por Marcelle Abreu e Tony Prado
Numa demonstração fiel à imagem da rotina de adolescentes nas comunidades do Rio de Janeiro, o longa “Sonhos Roubados” realmente “roubou” a atenção dos espectadores do III IGUACINE, dramatizando a história de três jovens em suas complexas vidas, sob a direção de Sandra Werneck, deixando a todos, espectadores e cooperadores, deslumbrados com o filme.
Saindo completamente do clichê pobreza, violência e sexo, "Sonhos Roubados" apresenta um ponto de vista mais feminino, sensibilizando e focalizando o drama das jovens. “Foi maravilhoso mesmo com o tema triste. Foi feito por meninas e dirigido por meninas. Tem toda uma sensibilidade”, comenta Amanda Diniz, atriz do longa. E realmente foi necessário muitos toques femininos, já que as mulheres são as maiores vítimas da violência e da prostituição. “O mais difícil em fazer o filme foi saber que é uma realidade. Eu sofri não em fazer e sim em ter mais conhecimento, saber que realmente acontece isso”, declarou Amanda.
Além da dura realidade enfrentada pelas jovens, alguns fatos foram chocantes até para as atrizes. Interpretar um tema como o abuso sexual traz a verdade das ruas encoberta pela sociedade, porém, ainda há uma violência mais sutil, porém muito mais traumática: a violência sexual familiar. “O filme tem um lado bom e o lado ruim. O lado bom é que ele mostra uma solução para o problema para cada uma daquelas meninas. E o pior de lidar é ter que transar com um cara mais velho, mas Amanda teve toda uma preparação pra saber a hora de ser ela mesma e a hora de ser a personagem. O mais difícil mesmo é saber que existem meninas mais novas e até mais velhas que estão passando por isso”, diz a atriz, que interpreta uma adolescente que é abusada pelo próprio tio.
O longa, muito embora discuta questões femininas, sensibilizou os homens ao demonstrar a tragédia emocional e social ocorrida com as mulheres na favela, incluindo o ator Guilherme Duarte. “Foi muito prazeroso, pois aborda um tema que é difícil, delicado, e mostrou uma visão diferente dos filmes feitos em favelas, mostrou uma visão feminina. O longa foi baseado em depoimentos de meninas que vivem essa realidade”, declarou Guilherme na entrevista para o Cultura NI, lembrando ainda como é a dificuldade de atuar num papel que precisa demonstrar tanto ódio. “Sempre saía da preparação com uma energia muito pesada e como as gravações eram feitas no Dona Marta, saia de lá e ia andando ate o Leblon, andava a Lagoa inteira pra por pra fora essa sensação e ainda ia na praia dar um mergulho”.
Mesmo com todo esse tormento, os atores e diretores de "Sonhos Roubados" trouxeram toda a força desse chamado social voltado para esta realidade de humilhação da mulher, fazendo com que a sociedade, através dos telespectadores possam refletir mais sobre o dia-a-dia dessas meninas que são capazes de tudo para tentar ter uma vida digna. Os próprios personagens, como Daiana, mostram a dificuldade da vida de prostituição e do sonho de progresso para uma vida melhor.
Tanto o público que assistiu ao espetáculo como a equipe do longa consideraram o IGUACINE ideal para propagar a ideia de que as mulheres precisam e devem ser respeitadas, que não devem ter medo de batalhar por melhores objetivos e terem uma vida mais digna, como também podem sempre escolher um outro caminho para poder desistir da prostituição como opção de vida.
0 Comentários:
Postar um comentário