Culminância com quibe e tapioca

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

por Mayara Freire


Na Escola Municipal Edna Umbelina, na Palhada, a festa de fim de ano, que aconteceu na última sexta-feira, foi uma alegria. As crianças do primeiro ao quinto ano mostraram satisfação ao espalhar pelos corredores da escola os trabalhos realizados durante todo o ano, baseados nos escritores Malba Tahan e Câmara Cascudo. Todos os ambientes estavam bem decorados: cartazes com contos e biografias dos autores, tapete com pinturas e folhagens, bem como os camelos e coelhos sempre presentes na obra desses autores que permitiram explorar a matemática e o português de forma dinâmica na rede municipal de Nova Iguaçu. Duas salas foram destinadas para mostrar o universo de cada autor. Separados em dois horários, de manhã e a tarde, 700 alunos puderam expor toda sua afeição com os contos, além do benefício que trouxeram ao ensino.

Segundo a mediadora Elizangela Fortunato, as crianças não apenas gostaram muito das histórias, como aumentaram o rendimento em uma matéria árida como matemática por intermédio das histórias do livro ‘O homem que calculava’, de Malba Tahan. “Trabalhamos a fração com a história de dividir pães”, conta ela, que coordenou a criação de brinquedos como boliche, dados e tabuleiros para facilitar o aprendizado. Mas não foram apenas as crianças que se encantaram com o imaginário árabe do autor, repleto de camelos atravessando a aridez dos desertos. “Me apaixonei pelas histórias”, confessa a mediadora, gratificada com o resultado final.

O que mais chamou a atenção foi a preparação para a peça preparada por eles e as monitoras. Um dos alunos representou Câmara Cascudo, o autor potiguar no qual se basearam as oficinas de português. Vestido com seu chapéu preto, paletó e calça, o aluno mostrou-se orgulhoso com a caracterização de seu personagem, enquanto as professoras e mediadoras o chamavam pelo nome do escritor pelos corredores. O conto escolhido foi “O homem e o Touro”. Inicialmente tímidos, fizeram uma apresentação no refeitório do colégio, enquanto centenas de crianças assistiam de maneira ávida. Apesar do improviso, a apresentação rendeu aplausos de todos os presentes. O dia da Consciência Negra também foi lembrado durante a culminância. Os alunos fizeram uma apresentação de dança com música baiana, e enquanto as meninas se agitavam alegres, os meninos ficaram encarregados de fazer sons com latas de leite.

Após o espetáculo, as crianças falaram que gostaram de tudo. “Gostamos muito de dançar e desenhar as histórias de Câmara Cascudo”, disse Tainá da Silva, de 8 anos. Eles disputavam para contar o que mais gostaram na festa produzida por eles. Uns falavam dos brinquedos feitos por eles, preparados com materiais reciclados; outros diziam sobre a peça, desenhos e pinturas. De acordo com a CPP Rosana Lopes, este ano foi diferente dos outros não apenas pelo uso de Câmara Cascudo e Malba Tahan nas oficinas, mas também pela mistura de várias crianças no mesmo horário. “Isso favoreceu a relação interpessoal deles”, conta a CPP. Rosana Lopes também destaca o fato de os alunos terem montado o mural com seus trabalhos dentro da escola, o que estimulou o interesse deles e os deixaram muito felizes.

O evento ainda contou com duas barracas de comidas, cada uma representando um autor. Na de Malba Tahan, havia cafta e quibe. Na do nordestino Câmara Cascudo, ofereceram tapioca.

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