por Dine Estela
A instantaneidade e a qualidade do áudio não são as únicas novidades. Com o advento da era digital, o ouvinte pode ver, ouvir e ler as informações sobre a música que está sendo executada em tempo real sem as interferências do sistema analógico do AM e FM, além de obter informações personalizadas sobre trânsito e meteorologia. A qualidade do áudio se equipara ao melhor som de CD, atendendo aos ouvintes mais exigentes da música clássica. O rádio digital também permitirá a transmissão de vários programas para públicos distintos pelo sistema broadcasting.
O Rádio Digital de que estamos falando nada mais é do que a digitalização das ondas hertzianas para a internet1, mas seu impacto sobre a radiodifusão, principalmente a comunitária, é no mínimo reanimadora, posto que retira estas rádios dos limites da lei que restringe as transmissões do raio de 1km para o mundo. Hoje já se pode ouvir uma rádio comunitária até de outro país com qualidade de áudio através da internet. Ainda há localidades que o sinal de FM chega tão ruim que somente através da internet é possível ouvir a programação de algumas rádios que já se digitalizaram, tanto comerciais como comunitárias, vide o caso da rádio comunitária Novos Rumos FM, Band, CBN entre outras.
Toda essa transição é muito empolgante, mas há uma corrente crítica de pensamento e até certo ponto conservadora que preza pela essência do rádio como amigo de todas as horas. Que não te reprime nem limita seus passos e olhares. Como fica este público acostumado a ter as informações sem precisar parar de fazer algo? Vai perder o companheiro do dia-a-dia, nos afazeres domésticos, trânsito, trabalho etc?
Sebastião Santos, fundador da primeira rádio comunitária do Brasil, se preocupa com a infinidade de rádios individuais e fala do poder da era digital. “A digitalização cria imensas possibilidades, mas ainda não é suficiente para atender a uma demanda reprimida. Fico imaginando se cada pessoa que tem direito a se expressar, quisesse colocar uma rádio no ar ou seja, programar músicas, notícias, até locutores apresentadores.” Tião está preocupado com uma rádio plural e não individual, o que novamente nos remete à teoria da comunicação interplanetária de Landell como mais uma ferramenta de democratização da comunicação que faça frente a comunicação para as massas em função de uma comunicação feita pelas massas.
PossibilidadesO Digital Audio Broadcasting-DAB, também conhecido como Eureka, sistema de transmissão radiofônica, já implantado na Europa e nos Estados Unidos, permite que cada internauta possa ter uma emissora de rádio personalizada, evidenciando o caráter comunitário e democrático de comunicação e expressão. Mas “nem tudo são flores” e já existem experiências não muito satisfatórias quanto às novas tecnologias em teste no mundo.
Dependendo da localidade e suas particularidades geográficas, a conexão via cabo oferece melhores resultados, mas ainda é muito cara para os padrões da classe média. Para ter uma conexão de 146kbps, por exemplo, o usuário tem de pagar uma taxa que gira em torno dos R$ 80. Como esta conexão não dá para fazer muita coisa, mas pelo menos ouvir uma rádio é possível. Poderão acontecer algumas interrupções na transmissão se a taxa de transferência aumentar, mas nada que não possa ser resolvido com um pouco de paciência. Logo, o internauta terá de ficar atendo com o envio e recebimento de dados enquanto ouve alguma programação. Claro que neste campo também já existem os famosos gatos, e o “gatovelox” é um dos mais usados em regiões de periferia em que os serviços oficiais demoram a chegar e quando chegam encarecem por conta da distância, entre outros fatores políticos, claro.
Também já está sendo bem utilizada a transmissão via rádio (satélite), a famosa conexão “CAI”. CAI quando chove, CAI quando faz sol, CAI quando o tempo fica nublado, quando venta muito, enfim. Cai por qualquer motivo. O valor para a instalação consegue ser ainda mais alto por conta dos equipamentos. O usuário precisa instalar uma pequena antena em cima de sua residência e ainda comprar um roteador. Este aparelho fica acoplado à antena e permite a ligação de vários computadores na mesma conexão sem aumentar os custos, além dos cabos até o computador. O serviço custa em torno dos R$ 300. A mensalidade mínima é de R$ 50 por uma conexão de 148kbps, nunca chega a 1 mega.
A conexão por 3G via minimodem também tem sido muito utilizada nestas localidades mais distantes, principalmente na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro. Existem operadoras de telefonia móvel que cobram apenas R$0,50 por dia de uso para uma conexão que não passa de 200kbps. Esta também depende muito da meteorologia. Se o tempo nublar, já era. A conexão fica impraticável. Mesmo com sinal, o aparelho celular não consegue conexão. Para quem tem um computador ou laptop, com este chip da operadora é possível baixar um discador próprio e utilizar a conexão através de um mini medem. A conexão permite assistir vídeos, ouvir rádio, abrir vários sites, bater papo, tudo ao mesmo tempo. Algo realmente bem difícil mas acontece. O mais caro desta conexão é o medem que custa em torno de R$150. Valor que para a classe média baixa é muito elevado.
Não podemos esquecer a famosa conexão discada que ainda insiste em ser utilizada em alguns lugares que ainda tem telefone cabeado, outra raridade, visto que as operadoras de telefonia andam se recusando a instalar este tipo de aparelho fixo, na tentativa de migrar para o padrão digital. Os novos telefones não oferecem internet e as interferências ainda são muitas. Hoje já é possível você ligar para a residência de uma pessoa e ouvir a mensagem de que a pessoa está fora de área de cobertura.
Com os novos telefones celulares oferecendo conexão “rápida” principalmente os jovens tem aderido muito a essa nova tecnologia. No entanto, as LAN house3, ainda são a melhor pedida em localidades muito pobres e distantes dos grandes centros urbanos. Como muitos não tem computador em casa, a saída é procurar estes locais não somente como uma forma de inclusão digital mas como uma das poucas formas de lazer seguro.
Feijão e cabelo
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Marcadores: Dine Estela, Mainstream
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 Comentários:
Não entendi o título???
Cabelo no feijão é nojento mesmo...Esta comparação então serve para o meu texto?
Postar um comentário