Construindo ponto a ponto

quinta-feira, 24 de junho de 2010

por Josy Antunes

Noite de quarta-feira no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Enquanto o teatro estava prestes a receber o público para a peça Orirê, dirigida por Gustavo Mello; e, numa das salas do andar superior, candidatas do concurso Miss Baixada se reuniam; o gestor cultural Egeu Laus recepcionava representantes de Pontos e Pontinhos de Cultura da Baixada Fluminense. “Reunião da Teia Baixada? Assine seu nome, bote seu e-mail e vá chegando!”, dizia, apontando para as folhas de presença dispostas sobre uma mesa, logo na entrada da pequena sala. Os mesmos documentos, catalogados numa pasta de papel, confirmam que os encontros são realizados a cada quarta-feira, há dois meses. Com a imagem acima projetada numa das paredes brancas, a reunião foi iniciada. Trajando uma camisa do Coletivo Anti Cinema, Egeu contextualizou os passos já traçados, a fim de informar aqueles que pela primeira vez se inseriam nas discussões.

Como “previsto” na matéria publicada em nosso blog no dia 06 de abril, a Teia Brasil – um encontro nacional de Pontos de Cultura – não se findou no dia de seu encerramento: dia 31 de março, em Fortaleza, Ceará. Os encontros, articulações e trocas de e-mails se mantiveram. E o planejamento é para que a Teia Baixada 2010 seja realizada nos dias 09 e 10 de setembro, no Sesc de Nova Iguaçu. “A gente continua só na intenção”, alertou Egeu, explicando sobre a situação de expectativa pela qual estão passando. Para a realização do grande encontro, o grupo já conta com o apoio da prefeita Sheyla Gama, que colaborou redigindo uma carta a ser entregue ao presidente regional do SESC, solicitando a cessão do espaço. “A carta já foi entregue. A gente ainda não tem o ‘ok’ do SESC. Como a gente não pode esperar muito, a gente está construindo”, explicou Egeu, complementando: “A gente está solicitando duas quadras inteiras: é coisa que não acaba mais. E aí, a idéia é que cada município tenha uma repartição, e ali dentro todos os Pontos de Cultura possam mostrar as suas ações, exposições, botar uma televisão passando vídeos...”, disse, quase fazendo uma planta baixa verbal da disposição das atividades.

Presentes para a reunião estavam representantes de 7 Pontos e Pontinhos, oriundos de diversos municípios da Baixada, além de Marcelo França, que representava a parceria com o Fotoclube Foto Baixada. Em sua apresentação, Lu do Rio, representante da Liga de Ouro de Duque de Caxias, frisou: “Pra mim já está sendo fantástico. Além das reuniões que já aconteciam dos Pontinhos de Cultura nas segundas, agora tem mais um ponto de encontro pra toda Baixada. Ainda que todo mundo não venha a se encontrar todas as semanas, os Pontos de Cultura da Baixada estão mais articulados e isso pra mim já é um grande avanço”, disse, ressaltando a rotatividade com que os representantes comparecem nas reuniões: a cada semana, novos Pontos surgem.

Uma das tarefas iniciais no processo de pré-produção do Teia Baixada é justamente o cadastro e localização dos Pontos e Pontinhos, que compõem uma lista de 55. Num trabalho exaustivo, Egeu e sua assistente Luz Anna enviam e re-enviam convites, por telefone ou via e-mail. “O mapeamento vai ser feito na própria Teia, a gente está fazendo um cadastro”, diferenciou Egeu. Para o cadastro, as seguintes questões foram formuladas, com o intuito de já serem iniciados os planejamentos das apresentações e debates que serão realizados: “Quem somos e o que fazemos?”, “O que queremos discutir?”, “O que nos falta?”, “O que podemos mostrar?”.

Independente da tão aguardada resposta do SESC, algumas decisões já foram tomadas: diferente do formado da Teia nacional, a Teia Baixada terá grande envolvimento da comunidade local – o bairro Moquetá. “A idéia é levar a Escola de Pesquisa de Nova Iguaçu para pesquisar o que é o Moquetá e o que é que tem lá de expressões artísticas, levar os jovens repórteres para fazer matérias sobre Moquetá e levar o FotoBaixada para fazer um grande ensaio fotográfico sobre o local”, demonstra Egeu, concluindo: “Queremos trazer o entorno para o projeto. De alguma maneira é o que os Pontos de Cultura tentam fazer”, compara ele, sobre as 15 mil pessoas, distribuídas entre os 12 municípios da Baixada que são atendidas pelos Pontos e Pontinhos. Os resultados das 3 ações citadas serão expostas durante o evento, além da convocação para participação dos debates e para a formação de público nos shows e apresentações.

Na noite de ontem, alguns dos representantes se comprometeram a levantar nomes de empresas que possivelmente possam se interessar em formar parceria com o projeto, no sentido de contribuição com transporte e alimentação, por exemplo. O dead line para o levantamento termina na próxima quarta-feira, quando o passo seguinte será definido.

“A Teia Baixada 2010 constará de mostras, exposições, debates, oficinas culturais, reuniões participativas, mini-shows e apresentações artísticas variadas... Será um momento por excelência para integração e articulação, comunicação e compartilhamento de informações e conhecimentos...”, anuncia, orgulhosamente, o trecho do documento redigido por Egeu Laus, que fora entregue ao presidente regional do SESC – juntamente com a apresentação da prefeita – e compartilhado para leitura durante a reunião. "A gente está pensando bem macro", idealiza ele.

Matéria relacionada: "Nova Iguaçu na Teia"

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