Bons filhos à casa retornam

sexta-feira, 16 de abril de 2010

por Josy Antunes


Em 19 de agosto de 2009, o jovemreporter.blogspot publicou uma matéria que começava com a seguinte frase: “Está em processo de edição um curta-metragem que promete revolucionar a filmografia de Nova Iguaçu”. O texto descrevia a produção do curta-metragem “O que vai ser?”, cuja equipe era majoritariamente formada por ex-alunos da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu.

Oito meses depois, “O que vai ser?” se encontra entre os seis filmes que competirão essa noite, às 18 horas, na Mostra Competitiva Baixada, no III Iguacine. Em entrevista, o diretor e roteirista da obra, Getulio Ribeiro, e o estudante de cinema que atuou no curta, Vitor Lopes, falam sobre a exibição no festival e sobre a trajetória percorrida pelo antigo “grupo de amigos” que se tornou uma equipe de produção cinematográgica:


Cultura NI: A exibição do curta no Iguacine pode ser visto como um "ciclo" que se completa. A maior parte da equipe se conheceu na ELC, saiu e passou a fazer seus trajetos por conta própria. Produziram juntos e agora "retornam à casa", exibindo no Festival de Cinema de Nova Iguaçu. Vocês enxergam “a coisa” por esse ângulo?

Getulio Ribeiro: Acho muito interessante como essas coisas acontecem, nunca
havia pensado dessa maneira. É legal demais ver que nós que fomos da
Escola de Cinema, saímos de lá, produzimos, tocamos nossa vida e um
ano depois voltamos com algo para mostrar e provando que pelo menos
fizemos algo bom o suficiente para estar entre os seis melhores curtas da
Baixada.

Vitor Lopes: É muito bom ver que nosso filme foi selecionado para o festival da nossa própria cidade, e podemos sim ver essa história como um ciclo: de tudo o que nós sabemos sobre a arte de fazer filmes, acho que a maioria de nós aprendeu praticamente tudo na ELC. Depois de cada um ter seguido para uma direção diferente, a gente se reuniu novamente em Nova Iguaçu para realizar o filme, que tem 75% de suas locações na cidade. E o primeiro festival para o qual o filme foi selecionado é justamente o Iguacine. Foi tudo perfeito. Mas sem dúvida a gente foi selecionada para o festival não por termos sido da ELC, e sim porque nós conseguimos alcançar uma boa qualidade na nossa produção. O que nós aprendemos durante a ELC, mais as experiências que cada um teve em projetos pessoais, foi essencial para o nosso sucesso.

Cultura NI: Quais foram os membros da equipe que estudaram na ELC? Além de vocês, o que eles estão fazendo hoje em relação a cinema? (Vitor está no 3º período de Comunicação Social com habilitação em cinema na PUC e Getulio ministra aulas no projeto Cine Celular, do Laboratório Cultural.) E quais são aqueles que "se iniciaram" no cinema na ELC?

Vitor: Acho que todos, tirando a Bia(Pimenta, que trabalha na produtora Cavídeo). E eu estou coordenando um concurso de roteiros da PUC.

A Elaine é coordenadora de um projeto do Laboratório Cítrico que leva literatura de forma audiovisual para alunos da rede pública municipal, projeto este financiado pelo programa de Pontinhos da Prefeitura.

Eu, Getulio e Elaine fazemos parte da equipe do Buraco do Getúlio.

Desiré está se especializando em direção de arte, e faz parte do Cineclube Digital. Brunna terminou a faculdade de produção cultural, faz parte do Digital (como produtora) e está produzindo um filme que foi selecionado pelo Fundo Municipal de Cultura de NI.

Jimy está fazendo faculdade de cinema na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, e é um dos oficineiros do projeto que a Elaine coordena.


Cultura NI: Quando vocês produziram o "O que vai ser?", já havia intenção de inscrição no Iguacine? É a primeira vez que vocês exibirão, de forma geral, algo lá?

Getulio: O filme foi produzido em Agosto de 2009 e realmente já
havia essa intenção de inscrever em festivais, principalmente no
Iguacine, por ser um festival da cidade onde praticamente todos da
equipe moram. É a segunda vez que participo. A primeira foi como diretor de
fotografia de um documentário chamado "Bororó", que foi o primeiro curta que
participei e foi exibido na primeira edição do festival.

Vitor: Já na pré-produção, a gente já tinha uma lista do que seria feito com o filme após sua finalização. A gente inclusive usou essa informação no projeto que apresentamos a algumas empresas, buscando patrocínio/apoio. Desde o inicio, a gente pensava em o que fazer com o filme. A nossa vontade era disponibilizá-lo na internet, para que todas as pessoas pudessem ver nosso trabalho, mas isso poderia causar problemas quando fôssemos enviar o filme para os festivais. Então a gente decidiu que só colocaria o filme na rede depois de dois anos dele pronto, para que pudéssemos enviá-lo ao maior número possível de festivais.

E o Iguacine era, sem dúvidas, um dos principais festivais que a gente tinha em mente para enviar nosso trabalho. Primeiro, porque ele é realizado por pessoas que nos conhecem, que sabem que nós realmente nos esforçamos para chegar ao ponto que chegamos e que todos nós apoiamos o fomento a cultura da cidade. Segundo por ser próximo a nossas casas, o que permite que todos os nossos familiares e amigos possam assistir ao filme num ambiente diferenciado. Assistir o filme em DVD, na sua casa, nunca será igual a assistí-lo num festival.

Cultura NI: Como estão sendo as mobilizações de divulgação, já que vocês também concorrerão ao voto por júri popular? Já existe uma estimativa de pessoas que comparecerão por vocês?

Vitor: Assim que soubemos a data da exibição da Competição Baixada, nós já avisamos primeiramente aos nossos familiares e amigos mais próximos. A equipe lançou o movimento “O Que Vai Ser?” no site de relacionamentos Orkut, que consiste simplesmente em colocar o pôster do filme como imagem de exibição do seu perfil no site. A mobilização começou com sete integrantes da equipe e hoje já passa de 90 pessoas o número de pessoas que apoiam o movimento. Estimativa?! Meio difícil. A gente esperava que cada integrante da equipe levasse no mínimo 10 pessoas, entre amigos e parentes. Mas depois da campanha na internet, e com o Getúlio na capa do caderno Baixada do jornal o Globo no último sábado, acho que a gente vai conseguir levar um número interessante de pessoas ao festival. YES!

Getulio: Foi muito interessante essa fase “pré-festival”.

Cultura NI: Vocês concorrerão a prêmios em dinheiro. Pretendem investir em outras produções caso ganhem?

Getulio: Eu pretendo guardar essa grana para comprar minha câmera
fotográfica profissional, o que não deixa de ser investimento para
próximas produções, pois quero começar a filmar com câmeras
fotográficas profissionais. Porém, há um projeto chamado "Fada Verde"
que quero muito realizar este ano e com essa grana poderia rodá-lo
mais facilmente.

Vitor: Assim que nós começamos a enviar o filme aos festivais, nós reunimos todos da equipe para decidir o que fazer com possíveis premiações. Decidimos, primeiramente, devolver o valor que cada um desembolsou para pagar o empréstimo que fizemos para realizar o filme, no total de R$475. O restante, dividiremos igualmente entre os integrantes, mas já temos a intenção de comprar um tripé e um spot de iluminação para futures produções. Quem sabe, caso a gente ganhe um festival que dê uma grande quantidade em dinheiro como prêmio, talvez a gente possa comprar até mesmo uma câmera, o que facilitaria absurdamente nossos projetos.

Cultura NI: Getulio, além do seu filme ser projetado, você mostrará seu trabalho como fotógrafo na exposição do fotoclube FotoBaixada. Conta sobre essa exposição e sobre seu lado "multitarefa" em termos de artes visuais.

Getulio: Achei fantástico a ideia da exposição, foi a
oportunidade que precisava para expor uma foto que é muito importante
para minha vida: poder homenagear minha avó em uma imagem que acho tão
bonita e ter pessoas do Brasil todo vendo-a exposta é muito
gratificante. A "multitarefa"(risos) vem desde criança. Comecei com
desenhos, na adolescência entrei no mundo da música e hoje tento focar
profissionalmente o cinema e a fotografia. E no momento me encontro
feliz com os resultados.

Cultura NI: Vitor, foi a primeira vez que você atuou num filme? Como aconteceu o convite para que você atuasse em "O que vai ser?"?

Vitor: Bem, eu comecei atuando em peças na igreja e na escola, ainda quando criança. Aos 15, eu fiz um curso de teatro no SESC de NI, e apresentamos uma peça na Igreja de Santo Antônio e no teatro do próprio SESC. Depois disso, nunca mais atuei, até que, em 2008, ocorreu a oficina de cinema Cine Tela Brasil, na própria Escola Livre de Cinema. Durantes os oito dias de oficina, tínhamos muitos exercícios com câmera, roteiro, e tudo mais, e eu geralmente era o “ator cobaia” do meu grupo (risos). Foi a primeira vez que o Getúlio viu meu trabalho como ator, e isso pode tê-lo influenciado um pouco na escolha para o filme. Além disso, ele tinha todo um conceito sobre a estética do filme, e ele disse que eu me encaixaria perfeitamente no papel, se eu conseguisse controlar meus trejeitos. Bem, até que no final todos ficamos satisfeitos.



Para rever a matéria sobre a produção do curta “O que vai ser?”, acesse: http://jovemreporter.blogspot.com/2009/08/alem-dos-muros-vermelhos.html

Para rever a matéria sobre a produção do curta “O que vai ser?”, acesse: http://jovemreporter.blogspot.com/2009/08/alem-dos-muros-vermelhos.html



A ficha técnica e sinopse do filme podem ser conferidos abaixo:

Direção: Getulio Ribeiro

Roteiro: Getúlio Ribeiro

Produção: Elayne Cristina e Brunna Sanches

Produção Executiva: Vitor Lopes

Dir.Fotografia: Getulio Ribeiro

Montagem: Jimy Lage / Getúlio Ribeiro

Trilha Sonora: Wallace Valadão

Editor de Som: Wallace Valadão

Direção de Arte: Bia Pimenta

Figurino: Elena de Andrade

Animação: Getulio Ribeiro e Desire Taconi

Continuista: Adalberto Taconi

Ator: Vitor Lopes



Sinopse:

O jovem Pierre mergulha em seus pensamentos quando acorda às 3h29min da manhã ao tentar tomar uma importante decisão: ter o trabalho de levantar para beber água e correr o risco de levantar novamente para ir ao banheiro urinar.

1 Comentários:

Wanderson Duke disse...

a-ha. Já vi o curta. Foi exibido no "digital", certo?

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI