por Vitória Tavares
Falar sobre arte pode aparentar uma certa soberba ou um total desconhecimento do assunto por parte de quem escreve se ele for um leigo no assusto. Entretanto, a arte, cada vez mais, é algo impalpável, sem determinações. Esquecendo as velhas barreiras entre o espectro artístico e o espectador, é possível encontrar o que liga o individuo a esse mar de ideias inicialmente tão distante da vida normal de um simples cidadão.
BREVE HISTÓRICO ARTISTICO POR QUEM POUCO ENTENDE DO ASSUNTO: A arte surgiu desde sempre. Nas pinturas rupestres, no quadro do Da Vinci, na novela que vê sua tia-avó e no trabalho de escola do seu irmão menor. A arte está incutida ao ser humano tal qual a respiração. É a vontade de se expressar, de se reunir a si mesmo ou se espalhar pelo mundo (com ressalvas até o suposto fim do mundo em 2012, aí sim, quem sabe, será dito o fim das artes como um todo). FIM DO BREVE HISTÓRICO
Pra começar, vivemos num mundo em que a informação é cada vez mais rápida e a troca de quadros de imagens é tão veloz que nem sentimos – vide a sua caixa televisiva ligada todos os dias pontualmente as 21 horas e 15 minutos quando começa a novela das nove - , ( podemos ver 20 quadros da Glória Pires pintados em pixel em menos de 1 segundo!) e isso de fato atrai e, por ironia do português, distrai a massa: a velocidade, a mobilidade, o movimento em si. E o que, pensa a bancada vanguardista, pode se fazer para que alguém sinta o gosto das tintas e adquira o apreço pela arte? “Movimente-a”, respondeu Andy Warhol e toda a galera realmente modernista.
Uma arte sem que seja preciso “fingir que entendeu”, com imagens claras, altamente subversivas e marginais é bem mais interessante do que um quadro renascentista. Não menosprezando os degustadores de arte renascentista, que é de fato algo muito importante (talvez para a história, mas pra mim passa batido). Uma arte que seja integralista, popular e incrível é o panorama artístico real dos dias de hoje. E o mais interessante é que ela está pelas ruas, movimentada no grafite, expressiva nas intervenções e já se tornou parte do cenário urbano.
Na Presidente Vargas, por exemplo, no centro do rio, na altura do hotel Guanabara Windsor, é possível ver, pelo menos estava lá até o dia 5 de agosto, uma intervenção (que essa que vos escreve achou feia, mal feita e muito boa): se tratava de um galão de gasolina furado com um furo bem redondo e amarrado neste tinha um pedaço de cabo de vassoura; no galão estava escrito em letra grande: “Pra quem quer pau, pau. Pra quem quer buraco, buraco.” Pode você entender isto, caro leitor?
Contando com o seu óbvio entendimento, continuo esse texto talvez-artístico-sem-nenhuma-pré-determinação da seguinte forma: vá a mais exposições de arte e ande mais pela rua. Aconselho duas exposições que me deixaram bem mais feliz, o melhor é que estão localizadas no Centro Cultural Banco do Brasil, e o estupendo é que ambas são de graça
No térreo e no primeiro piso do Centro Cultural do Banco do Brasil, é possível deleitar-se com a exposição “Queremos Miles”, uma mostra internacional multimeios (vê o que é isto? Integração por meio do áudio, do visual e do audiovisual) que narra a saga do inacreditável e indescritível músico Miles Davis.
Os salões imponentes do CCBB abrigam toda a versatilidade genial de Miles por meio de 300 itens que passaram pelo sopro desse ícone do bebop que atestou toda a sua marginalidade nos clubes de jazz dos Estados Unidos e da França. É tudo muito visual e interativo, sendo a cenografia elaborada, como diz no panfleto da mostra: “especialmente com tecnologia acústica, para permitir a fruição das gravações de referência do artista, com alto padrão de áudio”. E é tudo isso mesmo. A mostra foi concebida pela Cité de La Musique de Paris e está em cartaz até o dia 28 de setembro de 2011.
Subindo as escadas do Centro Cultural a mostra "I am a cliché - Ecos da estética punk" reúne 150 obras entre fotografias, fotocolagens e instalações sobre as várias fases do movimento punk. Um salão fascinante revestido de um papel prateado e chão manchado de tinta abriga um breve histórico da obra de Andy Warhol como empresário e criador da atmosfera que acercava a iluminada banda Velvet Underground; colagens muito-legais da artísta plástica Linder e fotos coloridas e vibrantes do Johnny Rotten e do Sid Vicious.
Subindo as escadas do Centro Cultural a mostra "I am a cliché - Ecos da estética punk" reúne 150 obras entre fotografias, fotocolagens e instalações sobre as várias fases do movimento punk. Um salão fascinante revestido de um papel prateado e chão manchado de tinta abriga um breve histórico da obra de Andy Warhol como empresário e criador da atmosfera que acercava a iluminada banda Velvet Underground; colagens muito-legais da artísta plástica Linder e fotos coloridas e vibrantes do Johnny Rotten e do Sid Vicious.
Há algo melhor do que enriquecer-se culturalmente sem que haja um falso entendimento artístico?
1 Comentários:
Adorei o artigo. Só não entendi o texto do parêntese (que esse que vos escreve achou feia, mal feita e muito boa. É um personagem masculino ou está falando de si mesma como se fosse um homem?
Beijos, linda!
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