Brilhou o "soul" da pátria

terça-feira, 6 de setembro de 2011

por Rodrigo Caetano e Pedro Felipe Araújo

Nessa última sexta-feira tivemos o 2º dia de Desfile Cívico na cidade de Nova Iguaçu e, como todo mundo sabe, esse desfile tradicionalmente leva grupos das escolas do município para as apresentações. Um dos destaques veio do bairro de Cabuçu: a banda “Soul Emanuel”. Apesar do nome não é uma banda de Soul Music e sim uma banda musical de desfile com direito a fardas, metais, percussão e até cheerleaders, aquelas meninas que animam o público tais como as líderes de torcida, tão conhecidas do modelo de banda americano.

Depois de uma apresentação enérgica com música e dança, fomos procurar o líder da banda para uma pequena entrevista. Chegando a concentração onde eles estavam, vimos à maioria dos jovens contando sobre a experiência da apresentação com brilho nos olhos e vontade de desfilar mais uma vez.

Vimos um homem, que era no mínimo 10 anos mais velho que os demais músicos, também de farda da banda, e perguntamos se ele poderia nos dar uma entrevista. E ele respondeu que nós deveríamos procurar o maestro que estava logo à frente, olhamos e não vimos mais nenhum adulto com a roupa da banda. Adentramos na garagem do ônibus que serviu também de concentração para a banda, a procura de um músico mais “experiente”. Quando de repente uma moça nos para e diz: “Aquele ali é o maestro!”.

Olhamos e vimos um rapaz de aproximadamente 24 anos, com uma aura séria, com o trombone numa mão e o quepe em outra. Começamos com as perguntas básicas: como começou e de onde eles são, como que se sente em participar do desfile cívico e etc. E o Maestro Rafael Rodrigues respondeu que a iniciativa veio dele, pois ele já teve uma banda de Soul com esse “Soul Emanuel” que era uma banda da igreja que frequenta.

O Jovem Maestro contou mais da banda falando que juntou crianças e jovens de diversas escolas, mas principalmente das escolas Yone Maria Siqueira de Andrade e do CIEP 395. Todos do bairro de Cabuçu. “Temos crianças aqui pequenas e também gente mais velha do que eu, temos hoje aqui por volta de 80 pessoas. Não trouxemos mais porque não cabia no ônibus, no total acho que são 120 pessoas.”, conta Rafael.

Os ensaios da banda para essa única apresentação começaram depois do Carnaval, e após o desfile os ensaios continuam, mas dessa vez para uma apresentação Natalina. Além da notória habilidade da banda, a música também se encaixa num importante aspecto social. O trabalho com os jovens é estimulante tanto para o professor quanto para os alunos e incentiva as crianças aos estudos.

O maestro Rafael relata que já conseguiu tirar crianças das drogas, trazendo elas pra música, além de melhorar nota e comportamento dos jovens músicos também na escola. O sucesso do trabalho também pode ser refletido em números. Em 2009, quando a Soul Emanuel começou, a banda tinha apenas 25 músicos. No ano seguinte, em 2010 já eram 75 e em 2011 já passam de 120. Agora a Soul Emanuel caminha com os olhos no futuro e já pensam em um curso preparatório para preparar jovens para concursos públicos voltados para este foco da música.

O maestro Rafael também sonha com uma municipalização da banda, mas até lá, continuam os ensaios e as apresentações que levam alegria e cultura por onde passam. Por que cultura é algo abrangente e está impregnado nas coisas mais simples, ainda que à primeira vista nós não possamos perceber.