Mostra nacional

quinta-feira, 15 de abril de 2010

por Tuany Rocha


E o Iguacine chegou à sua terceira edição prometendo repetir o sucesso dos anos anteriores. Uma das programações que mais vem criando expectativa é a mostra competitiva nacional, que acontecerá neste fim de semana, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, no Centro de Nova Iguaçu. A razão dessa ansiosa espera é a exibição das melhores produções contemporâneas de curtas-metragens selecionadas entre 203 inscritos para o festival.



Em meio a estas produções encontramos diretores renomados como Kleber Mendonça Filho, que está concorrendo aos R$ 2 mil com "Recife frio", seu nono curta metragem. O diretor pernambucano chega ao Iguacine depois de ter faturado o prêmio de melhor filme do Festival de Cinema Luso-brasileiro em Portugal, com um enredo intrigante: “Recife Frio” fala de uma estranha mudança climática que transforma a caliente cidade nordestina em um lugar de baixas temperaturas, narrando-a através de um documentário argentino sobre a estranha alteração climática.

O frio também é o tema de “65ºN”, filme no qual Lucas Gervilla mostra os aspectos de uma região desconhecida para a maioria das pessoas: uma cidadezinha, com 650 habitantes, chamada Skagaströnd na Islândia, mais especificamente a 65° de latitude norte. Daí o nome de sua produção, onde um brasileiro em meio ao inverno islandês pergunta por imagens e memórias.

Ganhador do segundo Iguacine com o curta metragem “Arquitetura do Corpo”, Marcos Pimentel desembarca no festival deste ano não com o corpo humano, mas com o corpo que o ser humano compõe. Em “Polis”, ele fala de um dia qualquer, em uma cidade comum. O horror e o sublime do urbano em constante transformação, numa era onde não há nada acabado, definitivo. Construção e destruição, sístole e diástole expressas na poética da pólis contemporânea.

Com “Confessionário”, Leonardo Sette falará do que povoa os pensamentos: seu filme traz o relato hipnotizante do missionário católico Silvano Sabatine ao relembrar sua chegada a Raposa do Sol, reserva indígena em Roraima, na década de 1950. Essa confissão emocionada faz com que, apenas com um plano seqüência de câmera fixa, prenda o público nos assuntos religiosos, políticos e pessoais vividos pelo padre italiano nesse período.

Outra história que deve marcar o publico é “Carreto”, de Cláudio Marques e Marília Hughes. Este delicado curta conta a amizade que brota entre duas crianças do Recôncavo Baiano: Tinho, menino de 12 anos que presta pequenos serviços na comunidade com seu carrinho de mão, e Stépanhie de 7 anos, que não pode andar devido a uma deficiência. “Esse encontro entre diferentes renderá uma boa surpresa”, diz Cláudio Marques.

Tratando de um assunto vivido por algumas famílias, e difícil de falar, Eduardo Kishimoto abordará uma visão diferente a respeito do mal de Alzheimer em seu curta “As Verdades Temporárias”. Ele começou a pensar no filme a partir das situações que viveu ao lado da tia, que adquiriu a doença. “Pensei num argumento onde o ponto de vista do filme fosse o dela, e não o nosso, onde o surreal pudesse criar leituras, e a anormalidade do olhar pudesse também gerar sanidade”, diz Eduardo Kishimoto, que começou a produzir este filme com o prêmio que ganhou no primeiro Iguacine, do qual foi vendedor. “Concederam a mim estímulo e continuidade para a minha carreira.”

Enfim, este é o Iguacine, uma multiplicidade de contextos em um momento que vale ser vivido. A gente se encontra lá.

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