por Luz Anna
Todos temos ouvido falar do Iguacine, mas o que pouca gente sabe é do trabalho que algumas pessoas que com suas participações mais que especiais tornaram possível esse momento para a cultura, para a arte de um modo geral: o professor e cineasta Raul Fernando trabalhou na comissão de seleção com Valquíria Ribeiro e Gabriela Campos tiveram que executar a difícil tarefa de selecionar os 45 curtas-metragens que serão exibidos na tarde do próximo sábado, num universo de 230 inscritos. Já o também professor e crítico de cinema Rodrigo Fonseca fez a curadoria dos longas nacionais que encerrarão cada uma das noites do festival.
O professor e cineasta Raul Fernando conta que ao longo de três finais de semana a comissão procurou usar critérios objetivos para selecionar obras de 18 estados do país. "Tínhamos que fazer uma seleção que de certo modo exemplificasse a multiplicidade da produção nacional", diz ele, que se formou em cinema pela Universidade Federal Fluminense. Em Nova Iguaçu desde que o hoje secretário municipal de Cultura Marcus Vinícius Faustini desembarcou na cidade para criar a Escola Livre de Cinema, a comissão também selecionou filmes "que pudessem mostrar os projetos sociais com características de produção com poucos investimento financeiros".
Um dos principais auxiliares de Marcus Vinicius Faustini na SEMCTUR, Raul Fernando acredita que seu trabalho em Nova Iguaçu corresponda a uma pós-graduação em produção cultural. "Trabalhar aqui, nas condições que eu trabalho, só me faz crescer", conta o cineasta.
Curadoria dos longas
Crítico de cinema do jornal O Globo, o carioca de Bonsucesso Rodrigo Fonseca fez a curadoria dos cinco longas exibidos a partir da noite de hoje usando os mesmos critérios que fazem dele uma das assinaturas mais exclusivas do jornalismo contemporâneo, sempre lembrando a infância no Morro do Adeus e o período que passou em uma universidade pública. "Teremos um leque de filmes, alguns inéditos, que no máximo circularam por outros festivais", conta Rodrigo Fonseca, cuja promixidade com Nova Iguaçu se deu pela Escola Livre de Cinema, da qual também é professor.
O filme escolhido para a noite de abertura é “Não se pode viver sem amor”, do chileno Jorge Durán, radicado no Brasil desde o início da sangrenta ditadura do general Pinochet, no final de 1973. "O filme é um olhar latino-americano sobre o Brasil", conta Rodrigo Fonseca.
O crítico do jornal O Globo, que está fazendo a curadoria do festival pelo segundo ano consecutivo, procurou filmes que podem ser enquadrados na categoria "autoral". Esse foi o caso do alternativo "A vida de balconista", do carioca Cavi, e de "Sonhos Roubados", da também carioca Sandra Werneck, ambos com uma temática jovem e urbana, altamente carioca. "Cinco vezes favela", um dos marcos inaugurais do Cinema Novo, foi escolhido para homenagear Cacá Diegues, produtor do "Cinco Vezes Favela Dois - Agora por eles mesmos", cuja narrativa se aproxima dos ideais da Escola Livre de Cinema. Esse critério foi usado mesmo em "Alô, alô, carnaval", um clássico da Cinédia dirigido por Adhemar Gonzaga. "Esse clássico da Cinédia não condiz com o chamado cinema de diretor, mas dá uma visão de um tipo de cinema que não se faz mais hoje no mesmo tomento que a gente estará discutindo uma oportunidade de criar um audiovisual efetivo e lucrativo", explica Rodrigo Fonseca.
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