Por Vitória Tavares
Cinco dias alucinantes de cultura marginal: e assim é possível resumir o Espaço do Rock. Em meio à energia iluminada do público - que não foi pouco-, as bandas da Baixada Fluminense e de outros cantos do Brasil provaram que o rock brasileiro está bem longe de acabar. Guitarras frenéticas e tropicalismo chocaram com a inovação e a boa qualidade de som, música bem feita e marginalizada.
A representação nostalgica e deslumbrante do blues tupiniquim da banda “Gente Estranha no Jardim” atestaram que a brasilidade está presente no no sangue juvenil. A banda Cretina com o seu noise (ruído) aliado ao rock n' roll dos Rolling Stones fez a turma dançar o “ié ié ié” sem parar e, no último dia, os “Beach Combers” trouxeram diretamente da Lapa o som refinado de um surf music eletrizante e fizeram todos os casais da noite dançarem abraçados o som do Tremendão, de Erasmo Carlos.
Pra quem compareceu a esse marco na história da cena musical independente na baixada, que rolou do último dia 27 julho ao último dia 1 de agosto no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, teve a percepção que esses cinco dias de cultura e rock foram incríveis. "Eu me senti no Cabaré. A energia da galera é comparável as festas que rolavam" - conta Cristine Duarte.
As festas Cabaré foram provavelmente o ápice da cultura delirante que está acontecendo por agora na Baixada e no Grande Rio. Muitas das bandas que hoje arrebentam no cenário under já tocaram nas festas e inclusive foram lançadas nessas festas.
O sentimento que fica transcende a questão musical e embarca na exploração cultural do individuo. Durante o festival teve uma galera que agitou e capturou os registros dessa woodstock iguaçuana. Os aspirantes a fotógrafos com futuro prometido e seus cliques incessantes resultaram em poses experimentais extraordinariamente malandreadas.
E é claro, há os que fizeram isso há dez anos atrás e trouxeram suas fotos para exposição do Festival, que contou com fotos nostalgicas do Bar da Sônia e filipetas de shows de rock do pedaço.
"Eu trouxe uma foto inacreditável da banda “Sofia Pop” há uns anos atrás, não fui quem tirou, mas é uma recordação quase surreal" - revela Jimmy Lage, estudante de Belas Artes.
Com ar de quarta-feira de cinzas, domingo dia 1º encerrou-se a edição desse grande evento. Mas sobra a certeza de que essa geração que se auto proclama todos os dias e faz se aparecer independentemente de apoio ou não está sendo o que toda geração merece ser: jovem e iluminada.
1 Comentários:
Esse evento vai ficar marcado na história. Woodstock no quintal da minha casa!
Ótimo texto Vitória! Orgulho Mode On!
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