por Hosana Souza
Quinze de abril de 2010. Manhã ensolarada, clima agradável. Duzentas crianças de uniforme azul e algumas agitadas professoras caminhando para o Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Não entendeu? É simples, o III Iguacine começou, e com tudo. As portas foram abertas e o primeiro evento do Iguacine foi a “Mostra Bairro Escola”, que nesta manhã reuniu quatro escolas do municipio. Outras 21 escolas participarão das 10 sessões programadas ao longo dos seis dias de festival.
“O dia está perfeito para assistir a um bom filme”, exclama animado Rodrigo Miranda, 12 anos, estudante da Escola Municipal Darcilio Ayres Raunheitti. “Eles estão muito agitados, mega ansiosos, até quem normalmente fica quieto está falando pelos cotovelos hoje”, conta a profesora Shayene Graça, que completa: “Mas tudo isso é muito importante. É preciso que elas entrem em contato com a cultura, com o cinema, sintam, vejam”.
A ideia de criar uma mostra voltada para as escolas municipais partiu de um grupo de professoras que participa de oficinas de capacitação aos sábados na Escola Livre de Cinema, cuja intenção desabrida é espalhar a ideologia do Reperiferia para toda a cidade. “Nós resolvemos disponibilizar para essas professoras e suas escolas alguns ônibus”, explica Anderson Barnabé, que conseguiu 24 ônibus. “Apenas uma escola de Seropédica virá por conta própria, mostrando, mais uma vez, como o Iguacine é importante, como ele é querido”.
Toda agitação foi substituída por olhos encantados dentro do teatro. Inaugurando a tela do Iguacine, foram exibidos quatro curtas produzidos por crianças que participam da oficinas do Bairro Escola na Escola Livre de Música Eletronica e na Escola Livre de Cinema. Os curtas foram baseados em quatro contos de Câmara Cascudo: “O Homem e a Onça”, “O Mendigo Rico”, “Mata Sete” e “O Homem Interesseiro”. E no fim da apresentação os calorosos aplausos somados a sorrisos.
Coordenados por Anderson Barnabé, representantes dos produtores dos curtas abrem um bate-papo e esclarecem as eventuais dúvidas. Wagner de Aguiar, 11 anos, Jonathan Lacerda, 14 anos e Wellington do Nascimento, 11 anos, esbanjam naturalidade ao explicar o processo de gravação e edição.
“Cada curta foi produzido por uma turma e foi bem complicado”, inicia Jonathan. “Primeiro nós trabalhamos palavras dos contos de forma solta, só dando significados. Depois conhecemos os contos, dividimos e montamos um roteiro. Nós fotografamos cada cena, deu muito trabalho. Nós arrumávamos a cena, batíamos a foto, jogavamos ela no computador e editávamos com o Photoshop”, explica Wagner. “Para fazer os quatro curtas, levamos sete meses”, completa Wellington.
O Iguacine é a oportunidade de muitas crianças conhecerem o cinema, e viajarem por esse universo. “Eu nunca vou esquecer, foi muito bom”, diz Larissa de Souza, 12 anos. “Foi a primeira vez que assisti a um filme em um cinema”, completa Lucas Carvalho, 11 anos. “Foi muito diferente do que eu imaginei, foi maravilhoso”, explica o estudante da Escola Municipal Darcilio Ayres Raunheitti, em Cabuçu.
E como cinema combina com pipoca e refrigerante, as crianças se divertem com a iguaria e a festa é encerrada com o grupo “Tapetes Contadores”, que encantam a todos com suas histórias cantadas a partir de um tapete quase mágico.
2 Comentários:
Linda reportagem...
Demonstra o lado mais simples do que é simples, mas que a falta de oportunidade e de ocasião transforma em privilégio...
Que graças ao IGUACINE dessa vez é nosso!!!
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