por Larissa Leotério / Foto: Josy Antunes
Durante o breve horário de almoço aconteceu um encontro muito inusitado para os Jovens Pesquisadores e as duas jovens repórteres que estavam trabalhando o I Encontro Juvenil - As artes e as ciências para uma vida sustentável. O almoço foi na Escola Britânica, bem perto do Museu da Ciência da Terra. Houve um estranhamento por parte dos estudantes da Escola e eu conversei com funcionários e professores para entender o que acontece.
Coordenadora do departamento de História, a professora Euthália conta que esse relacionamento com pessoas de fora da escola é algo novo. “O que mais me chama a atenção é nossa falta de interação com o que está lá fora”, afirma a professora, que atribuiu a situação irreal à excessiva proteção dos pais.
A professora Euthália conta ainda que só quando saem da escola é que os alunos percebem que sempre viveram em uma redoma, cercados de seguranças e motoristas. A escola também participa ativamente na manutenção dessa redoma quando não abre espaço, por exemplo, para as bolsas estudo, para que outros alunos possam trazer diversidade ao espaço. “Reforça a homogeneidade”, explica.
Um dos raros momentos em que os alunos da Escola Britânica saem da redoma se dá com o trabalho feito pela antropóloga paulista Marcella Camargo, que, além de ser secretária adjunta da SEMCTUR, faz um trabalho voluntário dentro da instituição, colocando-os em contato com os jovens de algumas favelas da Zona Sul do Rio de Janeiro, principalmente os do Chapéu Mangueira. “É uma escolha da clientela que eles estejam com pessoas iguais a eles, da mesma classe e que mantenham o distanciamento do diferente”, resume a professora de História.
Os funcionários também percebem a distância social dos alunos da Escola Britânica, ainda que o achem normal. “A maioria nos trata bem, mas há aqueles que entram na nossa sala e sequer cumprimentam”, conta o inspetor Alexandre Ribeiro. Na opinião do inspetor, porém, os alunos se equivocam quando “acham que são sempre melhores”. “Acho que, quando a gente estuda, tem um conhecimento maior do que quem tem dinheiro. Eles não veem isso”.
Foram poucos os encontros sociais presenciados pelo inspetor nos três anos em que ele trabalha na Escola Britânica. Segundo Alexandre Ribeiro, a estranheza acontece porque eles veem o diferente como um perigo, uma ameaça. “Eles são muito protegidos pelos pais, andam muito com segurança, com carro blindado. Então, têm medo de tudo”, completa.
O ponto de vista do funcionário não encontra eco em todos os estudantes. “É maneiro pra caramba, misturar o povo”, conta um aluno da Britânico, que, no entanto, pediu para não ser identificado. Com apenas 17 anos, o estudante começou a vencer a barreira social por intermédio dos esportes e das viagens, durante as quais conhece pessoas novas e acabando com preconceitos. “Descobri que não faz diferença gente da Baixada ou da elite”.
Embora tenha descoberto que “a galera da favela é muito mais divertida” e tenha deixado de jogar seu tênis com os esnobes sócios do clube frequentado por seus pais, esse estudante se reconhece como uma minoria dentro da Escola Britânica. “A maioria não se mistura e não tem a cabeça muito aberta pras pessoas de fora do grupo deles”, afirma.
Embora tenha descoberto que “a galera da favela é muito mais divertida” e tenha deixado de jogar seu tênis com os esnobes sócios do clube frequentado por seus pais, esse estudante se reconhece como uma minoria dentro da Escola Britânica. “A maioria não se mistura e não tem a cabeça muito aberta pras pessoas de fora do grupo deles”, afirma.
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