por Tuany Rocha Santos
Na década de 60, após a guerra do Vietnã, nos Estados Unidos, surgiu um novo estilo de mobilização e contestação social: jovens de classe média passaram a defender ideias e a se comportar de maneira totalmente oposta a uma sociedade mecanicista. Era a Contracultura.
Um dos filhos da Contracultura foi o movimento hippie, cujos seguidores tinham como característica cabelos compridos, roupas coloridas, misticismo, drogas e seu próprio estilo de música.
Mas era só isso?
Para a surpresa do sistema, não...
O movimento hippie trazia no seu bojo uma nova maneira de pensar, modos diferentes de encarar e se relacionar com o mundo.
Os hippies adotavam um modo de vida comunitário, uma espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida nômade em comunhão com a natureza. “Paz e Amor” era o grito de “guerra” de uma geração que defendia a total liberdade de expressão e achava que a arte deve ser vivida e a vida transformada em arte.
O uso abusivo das drogas, principalmente o LSD, era uma maneira de se libertar das opressões sociais e políticas, “buscar a liberdade saindo da realidade”, o que acabava desviando as reais preocupações ideológicas para o vício.
Os hippies foram muito discriminados, principalmente por pessoas conservadoras e ricas, devido a este excessivo uso de drogas e também pela oposição ao capitalismo.
Os meios de comunicação fizeram com que o “Power Flower” (Poder das flores) ganhasse o mundo e fosse acolhido com entusiasmo pela juventude.
O hippismo foi tão revolucionário que mesmo com sua relativa queda nos anos 70 ainda é possível encontrar “remanescentes” do movimento.
Os atuais “hippies”, hoje conhecidos como “Malucos”, são divididos em categorias: o “micróbio” (mora nas ruas, é desencanado com a aparência e geralmente consome mais drogas que os demais), o “artesão” (vive da sua própria arte, faz tudo com originalidade, mas é ligado à família e tem moradia fixa) e o “BR” (que fica nas estradas pedindo carona e viajando pelo país). Mas resta a duvida: os ideais contestadores permanecem verdadeiros ou é apenas uma dificuldade de adaptação à sociedade atual?
O fato é que mesmo hoje a imagem hippie ainda se revela como uma forma de contestação, ou, se preferir, uma maneira ainda que caricata de se mostrar original.
Enfim, o movimento hippie foi e ainda é algo, no mínimo, inquietante para uma sociedade padronizada.
Antigos hippies:
“Paz e Amor”, “Aqui e Agora”, “É proibido proibir”...
Hippies atuais:
Itinerante...
Chayene – 18 anos
Largou o ensino médio para viver uma vida de “Maluca” e nesse momento está a caminho de Curitiba.
“Dinheiro eu não tenho, mas sei que vou rodar o Brasil durante um ano...”
Idealista...
Fininho – 30 anos
Vive com a mulher e o filho em uma praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Se meu filho quiser ser maluco, vai manguear (vender artesanato) nos intervalos da escola...”
Filósofo...
Marquinhos – 36 anos
Mora com a família em uma comunidade em Seropédica,e costuma expor na rodoviária de Campo Grande e na Lapa.
“Um pé na essência e outro cá na Babilônia e ainda assim de pé...”
Sobrevivente...
Saiu da casa da mãe em Pato Branco e hoje sobrevive da arte viajando pelo Brasil.
“Capricha neguinha que é self-service...”
“Desencaixado...”
Tom – 26 anos
Já fez curso de gastronomia, chegou a trabalhar em um restaurante, mas agora se sustenta vendendo blusas tie dye e artesanato em feiras hippies.
“Não consigo mais viver longe de um rio...”
4 Comentários:
Ficxou a tua cara. Belas linhas!
Bebel!!!
Adorei o texto. Seja bem vinda flor!
Belas linhas, ficou a tua cara [2]
quanta bobagem.
Beto
Ficou bem editado, bem formatado.... gostei do "perfil" da galera no final.
Abrahão.
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