por Joyce Pessanha
Quando Aurora tinha 15 anos ela sonhou com um príncipe alto, educado e muito bonito. Logo ao acordar ela compôs junto aos animais do campo uma música sobre o seu sonho. E qual foi sua surpresa quando, como num passe de mágica, o Príncipe Felipe ouve sua doce voz e divide a música em um dueto apaixonante. A história da adolescente Bela Adormecida parece se tornar rotina para todos da mesma faixa etária. Toda menina - e os meninos também! - sonha com seu príncipe encantado e quando ela o reconhece - no seu professor, no amigo do pai, no gatinho que mora em sua rua, no cara mais popular do colégio - encontra a encarnação de seus suspiros mais profundos de amor.
O problema é que geralmente o alvo de seu afeto é um cara mais velho ou extremamente inalcançável para a realidade da adolescente. E pra geração dos exagerados, que nunca mais vão respirar se o seu amor não a notar, o que sobra? Advinhou quem pensou em músicas. E quando a indústria fonográfica notou esse fato inundou o mercado com bandas melodiosas e letras depressivas e expressivas. E se você andar em algum transporte no horário em que essa garotada está indo/voltando da escola vai experimentar o doce momento de dor de cotovelo dos apaixonados que julgam nunca conseguir realizar seus desejos mais profundos de amor.