por Felipe Branco
Nova Iguaçu mostra que está se preparando para ser o grande pólo de cinema do Estado. Tal afirmação se justifica pelo sucesso da Escola Livre de Cinema, que no último dia 11 de junho recebeu 120 candidatos selecionados entre os 400 que fizeram uma prova escrita para as 40 vagas para o curso de "Linguagem Cinematográfica com Foco em Roteiro". Segundo o coordenador Anderson Barnabé, havia candidatos de várias regiões da Baixada e mesmo de outras áreas do estado, inclusive da Zona Sul do Rio de Janeiro. "Mas a maioria é de Nova Iguaçu e em especial do bairro de Miguel Couto, onde a ELC está instalada", frisou.
"As ações da escola partem do princípio do território", explica ele. Explica-se assim a presença de um trecho do livro “Guia Afetivo da Periferia”, escrito pelo idealizador da Escola Livre de Cinema e ex-secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, Marcus Vinícius Faustini. O livro fala sobre a juventude de Faustini nos subúrbios do Rio, bem de acordo com o tal “princípio do território”. As ações da escola são voltadas principalmente para a região do bairro de Miguel Couto, com oficinas para crianças em conjunto com projetos do Bairro-Escola. Uma prova disse é a metodologia do autorretrato usada esse ano pela escola. "Nesse autorretrato não tem imagens das crianças, mas o território delas, como elas percebem o mundo, como elas interagem com o mundo", explica Barnabé, para quem é a da narrativa do universo a que a criança pertence que ela começa a perceber e criar imagem de como ela é.
O coordenador não se surpreendeu com a grande procura pela Escola, que ele entende como um resultado natural da visibilidade que a Escola Livre de Cinema ganhou com seus últimos trabalhos. Além disso, o projeto tem como divulgadores alunos e ex-alunos, que ajudaram a criar um "espírito" para a casa vermelha de Miguel Couto. "Nós também contamos com a divulgação de parceiros como a rede de pontinhos de cultura, o Enraizados, o Observatório de Favelas e o Cisane", acrescenta Barnabé.
Também contribuiu para a revoada de interessados na Escola Livre de Cinema o surgimento de tecnologias acessíveis ao comum dos mortais. "O maior acesso aos meios de produção foi um dos fatores que tornaram possível uma escola de cinema de periferia, pois hoje um vídeo feito com câmera de telefone celular pode disputar grandes festivais", acredita Barnabé.
Uma prova da democratização da produção audiovisual está na última edição do Iguacine, cujos filmes selecionados mostraram que é possível fazer produções "simples" ou com baixo orçamento. "O Iguacine serviu para impulsionar essa galera que encontrava dificuldade, e hoje busca novos meios de se manter na cena do audiovisual", acredita o coordenador.
Outra hipótese aventada por Anderson Barnabé para explicar o número de matrículas foi o recente surgimento de uma cena cineclubística tanto em Nova Iguaçu quanto na Baixada. "Além de realizaram interessantes produções, nossos alunos criaram cineclubes de relevância na cidade como o Cineclube Digital, contribuindo para a formação de novos públicos", afirma.
A terceira e última fase do concurso será no próximo sábado. Boa sorte.
400 contra 1
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Marcadores: Bairro-Escola, Felipe Branco
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