Instrumento da democracia

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

por Mayara Freire e Raphael Teixeira


O teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro foi pequeno para os agentes culturais que participaram da Pré-Conferência de Cultura do Centro, no último sábado. Além dos representantes da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e do Conselho Municipal de Cultura, que estão conduzindo o processo, deram o ar de sua graça os participantes dos projetos contemplados com os três editais da cidade, que ia de funkeiros a produtores do Encontrarte, passando por promotores de festas caipiras e grupos defensores dos direitos homossexuais.

A abertura dos trabalhos ficou com o secretário adjunto Écio Salles, que destacou a importância da conferência e das políticas públicas municipais que investem na diversidade cultural de Nova Iguaçu. “Queremos superar os preconceitos do que é cultura. Contamos com a ajuda de todos para que possamos conseguir construir um cenário honroso na cidade”, disse.

O secretário adjunto usou o processo de construção das quadrilhas da festa de São João para explicar o democrático processo cultural instaurado na cidade desde a posse do escritor e cineasta Marcus Vinicius Faustini na SEMCTUR. “A quadrilha não é só em junho”, explicou. “É um processo que envolve o cotidiano e a comunidade. Por isso, se cada bairro da cidade puder ter sua participação, poderemos promover discussões, misturas e evidenciar diferentes manifestações culturais.”

Edílson Sampaio, que milita no Conselho Municipal de Cultura desde sua criação, em 2005, falou sobre a importância do Fundo Municipal de Cultura para os artistas da cidade. “Conseguimos executar R$ 300 mil para este ultimo edital”, comemorou. “Nossa meta agora é dobrar esta verba. Contamos com a ajuda de todos para alcançar novos editais. Queremos transformar o fundo municipal em um instrumento de democracia para atender ONGs e artistas.”

Grande mudança

Dados surpreendentes foram apresentados na Pré-Conferência do Centro, como por exemplo o fato de a cidade do Rio de Janeiro concentrar 90 por cento da verba investida em cultura. Para que a classe artística não fique eternamente mendigando migalhas, o presidente do Conselho Municipal de Cultura, o poeta Jorge Cardozo, está convocando a classe artística da cidade para se engajar no processo aberto pelo governo federal para redistribuir essas verbas. “Queremos desconcentrar os investimentos culturais, mas vamos ter que participar para que isso efetivamente ocorra. Estamos em um momento de grande mudança no país”, disse.

O presidente do Conselho Municipal lembrou as mudanças em curso na política cultural do governo Lindberg Farias, dentre as quais destacou a ampliação do conceito de editais de fomento à produção artística, que incluirão todos os atores culturais de Nova Iguaçu. “Queremos promover a cultura em todos os cantos da cidade, mas para que isso aconteça vamos ter que lutar para que 30 por cento das verbas da união venham para a Baixada.”

A pré-conferência do Centro foi a quinta de um processo que culminará com a III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu, nos dias 23 e 24 de outubro, no mesmo Espaço Cultural Sylvio Monteiro. O evento será também uma preparação para a I Conferência Estadual de Cultura do Rio de Janeiro e da II Conferência Nacional de Cultura, que serão realizadas no próximo ano.

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