Curta sem intenção

segunda-feira, 19 de abril de 2010

por Jefferson Loyola

O calor brasileiro na ilha gelada da Islândia. Assim pode ser definido o curta “65° N” do estreante Lucas Gervilla. O paulista confessa que escolheu a Islândia pela velha curiosidade de ver a neve. “A ideia inicial era de um intercâmbio, poder conhecer uma cultura totalmente diferente”, contou. “Um fato engraçado na minha chegada foi a desconfiança local sobre minha nacionalidade. Como só conhecem o Péle, não acreditavam que eu era brasileiro, afinal sou branco”, relembrou entre risos.

Sem a pretensão de criar um curta, Lucas recolhia, como lembranças, imagens da comunidade local, que possuía apenas 500 habitantes. “Todos na cidade se conheciam, eram parentes ou algo assim. Iniciei, então, uma espécie de resgate cultural, coletei imagens das pessoas, e a partir disso, descobri o que elas eram”, disse.

O resultado de tudo foi uma instalação com vídeos bastantes curtos e a ideia de que os vídeos fossem não lineares. “Ao final de todo o processo, eu possuía 40 minutos, e acabei reduzindo para transformá-lo em um curta”, explicou. Com uma cultura completamente diferente, há muito tempo,eles possuem a mesma língua e a mesma moeda. “Apesar de toda a diferença, a ideia que existe de que, por viverem em um lugar gelado, são um povo frio, é totalmente equivocada, são muitos hospitaleiros”, afirmou.

Ninguém para ajudar
Editor, roteirista, diretor e fotógrafo. Lucas atuou sozinho em todas as etapas de produção de seu curta. Sempre trabalhou no processo de edição, e por isso, não sentiu nenhuma dificuldade. “O ruim em trabalhar fazendo tudo sozinho é você não ter ninguém para poder reclamar quando algo acontece de errado”, brincou, pois não teria ninguém para ajudá-lo na Islândia. Mesmo que precisasse de alguém, só poderia contar consigo mesmo. 
 
Mesmo sendo uma ilha e com poucos habitantes, sempre havia coisas para serem feitas todas as noites. “Uma cidade muito ativa, em todos os sentidos, principalmente, culturalmente”, esclareceu. O título do filme surgiu por causa da latitude da cidade ser 65 graus ao norte. “Uma grande curiosidade é que a latitude do Circulo Polar começa no 66, ou seja, está 1 grau abaixo do Polo Norte”.

Ele inscreveu o filme no III Iguacine porque queria  exibi-lo na maior quantidade de lugares possíveis. “Sou contra as pessoas que fazem uma seleção de lugares onde seus curtas devem ser exibidos. Todos devem assistir ao filme, independentemente de onde ele passe”, concluiu. “Fico muito contente pela seleção do filme aqui, principalmente percebendo que o lugar é muito bem estruturado e organizado”.

1 Comentários:

Tony Prado disse...

Simplesmente perfeita. Ouvi dizer que, o filme pode não ter ganho premios, mas a matéria pode fazer juz. Parabens pela matéria.

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