por Wanderson Duke Ramalho
Trupe dos órfãos
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Marcadores: Baixada, Wanderson Duke
Rua da Cultura
por Fernando Teixeira
Marcadores: Bairro-Escola, Fernando Fonseca
Fronteiras da eternidade
“Ninguém assistiu ao formidável enterro de sua quimera; somente ingratidão, essa pantera, foi sua companheira inseparável”. Com esse trecho de Versos Íntimos do poeta simbolista brasileiro Augusto dos Anjos, cujo trecho é um dos três títulos de que se tem notícia para o mesmo filme, é narrado por Glauber Rocha sobre o primeiro plano do filme Di. O plano em questão é um travelling em direção à direita de carro pelas avenidas do aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, e convida o espectador a ir junto com o cineasta ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro para o velório do pintor Di Cavalcanti, onde se passa uma das cinco locações totais do curta-metragem. Em contraposição ao primeiro plano, é feito um travelling em direção à esquerda sobre o caixão coberto por rosas vermelhas, onde repousa o corpo do pintor, para a câmera finalmente fixar no rosto de Di Cavalcanti, que tem em sua face um aspecto risonho e tranquilo. Já na junção desses dois primeiros planos é anunciada a intenção do filme, que tem a morte contemplada com outro olhar como temática, não só creditada à feição do pintor, pouco comum e obviamente livre da intervenção do realizador, mas também explicitada pelo movimento de câmera contrário ao anterior, na busca de um caminho inverso ao tratamento que é dispensado ao ritual fúnebre e também o registro desse tipo de cerimônia. Não obstante, a própria documentação audiovisual carrega um tom pitoresco no tipo de retratação da morte; um tabu, e é isso que Glauber Rocha parece pretender não só com a montagem, mas com todos os outros elementos constitutivos do filme. Ele realmente quer homenagear o pintor Di Cavalcanti, mas também quebrar esse tabu.
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