por Joaquim Tavares
“O que você quer ser quando crescer?”, é, sem dúvida nenhuma, uma das perguntas mais repetidas pelos pais aos seus filhos quando ainda bem pequenos. Por mais inocente que possa parecer, essa pergunta gera uma resposta que dão indícios sobre muitos aspectos importantes da vida da criança. De tão clichê, já virou piada e a resposta debochada é “Quero ser grande!”. No entanto, no sentido de ser bem sucedido, quão ‘grande’ quer ser uma criança?
Um fato inquestionável surge dessa história: o que a criança quer ser, quase sempre, não é o que ela se torna quando ‘grande’. Por que isso? Será só coincidência? Há de se levar em conta os questionamentos feitos sobre o entendimento de mundo que a criança tem e que esses não lhe proporcionam uma escolha efetiva da sua atividade ao longo da vida. A influência dos pais também gera uma opção que, muitas vezes, não condiz com o real interesse dos seus filhos e que, mais tarde, vem a se modificar.
A mudança de opinião nessas situações até então apresentadas, soa como uma evolução, algo positivo. “Meu sonho era ser médica, mas não levei à frente. O mundo foi me mostrando outra realidade e me interessei em ser professora. Fiz o ensino normal e, hoje, sou formada em Geografia”, diz Sueni Marques da Silva, geógrafa de 48 anos, minha mãe.