Quadrilhas ignoradas

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

por Jefferson Loyola e Larissa Leotério





Com a abertura da 3º Conferência Municipal de Cultura, iniciaram-se os debates em cada um dos eixos temáticos propostos pelo Conselho Nacional de Política Cultural para descobrir o melhor meio de lidar com os assuntos existentes, construir e interferir na cultura de Nova Iguaçu. Produção Simbólica e diversidade Cultural, o primeiro eixo da conferência, teve como foco as produções de arte e bens simbólicos, promoção de diálogos interculturais e convenção de diversidade. Trata-se de facilitar a produção, distribuição e consumo de bens culturais, juntando identidade com diversidade.

“Tem que se ter versatilidade”, disse Daiana Santana. Uma das integrantes do projeto Mais educação, ela que acredita que, de um modo geral, a cultura é versátil e diversa, misturando dança, teatro e música, entre outras coisas. Um dos grandes pontos discutidos dentro do eixo foi “Diversidade Cultural = Diversidade de linguagem”, durante o qual ficou claro que, mesmo não sendo a mesma coisa, as duas andam juntas. Diversidade de linguagem está inserida no contexto de diversidade cultural, apresentando como você irá expressar o que está pensando.



O jornalista Anderson Chagas lembrou que a mídia mostra a violência dos municípios da Baixada Fluminense, mas ignora as coisas boas da região, como, por exemplo, o fato de Nova Iguaçu ter o 2º maior carnaval do Rio de Janeiro. O organizador de festas juninas João Gomes e o malabarista Mozart Guida corroboraram a tese do jornalista quando falaram de suas respectivas experiências. “Eu também trabalho com cultura popular, mas nunca soube que Nova Iguaçu tem quase 40 quadrilhas organizadas”, disse Guida. João Gomes também não sabia que Nova Iguaçu é a única cidade do Rio de Janeiro a ter encontros regulares de malabaristas.

De acordo com os participantes do grupo de trabalho, a falta de informação a respeito das produções culturais de Nova Iguaçu leva o morador da nossa cidade a se deslocar até o Rio de Janeiro para ver espetáculos que poderia assistir aqui, gastando muito menos dinheiro. Um exemplo do desconhecimento dos nossos talentos é o evento em homenagem à consciência negra, que a Coppir (Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e a Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) estão organizando para o próximo dia 19 de novembro. “Tivemos que dispensar todos os nossos grandes sambistas, para chamar nomes como Arlindo Cruz e Dudu Nobre”, lamentou Sérgio Cara Preta, para citar em seguida que artistas do peso de um Neguinho da Beija-Flor nasceram em Nova Iguaçu.

O ator Marcos Serra lembrou que precisamos ter um olhar mais amplo, capaz de reconhecer da cultura LGBT à do candomblé, passando pela umbanda e pelo omolokô. “Assim como a diversidade cultural, não podemos ter um olhar para dentro e pensar apenas na política de produção”.

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