por Josy Antunes

“Belford Roxo é como Nova Iguaçu”, comparou ela, fazendo uma ligação da grande inquietação artística presente em ambas cidades. O acontecimento era um anseio existente desde 2003. Por ser a primeira, e pela forma como foi desenvolvida, mobilizando uma considerável quantidade de agentes culturais, vindo dos mais distintos pontos da cidade, a conferência pode ser considerada um marco histórico. Mas, para além disso, Ana Lúcia Pardo sensibilizou-se especialmente com uma apresentação regida pelo músico Dida Nascimento, que descreveu como se ainda pudesse visualizá-la. “Eu cheguei lá e vi a forte presença da música e de outras ações. Um momento em que diferentes expressões ocupavam aquele lugar, que é um espaço legislativo. Eu acho que foi simbólico”, declara.
O momento de pura emoção teve seu início em reuniões anteriores à conferência, quando Dida teve a ideia de congregar, num limite de tempo de vinte minutos, as manifestações artísticas da cidade. A “primeira lida", a tarefa pode parecer fácil, mas quando passa-se a enumerar a quantidade e diversidade dessas manifestações, a visão torna-se totalmente contrária. “Nós tivemos poesia, teatro, dança e música. Teve uma orquestra de berimbau, vários atabaques – uma coisa mais tribal - , bateria, baixo, teclado – que são instrumentos mais sofisticados, mais fáceis de se ver, normalmente – e tivemos também a inserção de música gospel”, relaciona o artista.

A música que selou a união dos quase 30 artistas era uma composição do próprio Dida Nascimento, cuja letra traz a autoria da poeta Ivone Landim e a musicalidade da capoeira. “Ela fala da mãe preta, aquela mãe que cuida do seu filho. No nosso caso, da nossa conferência, da nossa arte, dos nossos artistas”, explica o idealizador da apresentação. As já citadas linguagens artísticas recebiam o complemento de um coral que produzia murmúrios e lamentos, transcorrendo paralelamente às outras atividades. “O Hip Hop existe sozinho, no sentido de que é uma expressão específica de cultura. A capoeira também, historicamente tem sua representatividade e é a terceira maior expressão presente no país, e assim vai...”, principia Ana Lúcia, “Mas, quando se juntam, provocam uma nova coisa.
Na 1ª Conferência Cultural de Belford Roxo, foi formado o Conselho de Cultura, no qual Dida Nascimento está incluído, e que representará a cidade nas próximas etapas, como a II Conferência Nacional de Cultura. “O próximo passo é defender as propostas levantadas na nossa conferência e tentar convencer o Governo Estadual e Federal que existe uma necessidade muito grande, decorrente de uma carência de muitos anos, de cultura e entendimento”, defende Dida, concluindo: “O nosso município tem um valor muito grande com relação a arte”.
0 Comentários:
Postar um comentário