que nem chegou à maioria dos cinemas da rede nacional, mas que trata do mesmo contexto dos filmes que fizeram sucesso. O anonimato do filme se dá pela sua linguagem de documentário, talvez. As culturas de massa nunca incluíram essa linguagem nos seus maiores sucessos. É um fato que Chico foi uma figura importante para o Brasil. Que foi admirado, que foi aclamado e que também foi odiado. Mas esse fato não explica o sucesso e o motivo de tantos filmes.
Espírito da coisa
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Marcadores: Mainstream, Saulo Martins
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3 Comentários:
Tem gente que acha que documentário não é filme.
Já tentou considerar o fato de simplesmente os filmes serem bons ou ruins? Isso explica muita coisa!
Nicolas
E porque são bons ou ruins? a matéria é exatamente sobre isso.
Abraços
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