Todos por um!

sábado, 31 de outubro de 2009

por Josy Antunes

Eles estiveram presentes nas sete pré-conferências de cultura, de forma constante e participativa. Munidos de papéis, canetas e gravadores, não deixaram que sequer um ator social fosse embora sem passar por seus registros. Parte do resultado pôde ser conferido na abertura da III Conferência Municipal de Cultura, num vídeo apresentado no telão do teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, onde mais de 100 pessoas puderam se reconhecer nas fotos, frases e perfis exibidos.

Quem acompanha de perto os frutos da inserção da juventude na Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu, já identifica que o trabalho provém de um grupo diferente dos jovens repórteres, que alimentam o conteúdo do blog Cultura NI: são os pesquisadores. O grupo, atualmente com cerca de 30 membros, desdobrou-se para que cada participante dos encontros pelos sete bairros fossem identificados, sob a orientação da antropóloga Marcella Camargo.

Reinação pré-modernista

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

por Lívia Pereira


Quem, ainda hoje, passa por beiras de estrada de terra e vê casinhas brancas de varanda na frente e vovó na cadeira de balanço, não escapa da história atemporal de Monteiro Lobato.

Não é difícil, por exemplo, encontrar no trabalho, na escola, ou até mesmo no trânsito, um "cara de coruja". Mas há quem diga que pode ser ainda pior se você encontra um "cara de corujíssima seca" atravancando seu caminho.

Monteiro Lobato, nascido em Taubaté, no Vale do Paraíba paulista, perdeu sua nacionalidade territorial e passou à mundial através de suas obras. Aproximou-nos de questões reais como o campo, a imaginação, a universalidade das histórias. Enquanto a maioria dos escritores da época falava sobre natureza tocando os pés na cidade, Monteiro Lobato pisava a terra para depois escrevê-la.

Sugestões esporrantes

por Michele Ribeiro


O Grupo Cultural Cochicho na Coxia estreia amanhã a temporada de três sábados do espetáculo Gripe do Riso, no Centro Cultural Oscar Romero. Dirigido por Renato Penco e Thaissa Vasconcellos, um grupo de cinco adolescentes leva para o palco, sempre às 20h, cenas improvisadas a partir do que viram na internet do grupo Z.E., a mais nova sensação do humor carioca. “Tudo começou quando vimos o vídeo do Zenas Emprovisadas na internet”, conta Marcos Rossi, 16 anos, um dos humoristas da peça.

As gargalhadas com o que viram na internet estimularam o grupo de amigos a improvisar eles próprios suas situações de amor. “Os amigos da escola gostaram das nossas cenas e resolvemos levar nossas brincadeiras para um teatro de verdade”, conta o mesmo Marcos Rossi, para quem é gratificante ver a plateia rindo.

Café com riso

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

por Robert Tavares


Circo e cidades - Entre a rua e o picadeiro - este foi o tema do penúltimo Café filosófico do ano, realizado ontem à noite, no Café Viaduto, embaixo do viaduto de Mesquita, no setor BF. Ele faz parte de um projeto da ong FASE, que já passou por diversos lugares da Baixada Fluminense. O evento foi aberto com a exibição do filme "O circo", de Charles Chaplin, que arrancou muitas gargalhadas do público. A programação do encontro contou ainda com um bate papo.

Nomes importantes da cena cultural da Baixada marcaram presença, como Los Tchathos, Arcanjo e Mozart Guida. Mas não foram só as celebridades da região que foram dar uma bicada nesse café. "É tudo muito novo e encantador pra mim", disse Katzuki de Castro, uma moradora de Inhaúma que nunca tinha vindo à Baixada. "Eu sempre ouvi falar bem do movimento cultural em Nova Iguaçu e Mesquita, e agora eu posso afirmar que é verdade".

Racismo na saúde

por Jefferson Loyola

Tendo como objetivo discutir os impactos do racismo na saúde, nas comunidades de terreiro, o SUS e a importância da divulgação da doença Anemia Falciforme na Educação, ocorrerá no dia 05 de novembro, quinta-feira, o primeiro Seminário Pró-Saúde da População Negra. Organizado pelo Centro de Integração da Cultura Afro-Brasileira (CIAFRO), o seminário será realizado na Sede da ong em Nilópolis, localizada na Rua Senador Salgado Filho, 818, Olinda.

O seminário contará com a presença de José Marmo da Silva, coordenador da Rede Nacional das Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, e de Ilka do Carmo, do Instituto Afro-Brasil Cidadão. A quantidade de vagas é limitada e as inscrições estão sendo feitas pelo telefone: 3761-3354/7837-3710 ou pelo e-mail: contato@portalciafro.org.br.

Um palmo além do limite

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

por Hosana Souza


Blusa branca, saia pregueada azul e meia ¾. Com certeza, você associou esta imagem a uma das 3.120 normalistas que transitam em Nova Iguaçu, indo ou voltando do Colégio Estadual Arruda Negreiros, do Colégio Estadual Milton Campos e do Instituto de Educação Rangel Pestana. “O uniforme é um símbolo da pureza, daquela moça meiga que está estudando para se tornar uma respeitável professora do ensino fundamental”, afirma a ex-normalista Joseane Antunes Cataldo, 19 anos, que resolveu visitar seu passado recente ao entrar no programa “Da palavra à imagem”, uma parceria entre a Escola Livre de Cinema e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Joseane Cataldo, que os leitores deste blog conhecem como Josy Antunes, está projetando uma exposição fotográfica que remonta os anos de história das normalistas. Ela, que está participando do programa da UFRJ com mais nove colegas da Escola Livre de Cinema, escolheu o tema por causa das recomendações que ouviu ao longo de quatro anos, para que tivesse muito cuidado com o uniforme. Foi ao longo da pesquisa que essa jovem voraz, que praticamente não dorme para conciliar os horários da faculdade com cursos de cinema e as reportagens que publica aqui, descobriu que as gerações que a antecederam usavam também uma boina azul e uma jaqueta do mesmo tom.

O projeto de Josy Antunes, que já está concluído, mostrará todas as faces e fases das normalistas de nossa cidade, começando desde a época em que o público que optava pelo curso era majoritariamente masculino. “O mais difícil foi conseguir encontrar as fotos antigas, porque a escola não possui um banco de imagens. Então tive que buscar algumas pessoas que tinham fotos pessoais guardadas. Durante as minhas visitas ao IERP, também fotografei as atuais alunas e fiz algumas reproduções das fotos antigas”, diz ela, que está aguardando a leitura da banca avaliadora para fazer as alterações de praxe em trabalhos dessa natureza.

Todo poder aos livros

por Larissa Leotério


Liberte seus livros para que eles possam libertar corações e mentes”. Esta é a ideia do projeto ‘Livro Livre’, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Turismo e coordenado pelo escritor e pesquisador Écio Salles.

O projeto partiu de um desafio proposto por Marcus Vinícius Faustini, o titular da SEMCTUR: fazer com que a biblioteca Cial Brito fosse mais que um lugar com livros para consulta e um eventual empréstimo. “Apesar de essa função ser fundamental, não atinge a cidade toda”, lembra Écio Salles, o braço direito do secretário.

A pretensão do ‘Livro Livre’ é acabar com o deslocamento até uma biblioteca e a burocracia inerente ao uso dos livros catalogados, ambos igualmente inibidores da leitura em uma cidade grande e pobre como Nova Iguaçu. “Nossa ideia é fazer com o que o livro circule pela cidade”, afirma Écio Salles, que lembra que o único compromisso de quem recebe o livro é, depois de lê-lo, deixá-lo em algum lugar onde outras pessoas possam aproveitá-lo também.

Écio Salles é um homem muito criterioso no uso das palavras, dando-se o trabalho de falar “estadounidense” no lugar de “americano” ou “norte-americano”, pois esses dois últimos termos englobariam tanto os mexicanos quanto os colombianos. Por isso, evita a expressão “doar livros”, ainda que em última instância seja isso o que acontece. “Insistimos na ideia de libertação do livro porque o livro é um objeto livre, que possibilita que as pessoas tenham acesso à cultura em quaisquer lugares e circunstâncias, sem burocracia.”

Celebração do cinema

por Robert Tavares


Para tirar sua noite de quarta-feira da monotonia, o Cineclube Mate com angu, que é filiado à ASCINE e ao CNC, realiza hoje sua Sessão Catapulta - Deixa o filme existir, cineasta! Que é uma noite dedicada a lançamentos, a sessão começa às 20h30, entre os exibidos estarão:

• Visita à Universidade de Wildstone, de Ralph Smith.

• Monocelular, de Felipe Cataldo.

• Selva Urbana, de Emilio Domingos e Gregório Mariz.

• Funk-se 2.0, de Slow e Márcio Grafiti.

• Gaiola, do Cineclube Tupinambá.

• O que vai ser? de Getúlio Ribeiro.

• Bicho Lamparão, de Rodrigo Folhes e Rafael Mazza.

• Me Nina Vida - Adereços de uma Manhã de Carnaval, de Sabrina Bitencourt.

• Salomé, de Igor Cabral.

• Queimado, de Igor Barradas.

Para o grupo que organiza o cineclube, essa é uma noite especial, pois, além da honra de estarem sendo o primeiro meio de exibição dos filmes citados a cima, os realizadores dos curtas são amigos, o que dá um prazer a mais.

Nos seus sete anos de estrada, o Mate Com Angu já conta com mais de 25 produções no currículo e para celebrar os novos filmes, o grupo promete uma das suas super festas após a sessão para celebrar a noite.

Local: Lira de Ouro.
Rua Sebastião de Oliveira, 72. Centro, Duque de Caxias.

Mais informações em
http://www.matecomangu.com.br/ , pelo Twitter www.twitter.com/matecomangu ou pelos telefones 9288-3300 e 7601-6700.

Conflito de gerações

por Michele Ribeiro


De um lado, os filhos querem ganhar seu espaço, viver novas experiências, agir conforme sua cabeça, conquistar a tão sonhada “liberdade”. Já os pais querem protegê-los, com medo que eles se envolvam drogas, sejam alvo da violência urbana, tenham uma gravidez indesejada. Não é de hoje que esse conflito foi instalado.


A maioria dos jovens reclama por sempre receber um “não” de seus pais como resposta, ainda que esses últimos sempre aleguem que estão agindo para o bem dos próprios filhos. “Minha filha Natane não me entende agora”, admite o professor Roberto Rocha, 45 anos. “Diz que sou chato e que gosto de deixá-la com raiva, mas quando ela for mãe vai me entender.”

Sua filha Natane é uma estudante de 16 anos, que muitas vezes acha que os pais não tiveram juventude, mesmo quando eles dizem que o mundo de hoje é muito diferente daquele em que viveram. “Me sinto presa por meus pais”, queixa-se a menina, para quem os pais são excessivamente conservadores e rigorosos. “Até parece que nunca sentiram vontade de sair, dançar e curtir com os amigos”.

Folia da memória

por Camilla Medeiros

Hoje às 18h, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, será inaugurada a exposição “Folia de Reis”, sob a curadoria de Ivan Machado e Andressa Leite.

A exposição é resultado de mais de um ano de pesquisa e acompanhamento de várias saídas de Folias de Reis pela cidade, e adjacências. Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado aos rituais católicos, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira. Na Baixada Fluminense, essa expressão se tornou popular e sobrevive como tradição.

A pesquisadora Andressa Leite percebeu nesses cortejo a grande presença de crianças e adolescentes. “É importante que eles participem, pois assim a Folia de Reis tem mais chances de ter continuidade. Porém, mais do que isso, percebi também que as dificuldades financeiras para esse 'desfile' podem ser um dos motivos pelo qual a Folia de Reis está ficando cada vez mais rara.”

Guerra fria

terça-feira, 27 de outubro de 2009

por Nany Rabello

Tensão e silêncio. Foi assim o clima durante todas as apresentações dos candidatos a delegados representando as instituições, e durante a eleição também. Frio e pesado, que só deu lugar a aplausos uma única vez: quando os eleitos foram anunciados e todos puderam sair da sala.

Catorze pessoas influentes, representantes de grandes grupos, pessoas envolvidas diretamente com cultura e política, que têm uma grande bagagem e um grande portifólio de suas instituições, tiveram dois minutos para mostrar por que seria importante serem delegados e o que pretendiam fazer se fossem eleitas. Nenhum deles fez isso. Catorze discursos. Catorze pessoas dizendo quem eram e o que que faziam. Não foi à toa que nenhum discurso foi aplaudido.

A primeira a falar foi irmã Cecília Onófreo, da ong Meduca. Tudo sobre os três anos de trabalho que está desenvolvendo e sobre os quatro pontos de cultura, o seu e mais três, de que cuida foi dito. Mas nada sobre por que seria importante tê-la como delegada. A segunda foi Arlene de Katendê, presidente do Afoxé Maxambomba. Tem um currículo surpreendente, realmente sabe pelo que está lutando: pela comunidade, pela cultura afro e pela cidade como um todo. O terceiro foi João Gomes, que está fazendo um belo trabalho à frente das quadrilhas de São João. Trabalha com jovens, busca aprofundar o resgate das raízes históricas, e nenhuma proposta.

Um país fantástico

por Jefferson Loyola


A Cia. Senzala de Estudos, Teatro e Danças Folclóricas estreia nesta sexta-feira, 30 de outubro, a montagem teatral “Uma viagem de norte a sul por um Brasil multicor”, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Os ingressos já estão à venda, e custam R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). O espetáculo só ficará em cartaz até sábado.

Como sugere o título da peça, o grupo faz uma viagem de norte a sul do país, mostrando, por intermédio de canções e coreografias, lendas de todas as regiões do Brasil. É uma rara oportunidade de se conhecer o lado fantástico da nossa cultura.

O grupo foi criado em 2006 após vários anos de estruturação e é formado por um coletivo versátil de percussionistas, bailarinos e músicos. Também oferecem oficinas de capacitação em danças folclóricas, percussão e lendas, além de realizar palestras sobre cultura popular e folclore brasileiro, desenvolvendo pesquisas e estudos sobre os mesmos.

Idas e vindas do amor

por Jefferson Loyola

Amores vêm e vão por toda nossa vida, e neste filme não poderia ser diferente. Porém, esse vaivem é levado à última potência no filme "Te amarei para sempre", do diretor Robert Schwentke, por causa da anomalia genética de Henry DeTamble (Eric Bana), o protagonista da história. Essa anomalia o faz viajar no tempo involuntariamente, mudando de época durante toda sua vida.

Baseado no romance “The time traveler’s wife, de Aundrey Niffe, o filme mostra a determinação de Clare Abshire (Rachel McAdams) para manter seu casamento, apesar das constantes viagens do marido através do tempo. Clare se apaixonou por Robert ainda menina, durante uma das viagens do futuro marido. Apesar das circunstâncias desfavoráveis, ela acredita que eles foram destinados a ficarem juntos e tenta desesperadamente construir uma vida com seu verdadeiro amor.

O céu de Verônica

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

por Carine Caitano


Muito antes de uma conferência começar, a população tem que ser convocada. Não foi diferente com a III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu. Quase uma dezena de pré-conferências foram realizadas para apontar a importância de se discutir a cena cultural da cidade. Isso significa mobilização social, ida aos bairros e conversas significativas com moradores e artistas. Uma das pessoas responsáveis por esse trabalho de formiguinha é Verônica Nascimento, subsecretária de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu.

Verônica Nascimento começou a ocupar esse espaço de mobilização dentro da SEMCTUR desde o projeto “Minha rua tem história”, uma gincana social que em setembro de 2008 mobilizou cerca de 3.500 jovens da periferia de Nova Iguaçu: “O trabalho incluía grafite, pinturas, exibições, postagens em blogs”, lembra ela, saudosa de um trabalho que em seu momento de pico chegou a ter cerca de 20 pessoas na produção. “Ali, meio que na porrada, eu tive que aprender a trabalhar”

Tornou-se desde então uma pessoa indispensável na SEMCTUR, mudando com garra e determinação uma história de vida que há não muito tempo teve capítulos dramáticos como dormir na rua e catar latinhas no carnaval da cidade. “Eu meio que me aproprio das coisas pra garantir que elas vão funcionar. Procuro ouvir muito pra saber o que está acontecendo. É uma lenda urbana a meu respeito. Sou uma pessoa normal, que fico com mau humor, mas, ao mesmo tempo, dizem que tenho uma doçura quase servil”.

Caravana da alegria

por Hosana Souza e Jéssica Oliveira

Para quem dormiu em praias e ganhou a vida recitando poesias aos amantes do mar, ficar parado com os braços cruzados vendo a vida passar de forma inútil é quase um martírio. Aos 33 anos, o malabarista Mozart Guida carrega uma história onde aprendeu que se deve correr atrás de seus objetivos ao invés de ficar esperando tudo cair do céu. E foi imbuído desse espírito que o jovem ativista cultural pôs a cabeça para pensar e o corpo para trabalhar em busca de formas que agilizassem a implantação dos projetos contemplados nos editais da SEMCTUR, ambos oferecendo oficinas de malabares e circo para as crianças da rede municipal de Nova Iguaçu. “Quando eu vi que a grana do Fundo Municipal de Cultura ia sair em um mês, eu pensei: ‘Se eu ficar esperando a grana sair para começar a articular as coisas, não dará para realizar o projeto esse ano’”, explica.

Para que as atividades nas escolas não ficassem para 2010, ele elaborou uma lista de escolas municipais e procurou suas respectivas diretoras, sempre com a justificativa de que tinha um grande presente para oferecer a cada uma delas. “A gente não acredita que vá fazer só se a grana vier”, disse ele na entrevista concedida em meio ao corre-corre da III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu, que superlotou o auditório do Espaço Cultural Sylvio Monteiro no último fim de semana. “Até porque, se a grana não vier algo, já foi iniciado e nós arrumamos o dinheiro de outra forma. Não ficamos esperando ninguém, nós temos que fazer por eles e ponto”. Foi assim que, com o dinheiro no bolso, só precisou levar sua equipe para as 12 escolas que aceitaram as oficinas malabares e circo que propôs: além de as escolas já terem sido contatadas, o roteiro já estava escrito e, mais importante, a divulgação nos bairros estava a mil e não faltavam alunos interessados em aprender a arte milenar do circo.

Educação é cultura

por Josy Antunes

Que a III Conferência Municipal de Cultura reuniu uma intensa gama de diversidade de participantes, já está mais do que claro. Representantes da pluralidade musical, artística e religiosa contribuíram e demarcaram seus espaços e visões. Durante as reuniões, as amigas Maria do Rosário do Nascimento e Claudete Janete dos Santos acompanhavam a tudo com interesse, anotando os pontos importantes e trocando informações entre si. A dupla faz parte da associação de moradores do bairro Jardim Palmares e, em benefício dele, buscaram a participação na Conferência. “Eu sempre lutei pra ajudar a comunidade. Participo das conferências, e quero que a sociedade veja os frutos disso”, alega Maria do Rosário, que há 19 anos milita em favor do local.

Maria, que atualmente é técnica em contabilidade, conta timidamente sobre um talento pelo qual ainda busca reconhecimento. Autora de 45 composições de música gospel, ela revela que é avessa a disputa encontrada no meio artístico, preferindo, muitas das vezes, guardar para si o seu trabalho. “Eu sou uma artista, mas estou atrás dos bastidores”, lamenta ela, devido a falta de apoio que encontra no meio musical.

Para financiar seu curso técnico, Maria conta, com orgulho, que empregou-se como babá, recepcionista, secretária e empregada doméstica. E que, esse ano, ingressou na faculdade, no curso de direito, em 25º lugar - um dos primeiros para a modalidade. Após concluir louvavelmente o primeiro período, teve que trancar sua matricula, abandonando o estudo, por hora, por conta do alto custo demandado. “Eu sou fruto de uma sociedade que não me deu condição pra que eu hoje fosse formada numa cadeira de direito”, desabafa ela, enfatizando que um apoio maior deve ser dado aos estudantes, independente da idade. “Eu não vou desistir dos meus sonhos. Creio que Deus vai permitir que eu conclua o curso”, diz Maria do Rosário que, aos 54 anos, carrega como meta ajudar os moradores de seu bairro nas questões jurídicas. “Meus filhos são as crianças da comunidade. Eu tenho amor a elas”, declara.

Propostas da Baixada

por Lucas Lima

Um dos principais objetivos da III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu foi discutir propostas para as Conferências Estadual e Nacional de Cultura, que serão organizadas no próximo ano. Para isso, foram organizados cinco grupos de trabalho para discutir e elaborar propostas com base nos eixos temáticos formulados pelo Ministério da Cultura.

Esses cinco grupos foram coordenados por membros da própria Secretaria de Cultura e Turismo. Um deles foi o subsecretário Marcelo Cavalcanti, que esteve à frente do grupo de trabalho Gestão e Institucionalidade da Cultura. “As pessoas levantaram questões fundamentais para a cultura no município”, comemora o subsecretário. “Foram muitas ideias, muitas das quais de difícil execução. Acho que será uma grande evolução para o município se conseguirmos executar pelo menos 30% delas”.

A principal preocupação de todos os grupos de trabalho foi formular estratégias para atrair os recursos das políticas culturais públicas para a Baixada Fluminense em geral e Nova Iguaçu, em particular. “A Baixada Fluminense representa mais de 30 por cento da região metropolitana do Rio de Janeiro, mas o grosso dos recursos destinados à região metropolitana fica na capital e em Niterói”, lamenta o secretário adjunto Raul Fernando, que coordenou o grupo de trabalho Cultura e Economia Criativa.

A cara do blog

por Lucas Lima



Dando uma parada na estressante tarde de debates do segundo dia da III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu, o secretário de Cultura e Turismo Marcus Vinícius Faustini comandou o lançamento oficial do portal Cultura NI.

O portal é herdeiro da experiência do Jovem Repórter, que, tal qual o Cultura NI, tinha o formato de blog e era totalmente produzido pelos jovens da Secretaria de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu. “Quando demos início à gestão, percebemos que tínhamos que criar um projeto de jovens”, lembrou o secretário. Outro importante projeto envolvendo a juventude iguaçuana é a Escola de Pesquisa, coordenada pela antropóloga paulista Marcella Camargo.

O portal Cultura NI, coordenado pelo escritor Julio Ludemir, cobrirá as ações culturais da cidade e as políticas públicas formuladas pela SEMCTUR. “O blog vai acompanhar as diversas ações da Secretaria, da sociedade civil, eventos, personagens e personalidades”, anunciou o secretário. A ideia é mostrar a identidade cultural do município, para que os agentes e a própria população saibam o que está acontecendo.

Sutil presença

sábado, 24 de outubro de 2009

por Dariana Nogueira

Nos dois dias intensos da III Conferência Municipal de Cultura, foi possível notar a variedade de atores sociais que compõe Nova Iguaçu. Homens e mulheres com ideias, pensamentos e propostas diferentes se fizeram ouvir, buscando para além da representação política, a intervenção direta nos assuntos públicos.

Essa dinâmica pôde ser visualizada antes mesmo desses dois dias reservados para a conferência geral, nas pré-conferências que ocorreram em sete bairros da cidade.

Em todos os momentos, em meio às reivindicações, debates, discussões, tensões e aplausos, apenas um olhar mais atento conseguiria notar a presença sutil da jovem Karina Vasconcelos, de 22 anos, que participou ativamente, porém de maneira bastante silenciosa, de todos os eventos que cercaram esta III Conferência Municipal de Cultura.

Karina é moradora de Nova Iguaçu e cursa Produção Cultural no pólo da UFRJ em Nilópolis. Estagiária do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, ela tornou-se responsável pela relatoria da III Conferência, no popular, ficou com a parte mais chata e mais fundamental do evento.

Segundo Karina, o relatório sistematiza tudo o que foi debatido durante a conferência geral e as pré- conferências, resultando na apresentação oficial do evento. Por isso vemos Karina no canto, com olhos vidrados na tela do notebook, ou anotando tudo em seu caderninho.

Ela lamenta por não poder participar diretamente das questões propostas, de não expor suas próprias ideias e opiniões sobre esse momento tão importante pelo qual a cidade está passando. Contudo, situa seu trabalho num grau de relevância bastante alto, além de reconhecer que tudo está servindo, inquestionavelmente, para o aperfeiçoamento de sua formação profissional.

Ou seja, a renúncia se dá por uma causa maior e reconhecemos isso agradecendo à Karina por seu esforço  e contribuição imprescindíveis.

Proposta e viagens

por Hosana Souza

Tarde de sábado, segundo e último dia da III Conferência Municipal de Cultura. O teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro lota para as apresentações das propostas discutidas durante a conferência. Os 512 inscritos na Conferência foram divididos em cinco eixos, e cada eixo deveria trazer dez propostas, sendo duas delas prioritárias.

Entre tantas idéias e ideais destacaram-se positivamente, entre o público, a proposta do eixo 1 sobre a construção de um calendário oficial e anual dos eventos culturais da cidade. A proposta do eixo 2 que defende que os Pontinhos de Cultura sejam transformados em política pública e a proposta do eixo 3 que visa à concessão de imóveis, equipamentos, terrenos desapropriados há 10 anos para entidades culturais e comunidades tradicionais.

Entretanto, há também propostas, digamos, impalpáveis, como a construção de um sambódromo, de um museu e de um teatro em nosso município, que seja no mesmo nível dos já existentes no Rio de Janeiro, além da proposta da construção de editais para pessoas físicas, onde elas se inscreveriam e receberiam verba também, o que abriria a possibilidade de fraudes.

Olhos atentos à tradição

por Larissa Leotério e Jefferson Loyola

Quem nos mostra que é importante olhar pra dentro de Nova Iguaçu com olhos e ouvidos atentos é alguém que nem mora na cidade: é a Iyalorisá Isabel de Oyá. Zeladora do Ilê de Oyá há 22 anos, ela acredita que Belford Roxo, a cidade onde vive, ainda é muito dependente de Nova Iguaçu. “A gente só tem a ganhar buscando sabedoria”, diz ela, justificando sua visita à Conferência Municipal de Cultura na manhã deste domingo.

Sobre a importância de conferências e fóruns culturais, a Iyalorisá conta que é preciso fazer com que as pessoas sintam orgulho de sua religião: “Quando alguém esconde sua religião para se beneficiar de alguma coisa, já está tendo preconceito consigo mesmo”, afirma. Ela acredita também que o preconceito vai sempre existir, com quaisquer religiões ou movimentos. Mas os congressos ajudam a entender e a aceitar.

Além da aceitação, outra bandeira que mãe Isabel levanta é a da conservação da tradição cultural dentro das casas de santo. E é por meio do Pontinho de Cultura que ela tem em Belford Roxo, a Associação Cultural e Recreativa Afoxé Raízes Africanas. O Afoxé surgiu dentro de seu Ilê quando se desvinculou do Afoxé Filhos de Gandhi, no dia 8 de dezembro de 2002. Além de dezembro ser o mês das Iyabás, o Afoxé é dedicado a Oxum, em homenagem a sua falecida mãe de santo, Dona Délia de Oxum.

“Hoje, muitos não se preocupam com políticas públicas, como a institucionalização”, observa. Para participar de editais públicos, os Ilês precisam ter CNPJ. “Uma casa sem CNPJ é uma pessoa sem identidade”, compara. A regularização faz com que o governo tenha condições de auxiliar as casas de santo. “Orgulho-me hoje de ter 34 anos de iniciada no candomblé e ter recebido a Digina (nome ritual) que Oyá me trouxe: Oyáguerê”, finaliza.

A outra face da cidade

por Camilla Medeiros

No longo debate do GT (Grupo de Trabalho) do Eixo Cultura, Cidade e Cidadania, Josenir de Fátima da Silva, popularmente conhecida por Irmã Fátima, destacou uma informação que muito tem a dizer sobre a cara da nossa cidade: as áreas rurais.

No ano de 1997 uma deliberação da Prefeitura de Nova Iguaçu ignorou um dado muito concreto: Nova Iguaçu possui áreas rurais. A partir de então, iniciou-se uma luta para comprovar que Nova Iguaçu possui áreas rurais. Sindicatos, vereadores e a sociedade civil dessas áreas se mobilizaram e quase dez anos depois, 2006, o atual prefeito Lindberg Farias sancionou uma lei reconhecendo doze assentamentos rurais na cidade.

Numa entrevista informal, no pátio do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, Irmã Fátima, Presidente da Associação Rural Regional de Campo Alegre, presidente da ONG Sociedade Beneficente de Campo Alegre e membro da Comissão de Cultura de Nova Iguaçu, revelou uma outra face da nossa cidade.
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Dentro das discussões da III Conferência Cultural, a inclusão de mais personagens no cenário cultural da cidade foi uma das pautas principais. Quais são as suas expectativas?

“Minha bandeira aqui é lutar pela integração entre as áreas rurais e urbanas de Nova Iguaçu. Dentro da mesma cidade temos esses dois mundos, que ficaram sem diálogo durante muito tempo. Certas coisas que acontecem num ambiente não são divulgadas no outro. Por exemplo, você sabia que essas áreas rurais de Nova Iguaçu foram excluídas? Muita gente aqui não sabe disso também.”

Como é o trabalho da sua ONG?

“Dentro da ONG temos uma creche comunitária chamada Centro de Educação Infantil Comunitário Semente do Amor. Através dessa, creche realizamos anualmente a Festa da Roça, para resgatar a identidade da gente de interior. Temos danças sertanejas, com forró, comida típicas. Não é festa junina não, é festa na roça mesmo! Além disso, todos os anos comemoramos o aniversário do nosso assentamento. No dia 9 de janeiro, reunimos todos os moradores para um grande café da manhã, com os produtos da terra, que a comunidade cultiva. Nesse dia fazemos questão de lembrar os mais novos da luta que foi para conquistar a terra, e nos mobilizamos frente o governo para reivindicar as mudanças, e fazer um balanço do que foi feito, do que andou, do que não andou. Além de chamar a mídia para expor tudo o que é feito.”

Qual foi o resultado dessa exclusão dos doze assentamentos de Nova Iguaçu?

“Quando aconteceu essa exclusão, não tínhamos nenhuma ligação com a cidade a não ser o nome. Isso só consolidou a realidade que já existia. Sempre nos deportávamos para Queimados para tudo, médico, compras, enfim, a única coisa que ligava nossa região à cidade era uma escola da prefeitura de Nova Iguaçu, pois nem ônibus para cá temos. Até hoje precisamos ir para Queimados e depois vir para Nova Iguaçu.

A maioria das pessoas transferiu seus títulos eleitorais para Queimados, que foi a cidade que acolheu essa comunidade. Como eu vou votar em uma cidade que me excluiu? Até eu mesmo transferi meu título para Queimados.”

Qual foi o resultado do reconhecimento desses doze assentamentos?

“Quando o prefeito Lindberg Farias assinou a lei que reconheceu nossa região, imediatamente percebemos as mudanças. Não falo isso para engrandecer ninguém, mas depois de tanto tempo abandonados essa ida do prefeito a Campo Alegre foi essencial para que a gente se identificasse mais com a cidade. E soubéssemos que nossa existência para a cidade era importante. Formou-se uma aliança entre a nossa comunidade e a Prefeitura de Nova Iguaçu. Atualmente temos uma sessão eleitoral em Campo Alegre, da qual eu fui convidada para ser presidente, e todos votam em Nova Iguaçu novamente. Mas antes mesmo que tivéssemos essa sessão, a comunidade se interessou em transferir de volta seus títulos para a cidade, pois estávamos preocupadas com a possível mudança na gestão da Prefeitura, e o retrocesso frente aos avanços que conseguimos.”

Que impressão teve dessa conferência?

“Creio que o meu objetivo foi cumprido. As áreas rurais estão sendo visadas nessas propostas, e espero que a gente possa partilhar em breve da mesma política de incentivo cultural que as áreas urbanas possuem.”

Patrimônio da humanidade

por Wanderson Duke



Antes da plenária no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro que escolheu os novos delegados para o Conferência Estadual de Cultura, todos os agentes culturais ali presentes puderam adquirir um exemplar de um livro. Não, não foi apenas uma doação simbólica ou uma forma de presente. Foi o lançamento oficial do programa Livro Livre, organizado pelo poeta Moduan Matus e pelo escritor Écio Salles, mediador cultural da cidade de Nova Iguaçu.

Os dois já haviam organizado outros dois “testes”, um deles no bairro de Nova Era, para avaliar como o público receberia o programa. O resultado foi além das expectativas deles. Um dos livros “libertados” em Nova Era foi recebido por um morador da cidade do Rio de Janeiro (Centro). “Isso nos surpreendeu bastante, pois a proposta por trás do Livro Livre é que os livros não possuem donos, e são na verdade um patrimônio cultural da humanidade”, diz Écio Salles, que é secretário adjunto de Cultura de Nova Iguaçu.

Cultura cidadã

por Camilla Medeiros

“Essa conferência representa um ponto de equilíbrio entre o público e o privado”. Com essa fala, a assistente social pernambucana Sandra Mônica iniciou os debates do eixo Cultura, Cidade e Cidadania. Ela lembrou em seguida que um dos principais objetivos da III Conferência de Cultura da Cidade de Nova Iguaçu é abrir um diálogo produtivo entre esses dois agentes.

Ontem, esse mesmo grupo havia levantado algumas questões a serem pensadas para a mudança do atual cenário cultural da cidade. E a pauta da reunião de hoje centrava-se na análise, discussão e construção de dez propostas, sendo duas delas prioritárias.

Diversidade amarela

por Josy Antunes

Durante a abertura da III Conferência Municipal de Cultura, na primeira mesa formada no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, Maria Antônia Goulart, coordenadora do Programa Bairro-Escola, explicitou sua satisfação ao ver que, no público formado no local, um grande número de adesivos amarelos destacavam-se entre os coloridos das roupas. A seu lado, o próprio Secretário de Cultura e Turismo, Marcus Vinícius Faustini, exibia um deles, centralizado em sua camisa branca. Em letras vermelhas, a exclamação podia ser lida: “Eu sou Pontinho”. “Vendo daqui, a gente vê como, de fato, é uma ação que está promovendo uma transformação”, disse, orgulhosa, a primeira dama da cidade. “Os pontinhos não estão presentes só nos seus bairros, territórios e ações. Eles estão presentes como militantes, como construtores da política cultural e democrática de Nova Iguaçu”, continuou.

Cara nova

por Nany Rabello

Jovens descolados, conversando animadamente, expondo ideias e participando ativamente de debates de cultura. Há alguns anos, isso era difícil de ser imaginado. Hoje é realidade. Na III Conferência de Cultura de Nova Iguaçu é a cara dos jovens que é mostrada.

"Foi-se o tempo em que a cultura era só ir ao o cinema, ao teatro. A cultura precisa ganhar as ruas e não ficar restrita a quatro paredes", afirmava Bruno de Souza Santos, de 19 anos, que participou nos dois dias da conferência. Bruno é um dos jovens que querem fazer algo melhor da cultura do nosso país.

Histórias de amor

por Wanderson Duke

Manto de preocupações, colcha gigante de retalhos das possibilidades e uma legião de adultos preocupados com a forma de trabalho da cultura nas escolas: Todos os ingredientes perfeitos para a III Conferência Municipal de Cultura que está ocorrendo em Nova Iguaçu.

Mas, em meio a tantos dilemas existencialistas e propostas de dinâmicas da cultura na cidade, uma história de amizade entre duas crianças e amor aos livros se forma no segundo andar do Espaço Cultural Sylvio Monteiro: Waldemir Junior, 9 anos, aluno da Escola Estadual Machado de Assis, em Mesquita, e Samira dos Santos, 8 anos,aluna da Escola Estadual Arco-íris,em Caioaba, Nova Iguaçu.

Ambos estavam descortinando a magia dos livros ali mesmo, na biblioteca do Sylvio Monteiro, compartilhando ambos a amor pela leitura.

Samira conta que seu contato com os livros vem desde cedo, que contou com a ajuda de sua mãe para desenvolver sua paixão pela leitura. “ O primeiro livro que li foi ‘O Menino Maluquinho’, do Ziraldo, quando tinha apenas 5 anos. Adorei”, conta a empolgada Samira. A menina veio acompanhada pela avó que, segundo a ela, sempre foi envolvida com cultura na cidade e suas mais variadas formas artísticas.

Já com Waldemir a situação é um pouco diferente. O interesse pelas obras literárias o segue desde berço, segundo conta sua mãe, Leoneida Rosa dos Santos, sua grande incentivadora nessa grande trajetória que ele tem pela frente. Leoneida é atriz há cerca de dois anos.

“Ela sempre me incentivou a ler, mesmo antes de trabalhar com teatro. Depois que ela fez a peça ‘A invasão’, meu interesse aumentou", diz Júnior, cuja leitura preferida é 'A Turma da Mônica', de Maurício de Souza. “Não gosto de Homem-aranha nem do Superman", afirma, para acrescentar em tom patriótico. "Os melhores gibis e as melhores histórias são nossas”.

Samira e Waldemir lamentam o fato de não haver bibliotecas em seus bairros, nem nas escolas em que estudam. “Se não fosse minha mãe comprando livros e gibis para mim, eu quase não leria nada”, diz Junior. “Se tivesse um biblioteca, pelo menos na escola, iria ser muito legal. Eu ia ler muito, muito mesmo. Principalmente ‘O Menino Maluquinho’, finaliza Samira.

De mãos dadas

por Dariana Nogueira

Uma das 500 pessoas que participou da III conferência de Cultura de Nova Iguaçu foi Delmar José da Silva, que vem a ser o secretário de cultura de Mesquita. No cargo desde março de 2007, ele faz uma associação entre o evento e o momento singular pelo qual vem passando a Baixada Fluminense como um todo, no âmbito cultural especialmente. "A conjuntura é altamente favorável à Baixada desde que Gilberto Gil assumiu o Ministério da Cultura", afirma o secretário.

Embora reconheça a importância das mudanças implementadas nacionalmente, Delmar da Silva não deixa de reconhecer o surgimento de lideranças municipais eficientes no campo da cultura, que souberam traduzir para seus respectivos territórios as novas políticas nacionais. "As lideranças locais têm se mostrado eficientes em propor políticas satisfatórias, aproveitando o momento favorável e potencializando os movimentos culturais locais."

O secretário aponta para certa uniformidade nos municípios da Baixada. Como há uma identidade comum entre os territórios, é possível pensar em políticas regionais onde a Baixada inteira seja contemplada. Mas para isso é preciso que haja um diálogo entre os responsáveis pela implementação de políticas culturais na região. "Municípios como Caxias, e sobretudo Nova Iguaçu, alcançaram avanços significativos do ponto de vista sistêmico no que diz respeito ao desenvolvimento cultural, mas havendo diálogo intermunicipais é possível estender esses avanços aos demais municípios".

Delmar da Silva acredita que as conferências municipais de cultura são o palco por excelência para o diálogo preconizado por ele, e não foi à toa que fez questão de marcar presença no Espaço Cultural Sylvio Monteiro no dia de hoje: "Eu tenho participado de diversas conferências, justamente por acreditar no diálogo, na interatividade entre municípios distintos, etc. Mas a realização da conferência é essencial porque é o momento onde a organização e a sistematização do movimento cultural são pensadas, discutidas e ampliadas, contando com a participação de todos, que é o mais importante."

A voz de Cabuçu

por Edson Borges Vicente e Fernanda Bastos



Um grupo de seis agentes culturais do bairro Cabuçu participa da III Conferência Municipal de Cultura. Com diversas funções, todos atuam na Escola Municipal Abílio Ribeiro. O objetivo do grupo é representar o bairro nas discussões dos grupos de trabalho.


Nádia Luiza Filgueiras Ponciano, 26 anos, é professora do primeiro segmento do ensino fundamental há oito anos na escola. Estudante de matemática da Universidade Federal Rural de Nova Iguaçu, ela é a coordenadora de aprendizagem e tem a responsabilidade de organizar as ações da equipe de mediadores da escola. Convidada pelos mediadores ela veio à conferência para aprender. “Tenho muito contato com a SEMED. Vim para ficar por dentro do que está se discutindo na cultura. Isso é importante para potencializar meu trabalho com os mediadores” ressalta ela.

Dos cinco mediadores que acompanham a coordenadora, três são estudantes de Letras: Alessandra Aparecida Souza de Paula, 26 anos, trabalha com oficina de jornal há seis meses com crianças de 7 a 12 anos. Carlos Vinicius Moreira Assis, 21 anos, faz o mesmo e ainda desenvolve oficinas de técnicas de redação no ‘Escola Aberta’ da mesma escola. Já Carmem Inês Bispo, 32 anos, ajuda as crianças na árdua aprendizagem matemática.

Um casal muito interessante finaliza a composição do grupo de agentes culturais. Trata-se de Elisângela Melo, conhecida pelos jovens do Projovem como ‘ Fofão’, desde que trabalhou no projeto Minha Rua Tem História no ano passado no Abílio. “Fofão”, juntamente com seu esposo Odil Fonseca Barreto, trabalha com oficinas de banda. Odil ainda dá aulas no Brasil Alfabetizado e é parceiro do Bairro Escola. Os dois fazem parte do Pontinho de Cultura “Cultura Viva nas Comunidades”, que assistirá 280 alunos do 6ª ao 9ºano na Escola Municipal Profº Leonardo Carielo de Almeida, em Lagoinha.

Para Alessandra, conhecer as propostas também é importante e algo que a conferência proporciona. “Entramos em contato com pessoas com experiência na área da cultura”, afirma.

Odil apresenta a proposta do grupo que trata da escolha dos mediadores, dando oportunidades aos moradores dos bairros. Assim como ocorreu no concurso para agentes de saúde, onde os candidatos deveriam residir na área pretendida, os mediadores devem ser escolhidos na localidade. “Cada local deve ser trabalhado pelos próprios moradores. Assim, além de gerar oportunidades para todos, não teremos problemas com questões de segurança. Pois, uma vez sendo moradores do bairro fica mais fácil para os mediadores atuarem. Não tem esse negocio de ‘aqui não pode entrar por que é perigoso’. Desse modo haveria produção cultural em todas comunidades. Essa é a voz de Cabuçu” explica.

Revolução híbrida

por Josy Antunes

Em um discurso carregado de emoção, Ana Lúcia Pardo – a representante do Ministério da Cultura – trouxe para o teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, onde está acontecendo a III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu, um pedaço do que foi a 1ª Conferência Cultural de Belford Roxo, cidade vizinha, onde também esteve presente. Os encontros aconteceram em quatro dias, os dois últimos, 15 e 16 de outubro, na Câmara Municipal.

“Belford Roxo é como Nova Iguaçu”, comparou ela, fazendo uma ligação da grande inquietação artística presente em ambas cidades. O acontecimento era um anseio existente desde 2003. Por ser a primeira, e pela forma como foi desenvolvida, mobilizando uma considerável quantidade de agentes culturais, vindo dos mais distintos pontos da cidade, a conferência pode ser considerada um marco histórico. Mas, para além disso, Ana Lúcia Pardo sensibilizou-se especialmente com uma apresentação regida pelo músico Dida Nascimento, que descreveu como se ainda pudesse visualizá-la. “Eu cheguei lá e vi a forte presença da música e de outras ações. Um momento em que diferentes expressões ocupavam aquele lugar, que é um espaço legislativo. Eu acho que foi simbólico”, declara.

O momento de pura emoção teve seu início em reuniões anteriores à conferência, quando Dida teve a ideia de congregar, num limite de tempo de vinte minutos, as manifestações artísticas da cidade. A “primeira lida", a tarefa pode parecer fácil, mas quando passa-se a enumerar a quantidade e diversidade dessas manifestações, a visão torna-se totalmente contrária. “Nós tivemos poesia, teatro, dança e música. Teve uma orquestra de berimbau, vários atabaques – uma coisa mais tribal - , bateria, baixo, teclado – que são instrumentos mais sofisticados, mais fáceis de se ver, normalmente – e tivemos também a inserção de música gospel”, relaciona o artista.

O primeiro desafio foi encontrar pessoas que estivessem dispostas a encarar o experimento. Depois – e talvez num grau de dificuldade maior – era preciso agrupar todos para os ensaios. “Eu tive uma tarefa árdua de reunir todos. Ensaiamos pouquíssimas vezes, mas sempre separadamente. Não consegui reunir o grupo todo”, conta Dida. Entretanto, os contratempos não impediram o sincronismo apresentado na conferência. “Ele regendo aquilo tudo, eu fiquei encantada, emocionada”, confirma Ana Lúcia Pardo, lembrando sua fala em reação ao que tinha acabado de observar: “Essa mistura dos diversos tipos de música que está acontecendo aqui, essa hibridação, tem que significar pra nós, gestores públicos, privados, poder legislativo, executivo e sociedade civil, um exemplo de sinergia, que é isso que a gente está buscando no sistema nacional de cultura”.

A música que selou a união dos quase 30 artistas era uma composição do próprio Dida Nascimento, cuja letra traz a autoria da poeta Ivone Landim e a musicalidade da capoeira. “Ela fala da mãe preta, aquela mãe que cuida do seu filho. No nosso caso, da nossa conferência, da nossa arte, dos nossos artistas”, explica o idealizador da apresentação. As já citadas linguagens artísticas recebiam o complemento de um coral que produzia murmúrios e lamentos, transcorrendo paralelamente às outras atividades. “O Hip Hop existe sozinho, no sentido de que é uma expressão específica de cultura. A capoeira também, historicamente tem sua representatividade e é a terceira maior expressão presente no país, e assim vai...”, principia Ana Lúcia, “Mas, quando se juntam, provocam uma nova coisa.

Na 1ª Conferência Cultural de Belford Roxo, foi formado o Conselho de Cultura, no qual Dida Nascimento está incluído, e que representará a cidade nas próximas etapas, como a II Conferência Nacional de Cultura. “O próximo passo é defender as propostas levantadas na nossa conferência e tentar convencer o Governo Estadual e Federal que existe uma necessidade muito grande, decorrente de uma carência de muitos anos, de cultura e entendimento”, defende Dida, concluindo: “O nosso município tem um valor muito grande com relação a arte”.

Minha primeira conferência de cultura

por Lívia Pereira.

Uma colcha de retalhos bem diversificada se estendeu sobre o domingo ensolarado no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Diversos rostos, coloridos, sorrisos, expressões, enfim, presentes nos artistas, entidades, estudantes, cidadãos em geral.

Em meio a tanta diversidade, caras novas deixam no ar uma pergunta: o que as trouxe aqui? Que inquietações provocaram a vinda dessas pessoas? Tentando responder a essas perguntas, hora de lançar a dúvida em quem pode saná-la.

Estudante de Letras, cursando o 6º período da faculdade, moradora de Nova Iguaçu, Grace Silvério conta que a curiosidade a tirou de casa. "Uma amiga da faculdade me ligou e falou sobre a conferência. Como eu estava em Nova Iguaçu, passei pra dar uma olhada." Além disso, seu interesse cresceu por ter vários amigos envolvidos com música e teatro: "Quero levar a eles essas informações. Será que ainda dá tempo de eles participarem?"

Diálogo cultural

por Hosana Souza / Fotos: Josy Antunes


Apesar do grande atraso nessa quinta-feira, o deputado Alessandro Molon marcou presença na III Conferência Municipal de Cultura. Mesmo preso em dois engarrafamentos a caminho do Espaço Cultural Sylvio Monteiro e com sua agenda sempre lotada, ele fez questão de aceitar o convite de Ana Lúcia Pardo, representante do MINC no estado.

“Eu tenho participado o máximo que posso, ido em todas as conferências que são possíveis”, diz Molon, que acredita que a Baixada não pode mais ser vista como cidade dormitório. Para o deputado inicialmente é necessário o diálogo entre as ações culturais, a sociedade civil e o poder público. “Se a sociedade civil se mobiliza, suas conquistas serão valorizadas, e elas serão temidas pelo poder público”. Molon acredita que todas as cidades devem ser convocadas para discutir as verbas da cultura.

“Correndo o estado e observando os municípios, eu percebo que as propostas não devem ser dadas por nós, poder público. Elas já nascem nos municípios, daqueles que fazem a cultura acontecer nesses locais por quem conhece a realidade”. O deputado acalorou os debates e não parou em momento algum de enfatizar a importância da participação da população. Segundo o político, é justamente pela importância desses processos que se construirá um sistema nacional de cultura, e esse sistema deve ser criado de baixo para cima, isto é, da sociedade civil para os governos.

Conselho do poeta

por Edson Borges Vicente


Poeta desde os tempos obscuros da ditadura, Jorge Cardozo, 50 anos, vive hoje uma grande responsabilidade: presidir o Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu. Ele se entregou à arte em 1978, quando ingressou no Grupo ‘Calabouço’, grupo iguaçuano de resistência no qual fez teatro e poesia. Segundo Jorge, o grupo escolheu esse nome em homenagem ao restaurante onde foi morto o estudante Edson Luiz Lima Souto, assassinado em 1968, aos 18 anos, em uma operação de repressão, durante a ditadura militar.

Atual subsecretário de Cultura e presidente do conselho desde sua reorganização, em 2005, o poeta conselheiro busca levar a voz da democracia e resgatar a identidade da cultura popular. Jorge Cardozo diz estar totalmente afinado com a proposta de inclusão e participação do Ministério da Cultura – MinC. "Essa é uma proposta que entende que a cultura na verdade é de todo povo brasileiro”, afirma. Segundo ele, a proposta do MinC é a mesma da secretaria municipal.

Para o conselheiro, as mudanças na lei de incentivo à cultura – a Lei Rouanet - são muito importantes. E vão se tornar ainda melhores com a aprovação da chamada Pec 150, proposta de emenda constituicional por intermédio da qual 2% do orçamento federal serão alocados para a cultura. "Precisamos fortalecer o Fundo Nacional de Cultura e espalhar a presença do governo na esfera da cultura nos diferentes recantos do país, acabando com essa diferenciação tão forte que existia e ainda existe entre centro e periferia, entre cidade e bairro , entre zona urbana e rural ricos e pobres”.

Quadrilha também é cultura

por Larissa Leotério

Uma cultura muito forte e muito viva em Nova Iguaçu é a das quadrilhas de dança caipira. E estão muitíssimo bem representados na III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu. Apesar das muitas deficiências e principalmente por causa delas, os componentes dos grupos vieram em peso.

É sobre essas deficiências que me conta Vagner Vinícius, de 32 anos, quadrilheiro de Jardim Pitoresco e membro da Liga Independente das Quadrilhas Juninas de Nova Iguaçu (LIQUAJUNI). “Somos nós que procuramos as costureiras, fazemos as alegorias”, conta, comparando com preparativos de uma escola de samba.

Engana-se quem pensa que só as quadrilhas só se articulam às vésperas das festas juninas. Os quadrilheiros se preparam o ano inteiro. Ensaiam com muita antecedência. “Temos muitas preocupações. Tem que ter coreografia, e coreografia atualizada. Não é a mesma coisa todos os anos”, conta.

Quando está tudo pronto, com as coreografias ensaiadas e as roupas costuradas, eles saem à procura de locais pra se apresentar. “Nós organizamos nossas festas, mas procuramos outros arraiás, pra divulgar”. Segundo Vagner, o maior problema é a falta de divulgação. Quando tem competições, nem sempre ficam sabendo, ou não podem participar. “Não temos apoio e não recebemos ajuda nenhuma”, afirma.

Alan Medeiros, de 19 anos e também morador de Jardim Pitoresco, conta quem há quadrilhas de 20 anos ou mais participando da LIQUAJUNI e que não tem divulgação nem o reconhecimento merecido: “Acho que poderiam nos dar pelo menos metade do reconhecimento que dão às escolas de samba”, desabafa Alan. Para ele, com essa ajuda viriam competições mais abertas e mais divulgadas, como o Carnaval de Nova Iguaçu, o segundo maior do Estado.

Outra liderança de grupo caipira que está presente é Telma Lúcia Brito, do grupo 'Estrela Guia', de Rosa dos Ventos. Telma fundou o grupo quando o já existente no bairro se desfez. “Já existia a cultura das quadrilhas. E quando o grupo que tinha acabou, as pessoas reclamaram muito”, conta. O grupo ‘Estrela Guia’, existente desde 2002, também pede mais apoio. “É uma luta custear tudo do próprio bolso”, diz com certo desânimo.

O presidente da LIQUAJUNI, João Gomes, foi quem contatou pelo menos um representante de cada um dos 20 grupos da Liga. Ele diz estar satisfeito com a conferência e com a democratização da cultura na cidade: “Agora eu volto a acreditar que pode dar certo”, confia. João Gomes, que participou ativamente no debate de diversidade cultural no primeiro dia da conferência, vai pedir auxílio na organização de competições e festivais. “Quadrilha também é cultura”. Afinal, todo mundo é cultura.

Um Edson*, um poeta e um conselho

por Edson Borges Vicente

Jovem repórter faz homenagem ao poeta Jorge Cardozo, presidente do Conselho Municipal de Cultura


De onde vem a força do poeta
Sobrevivendo em tempos obscuros
Tentando escapar do calabouço
e ver nascer o sol da liberdade?

Talvez venha do espírito de união
Da arte que o palco da vida ensina
Expressada nos espaços operários
Nas caras e nas bocas da cidade

E como imaginar tamanho feito
De ver raiar a luz da esperança
E das palavras tristes do poeta
Surgir a firme voz da liderança

E ao fim sentir que todos temos vida
Que a arte não está no cativeiro
Repousa sobre o velho e o moço
Desperta no coração da criança

Talvez se não morresse o tal menino
Ainda estivesse presa, a poesia
E a força e a garra do poeta
Fosse tal qual agulha no palheiro

Melhor é resistir à repressão
Seguir a cultura da ousadia
Viver do jeito que mais vale à pena
Conselhos de um poeta conselheiro

* Referência ao estudante Edson Luiz Lima Souto, assassinado em 1968, aos 18 anos, em uma operação de repressão, durante a ditadura militar (ver matéria 'Conselho do poeta')

A sala da diversidade

por Nany Rabello

A 5° mesa de debate da III Conferência de Cultura da Nova Iguaçu também pegou fogo. O tema, Gestão e Institucionalidade, foi abordado das mais dinâmicas maneiras e as propostas pareciam surgir a cada segundo, em meio à diversidade dos presentes. A sala que começou vazia terminou repleta não só de pessoas como de ideias e propostas, além de várias explicações e esclarecimentos sobre o que é a Gestão de Cultura.

Coordenada pela representante do Ministério da Cultura Ana Lúcia Prado, a relatora Deise não teve problemas na hora de organizar as propostas formalmente. A representante do MINC estava acompanhada de Marcelo Cavalcanti, subsecretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, na mesa. Juntos, não deixavam nada passar em branco. “O difícil não é elaborar algo, o difícil é fazer com que se aprove o que foi elaborado”, diz Marcelo.

Parece que a sala incorporou a proposta de diversidade do secretário Marcos Vinícius Faustini, pois representantes de associações de moradores dos bairros de Nova Iguaçu, professoras, fotógrafos, e demais camadas de agentes culturais estavam representadas.

Paixão fantástica

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

por Josy Antunes

Sentado ao centro da mesa de abertura da III Conferência Municipal de Cultura, entre representantes da Câmara Municipal, do Conselho de Cultura, da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Fazenda, da Secretaria Estadual da Cultura e do Ministério da Cultura, estava o escritor e cineasta Marcos Vinícius Faustini, atual Secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu. “Quero iniciar minha fala fazendo uma declaração de amor aos militantes da cultura na cidade”, disse ele, quando lhe concederam o microfone.

Como de costume, Faustini trouxe à tona o realizador, capaz de dialogar como conhecedor das questões culminantes, que teimam em permanecer contra os agentes culturais. Ele relembrou sua entrada na secretaria quando, ao solicitar uma reunião com artistas da cidade, foi alertado para que tivesse cuidado. “Eu quero discutir olho no olho. Sou artista, não tenho medo de discutir com artista”, exclamou, fazendo uso da frase dita na ocasião.

Alegando que os colegas já haviam dito tudo aquilo que era prioritário, Faustini se dispôs a fazer novas provocações, saindo do discurso formal. “Eu tinha planejado fazer dela a minha despedida do governo”, confessou, assustando o público que superlotou o teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro na abertura da Conferência Municipal de Culura. “Mas a gente ainda não terminou tudo que a gente se comprometeu a fazer”. Dentre os processos inacabados, Faustini citou a conclusão da institucionalização dos editais e a territorialização do orçamento de cultura, que fará com que os bairros longe do Centro também sejam beneficiados.

“A gente tem hoje a juventude dentro da secretaria, tem gente sendo apoiada em vários cantos da cidade, onde a politica cultural não chegava”, comemorou o secretário, reforçando: “Eu acho que os artistas mais antigos têm que fazer essa reflexão, porque já estavam aqui e não deram conta disso”. E para ilustrar suas afirmações, Faustini propôs que aqueles que o ouviam olhassem a sua volta, observando cada pessoa. “Olha a cara de cada um que tá aqui”, induziu ele. “Essa é a cara de Nova Iguaçu. Essa é a cara da cultura hoje no país!”

Depois de resgatar conquistas alcançadas pela cultura e todos os que estão nela envolvidos, citando a “árvore grávida” - cuja matéria produzida por alunos da Escola Livre de Cinema foi ao ar recentemente no programa global “Fantástico” - Marcus Vinícius Faustini bradou com bom humor, sob fortes aplausos: “Somos mais fantásticos do que o Gabriel García Márquez imaginava que era possível existir na América Latina”.


 

Vale a pena

por Larissa Leotério

Quem também esteve presente na mesa de abertura da III Conferência Municipal de Cultura foi o Secretário de Fazenda de Nova Iguaçu, o vereador licenciado Carlos Ferreira, o Ferreirinha. Ele, que foi um grande colaborador dos Pontinhos de Cultura, não poderia deixar de falar sobre as relações entre as secretarias.

O secretário se sentiu ainda mais motivado a participar do processo cultural de Nova Iguaçu depois de ver a presença dos jovens e das mães na pré-conferência de Nova Era, na noite da última terça-feira. “As pessoas tiveram vontade de opinar, não acham mais que não vale a pena”.

Além disso, Carlos Ferreira diz ver com clareza a necessidade do incentivo à produção cultural feita com dinamismo.

Oportunidade incrível

por Larissa Leotério

Conferência de cultura tem que ser fundamental na agenda do eixo estratégico da cidade”, defende Maria Antônia Goulart, a coordenadora do Bairro-Escola. Ela acredita que a cultura promove a transformação cotidiana e que a discussão é o ponto de partida.

Trazer para a Conferência Municipal de Cultura debates como institucionalização e participação ativa no Conselho de Cultura, torna construtores da política democrática da cidade as pessoas que antes ficavam sempre nas mesmas reclamações e lembrando dos mesmos problemas. “A institucionalização dos grupos que já tinham trabalho, mas que não tinham as inúmeras certidões, comprovantes e outras burocracias é uma luta que está sendo ganha no dia-a-dia”, conta Maria Antônia.

Esta parceria, de governo e sociedade civil, está sendo consolidada e sendo bem recebida pelos artistas. “Temos agora condições de repassar e dar acesso aos recursos, para continuar avançando”, comemora a coordenadora de um dos projetos mais bem sucedidos do governo.

Ao som do berimbau

por Josy Antunes e Larissa Leotério



Enquanto os participantes da III Conferência Municipal de Cultura deliciavam-se com cachorros-quentes, aguardando a divisão para os 5 eixos de discussão, aproveitamos para fazer um pequeno registro audiovisual do encontro.
Pelos espaços e corredores do Sylvio Monteiro, representantes de diversas linguagens da cultura, não só de Nova Iguaçu, concentravam-se, falando a respeito do que acabara de ser discutido dentro do teatro. Próximo a ele, em frente a uma mesa repleta de peças do artesão Coab, o próprio, juntamente a Dida Nascimento, trazia a capoeira através das cordas dos berimbais.

Quadrilhas ignoradas

por Jefferson Loyola e Larissa Leotério





Com a abertura da 3º Conferência Municipal de Cultura, iniciaram-se os debates em cada um dos eixos temáticos propostos pelo Conselho Nacional de Política Cultural para descobrir o melhor meio de lidar com os assuntos existentes, construir e interferir na cultura de Nova Iguaçu. Produção Simbólica e diversidade Cultural, o primeiro eixo da conferência, teve como foco as produções de arte e bens simbólicos, promoção de diálogos interculturais e convenção de diversidade. Trata-se de facilitar a produção, distribuição e consumo de bens culturais, juntando identidade com diversidade.

“Tem que se ter versatilidade”, disse Daiana Santana. Uma das integrantes do projeto Mais educação, ela que acredita que, de um modo geral, a cultura é versátil e diversa, misturando dança, teatro e música, entre outras coisas. Um dos grandes pontos discutidos dentro do eixo foi “Diversidade Cultural = Diversidade de linguagem”, durante o qual ficou claro que, mesmo não sendo a mesma coisa, as duas andam juntas. Diversidade de linguagem está inserida no contexto de diversidade cultural, apresentando como você irá expressar o que está pensando.



Vanguarda cultural

por Larissa Leotério



“Nova Iguaçu está na vanguarda cultural do estado do Rio de Janeiro”, afirma o Secretário de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, Marcus Vinícius Faustini. Essa ousada convicção tem como base as inúmeras ações culturais em curso no município. São essas ações estão sendo discutidas e construídas durante a III Conferência Municipal de Cultura.

Uma das ações que corrobora a mudança da imagem de Nova Iguaçu é a implantação do programa Pontinhos de Cultura, uma parceria entre o Bairro Escola e o Governo Federal. “Somos o único município a ter uma ação em larga escala”, orgulha-se o secretário. Além da amplitude do programa, que está sendo implantado em cerca de 60 escolas municipais, uma das virtudes desse programa é o fato de ele estar contemplando agentes culturais, em seus territórios, seus bairros de atuação.

Desenvolvimento sustentável é cultura

por Dariana Nogueira

O eixo 3 da III Conferência Municipal de Cultura, coordenado por Egeu Laus, colocou em foco a importância estratégica da cultura no processo de desenvolvimento da cidade. De uma forma bastante sistemática e organizada, Egeu expôs um breve estudo sobre os significados das temáticas mais amplas apontadas no eixo e os conceitos que permeiam essas áreas interligadas entre si, além de suscitar propostas referentes à cultura e ao desenvolvimento sustentável, exigindo a participação dos presentes.

Um dos adjuntos da Secretaria de Cultura e Turismo de Nova Iguaçu, Egeu Laus falou também da transversalidade da cultura, integrando campos distintos e secretarias diferentes. "Quando se criam projetos que unem cultura e saúde, há uma probabilidade muito maior de a proposta ser levada adiante justamente por ser implementada uma força maior para a sua execução", exemplificou ele, para quem este ponto tem se tornado cada vez mais fundamental no processo de construção de políticas públicas eficientes.

A diferença do artista

por Larissa Leotério

A representante do Plano Estadual de Cultura foi a superintendente de Artes Eva Doris Rosental, que defende uma política cultural específica para a Baixada Fluminense. "Principalmente porque o município Nova Iguaçu foge do parâmetro, que tem apoio do governo e empenho da secretaria", afirmou.

A representante do estado reconheceu a dificuldade de elaborar um diagnóstico, já que cada município tem sua própria configuração. "Daí a necessidade de que seja um plano cíclico, vivo, que possa atender às necessidades dos dez anos em que o plano vigora."

Além disso, o Plano Estadual de Cultura conta com os indicadores oferecidos pela sociedade civil, tornando o processo mais dinâmico. "Tanto na área setorial, que são as artes cênicas, os museus e o ausiovisual, quanto na área estruturante, que é a parte da formação do agente e do produtor cultural."

Abertura em grande estilo

por Dariana Nogueira

Está aberta a III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu.

Hoje por volta das 10:30h no Espaço Cultural Sylvio Monteiro foi dado início ao evento que irá discutir as medidas e propostas que a cultura tem melhorar a vida na cidade de Nova Iguaçu, além de preparar os ânimos para II Conferência Nacional que acontecerá em março do próximo ano.

Compondo a mesa de abertura, representantes dos mais importantes segmentos políticos marcam presença. Como muito atentamente notou a representante do Ministério da Cultura Ana Lúcia Prado, "a mesa expressa a aliança entre as representações políticas mais significativas para o evento": o vereador Berriel - representando a Câmara; Jorge Cardozo - do Conselho de Cultura; a primeira dama Maria Antônia - coordenadora do programa Bairro Escola e representante do prefeito Lindberg Farias, juntamente com Marcus Vinícius Faustini - Secretário de Cultura de Nova Iguaçu e Carlos Ferreira - secretário municipal de fazenda - representando o município; Eva Dóris - representando a Secretaria Estadual de Cultura e por fim, a já citada Ana Lúcia Prado - representando o Ministério da Cultura.

Cultura para todos!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

por Mayara Freire

Depois de sete pré-conferências em diferentes bairros de Nova Iguaçu, a tão esperada III Conferência Municipal de Cultura de Nova Iguaçu terá início hoje, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Nos dias 23 e 24 de outubro, os secretários de cultura, membros do Conselho Municipal de Cultura e agentes culturais irão discutir propostas para o plano cultural do município, além de levantar questões para a II Conferência Nacional, que ocorrerá no próximo ano. A expectativo dos organizadores é que o evento atraia pelo menos 500 pessoas.

Depois da solenidade de abertura, prevista para as 9h30, cinco grupos serão formados para discutir os eixos temáticos definidos pelo Ministério da Cultura: Produção Simbólica e Diversidade Cultural; Cultura, Cidade e Cidadania; Cultura e Desenvolvimento Sustentável; Cultura e Economia Criativa, assim como Gestão e Institucionalidade da Cultura. Os trabalhos do primeiro dia devem terminar às 14h.

No segundo dia da conferência, cujos trabalhos irão das 9h às 18h, os grupos de discussão se dedicarão à cidade de Nova Iguaçu. Serão apresentadas as propostas discutidas nas pré-conferências para o Plano Municipal de Cultura e a Pauta Nova Iguaçu, além dos eixos temáticos da II Conferência Nacional de Cultura e os Sistemas Nacional, Estadual e Municipal. Ao final da conferência, terá o plenário final sobre as propostas discutidas, além da eleição dos Conselheiros Suplentes do município e a eleição de delegados para a Conferência Estadual de Cultura.

O secretário adjunto Écio Salles contou que, além da importância de promover discussões sobre cultura na cidade, o evento pretende dar amplitude à conferência nacional. “Temos uma expectativa da presença significativa dos delegados para a conferência. Queremos conseguir ter voz, mostrar nossas propostas, se afirmar como município e trazer mais investimentos”, afirma ele, que conta com a participação de todos os interessados em cultura na cidade. "Essa conferência é relevante para os militantes, dirigentes de organizações, artistas e o público em geral”.

Para participar, é aconselhável chegar ao local antes da abertura para fazer credenciamento.

Hummm! Que cheirinho de cultura!

por Fernanda Bastos e fotos por Edson Borges Vicente

Maria de Fátima da Silva, 52 anos, é cozinheira do CISANE há oito anos. Durante a pré-conferência do dia 20, ela manteve o café ao alcance de todos como um combustível para a discussão tão importante. Ao final, distribuiu deliciosos pastéis, cachorros quentes e canapés que desceram com refrigerantes geladinhos.

“Cheguei ao CISANE na época do ‘Sementinha da manhã’”, conta ela, que inicialmente trabalhou na ONG como voluntária e da qual eventualmente se afastava para procurar um emprego de verdade. Foi durante um período de desemprego que o hoje amigo Edilso Maceió a convidou para trabalhar.

Além de cozinhar para o CISANE, dona Fátima frequentou o curso de cabeleireiro da ONG e atualmente faz o curso de artesanato. “Entre todas as atividades domésticas, a que mais gosto é cozinhar”, afirma. Foi por causa desse prazer que ela chegou às 15h30min no CISANE, a fim de preparar o lanche servido para as cerca de 50 pessoas que marcaram presença na pré-conferência da última terça-feira. “Eu sirvo o lanche aqui e no espaço que tem lá em baixo”, revelou a cozinheira, que sente um prazer especial em servir os meninos e os jovens.

As oficinas do CISANE são divididas em turnos: manhã e tarde. Dona Fátima é a responsável pelo lanche dessa galerinha, para a qual serve de cachorro quente a biscoitos, passando por canapés, pastéis e bolos. Com tantos mimos, as crianças não costumam deixar de ir às aulas do CISANE.

Não deixem o hip-hop morrer

por Edson Borges Vicente


Os jovens Felipe Siqueira Tavares, 16 anos, e Jeferson Miranda da Silva dos Santos, 15 anos, marcaram presença na Pré-conferência Municipal de Cultura do Bairro Nova Era na última terça feira, dia 20. O objetivo dos dois era apresentar uma performance musical com canto e dança, mostrando a cultura Hip Hop no fechamento das discussões da conferência.

Felipe é rapper desde pequenininho. Mas a aposta em seu dom se deu no ano passado, quando se reuniu com o amigo Cristiano Miranda da Silva na escola para formar a dupla ‘Cristian e Siqueira’. Suas primeiras músicas foram compostas em homenagem às suas namoradas. Orgulhoso de ser poeta, ele sabe de cor a tradução de RAP (Ritmo e Poesia), e sonha ver sua música na boca da galera. Para isso resolveu ir à conferencia mostrar seu trabalho. Ele também é aluno da oficina de graffite do CISANE.

Felipe (ou Mc Siqueira) chamou o amigo Jéferson, que é irmão de Cristian, para ir à conferência de Cultura. “Vai ter uma parada de cultura e a gente pode mostrar o que a gente faz”, disse ele, que não quer deixar que a cultura Hip Hop morra em Nova Era. Para o rapper, muitas pessoas gostam de Hip Hop, mas falta apoio para os artistas. “Falta alguém que chegue e fale: ‘vamos fazer um projeto, apoiar a cultura Hip Hop aqui em Nova Era”, lamenta.

Leitura sagrada

por Edson Borges Vicente


Durante a Pré-conferência Municipal de Cultura do bairro Jardim Nova Era, ocorrida no último dia 20 no Centro Social Amigos de Nova Era – CISANE - muitos temas foram debatidos e propostas discutidas. Mas neste mesmo espaço de tempo a cultura fluía para além da teoria na biblioteca comunitária Zuenir Ventura. Foi no Projeto Ler pra Valer que as crianças ficaram enquanto seus pais participavam da conferência, degustando maravilhosas contações de histórias.


O projeto nasceu através de um edital do Instituto C&A, no qual duas estagiárias do Centro de Referência em Assistência Social – CRAS – de Nova Era apostaram: Renata de Barros Oliveira Maracajá e Renata Brum. Renata Brum é assistente social e também atuou como orientadora social do Projovem Adolescente. Foi ela quem chamou Renata Barros para, juntas, montarem o projeto.

Formada em pedagogia, Renata Barros ficou com a responsabilidade de coordenar o projeto Ler pra Valer ao mesmo tempo em que trabalhava no CRAS. Dada a dificuldade de conciliar os dois projetos, a pedagoga resolveu ficar apenas no CISANE. Com um histórico significativo em ações sociais, ela fez parte do Pré-vestibular para Negros e Carentes de Cabuçu – o PVNC – antes de ingressar na faculdade de Educação.

Junto e misturado

por Lucas Lima
Uma das pontas mais visíveis do programa Bairro Escola é o Escola Aberta, um projeto do Ministério da Educação que funciona também em 65 municípios de dez estados brasileiros. Moradores de quase todos os bairros de Nova Iguaçu superlotam as salas de aula para fazer oficinas e atividade que vão do artesanato à luta marcial, da dança ao reforço escolar, tudo isso gratuitamente.


Essas oficinas, que acontecem simultaneamente em um mesmo espaço, têm o poder de agradar jovens e adultos com a mesma intensidade. “Aos sábados de manhã, a escola fica cheia de gente, todos em diferentes atividades, mas todo mundo sabe respeitar o espaço do outro”, conta a jovem Jessyca Pereira, de 17 anos, que frequenta as oficinas da Escola Municipal Rubens Falcão. Também compartilha dessa opinião a mãe de Jessyca, a aluna de artesanato Regina Célia Pereira, 55. “É muito bom porque oferece várias atividades, o que pode atender a todo mundo”.

Vida mansa

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

por Edson Borges Vicente


Jéferson Marinho dos Santos, 18 anos, conheceu o CISANE do KM 32 por intermédio de seu irmão Jenison Marinho dos Santos, 15 anos, que fazia parte das oficinas de capoeira e de percussão. Foi mais do que um amor à primeira vista. Como muitos jovens de Jardim Paraíso, ele usou as atividades oferecidas pela ong para romper com um histórico de ociosidade. “Tinha muitos jovens que ficavam na rua, sem fazer nada” afirma ele.


Para Jéferson, as atividades culturais que pratica vão além da dimensão simbólica. “A capoeira é uma atividade física, faz bem à saúde e ajuda também na disciplina”, explica.

Já com percussão ele foi mais longe. Juntamente com o irmão e todo o grupo, ele conheceu os estúdios da Rede Globo durante as gravações de Malhação. Conheceu artistas e fez o que sabe bem: tocar. Foi uma experiência maravilhosa para ele. “Chegamos e ficamos na maior vida mansa, só comendo e vendo televisão. Tiramos fotos com artistas e tocamos na gravação”, conta Jeferson.

Maezona do KM 32

por Edson Borges Vicente


Andreia Cristina da Silva, 39 anos, é um dos mais importantes sujeitos culturais no KM 32. Moradora do Jardim Paraíso, ela diz se orgulhar de ter participado do processo de implantação do CISANE no bairro e de ver os jovens de sua comunidade transformarem suas vidas através da cultura. “Melhorou a autoestima, desenvoltura e evolução enquanto ser humano”, afirma Andreia.

Um desses jovens é sua filha Michele Cristina da Silva Barbosa, 18 anos, que colabora na gestão do espaço desde sua fundação, em dezembro de 2008. Orgulhosa do trabalho de sua princesa, a mãezona do KM 32 destaca que ela somente dá o apoio necessário, mas quem mete a mão na massa é a menina. “Busco levar ao conhecimento da comunidade os projetos daqui e trazer pra dentro o que se passa lá fora”, explica.

Juventude vai ao paraíso

por Fernanda Bastos da Silva e fotos por Edson Borges Vicente


A juventude invadiu o escritório do CISANE no Jardim Paraíso na noite da última segunda-feira para fazer da VI Pré-conferência Municipal de Cultura a mais irreverente do processo de preparação para a Conferência Municipal de Cultura, no próximo fim de semana, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.


O debate, moderado pela antropóloga paulista Marcella Camargo, começou por volta das 19h30. A também secretária adjunta da SEMCTUR saiu impressionada do encontro, no seu entender o mais rico de todos que presenciou nesses últimos quinze dias. Além da presença dos jovens, duas coisas chamaram a atenção da antropóloga. “Não há nenhum acessório cultural no bairro e os jovens promovem todas as suas ações culturais na rua”, diz Marcella Camargo.

Marcella Camargo abriu os trabalhos do dia falando das ações culturais do governo Lindberg Farias, como a escola de pesquisa e a escola de comunicação. Em seguida, passou a palavra para o poeta iguaçuano Jorge Cardozo, que também é presidente do Conselho Municipal de Cultura da cidade. “O governo não vai fazer ação social”, esclareceu Cardozo. “Queremos apoiar as ações sociais promovidas pela comunidade”.

 
 
 
 
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