por Jefferson Loyola
O Candomblé, o Omoloko, a Umbanda, e entre outras religiões de matrizes africanas são focos de resistência cultural e religiosa que expandiu consideravelmente por todo o Brasil. Trazido para o país pelos escravos provenientes da África, é uma religião que não é só cultuada aqui, mas também em vários outros países como: Colômbia, México, Argentina, Espanha e entre outros. Essas religiões são vistas com olhos de preconceitos por quem não a conhece na sua integra e acompanha os mitos ditos por muitos que também não conhecem a religião.
Toda a riqueza das práticas culturais de matriz afro-religiosas sobreviveu ao longo de nossa história, graças ao forte pilar de sustentação da tradição e da ancestralidade. Um pequeno eixo, mesmo pequeno bastante fortalecido, desse pilar se encontra aqui na Baixada Fluminense, precisamente em Nova Iguaçu, e se chama Mãe Arlene de Katendê. Sua vida religiosa se iniciou dentro do catolicismo. Tendo uma família católica praticante, Arlene era noviça e quase chegou a fazer seus votos para se tornar Freira, quando aos 16 anos a convite de uma amiga, foi conhecer uma casa de candomblé.
“Não fui com o intuito de entrar para a religião e sim de conhecer”, disse. No dia de sua visita ocorria um rito de bolonã (primeira passo de iniciação) e no decorrer da festividade acabou bolando, quando um determinado orixá escolhe e mostra para todos os presentes que você está sendo indicada para ser iniciada. “Hoje as pessoas bolam e o pai de santo vai lá conversa com o Nkisi, Orixá ou Vodun, e a pessoa levanta e retorna para sua casa, mas antigamente, quando me iniciei, não existia isso, bolou tinha que ficar”, falou. Naquela época não havia a preocupação da pessoa ter condição de fazer o santo, se ela tinha esposo (a), filhos ou até mesmo trabalho, existia à hora em que o Nkise (orixá) estava pedindo. Esta mudança resultou-se devido à vida das pessoas serem diferentes. Há um compromisso com seu emprego e com os afazeres de uma vida social. “Foi necessário haver está revolução”, afirmou.