Calçadão alternativo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

por Dannis Heringer,  Larissa Leotério e Leandro Oliveira

Como de costume, segunda-feira foi o dia de decidir as pautas e, esta semana, o assunto é o Calçadão de Nova Iguaçu. Alguns Jovens Repórteres já haviam passado por lá no mesmo dia, mas, ao voltarmos juntos, encontramos alguns personagens que passavam, geralmente, despercebidos, bem como algumas cenas e até mesmo reclamações constantes. Dividimos o trabalho e, animados, partimos para a luta.

Procurando por lojas da cena underground, chegamos à Alternative Mind. Uma loja pequena em uma galeria, porém com quantidade significativa de CDs para qualquer gosto, desde os mais famosos, como por exemplo Nirvana, até aqueles não tão procurados.


Inaugurada em 1997, a loja é um sonho antigo. “Eu sempre digo que vendo discos para um público selecionado”, conta Wladimir das Candongas, 43 anos. Entre uma gargalhada e outra, Wladimir conta que o sonho acabou virando quase que um pesadelo quando os novos tempos trouxeram a concorrência da internet e da pirataria. “Hoje a loja sobrevive de amigos e clientes que vêm aqui para bater um papo e escutar um som”.

Um desses colaboradores é professor de história Alessando Souza, de 41 anos, que vê a loja como um refúgio: “Sempre que venho aqui para ouvir alguns álbuns prediletos, desabafar e contar sobre o dia”. Todos que frequentam sua pequena loja é uma galera mais velha e sem preconceitos. “Viramos cult” – completa Wladimir, com certo orgulho.

Wladimir das Cangonga só mantém o negócio por causa dos custos de se manter uma loja no Calçadão, bem mais baixos do que em um shopping. “Normalmente você não encontra tudo o que quer em um shopping e se sim, acaba saindo muito mais caro”.


A Alternative Mind também é palco para histórias saborosas, como a do cliente que esmigalhou um CD acústico de uma de suas bandas favoritas com um martelo. "Ele em princípio ficou chateadíssimo porque não avisei do lançamento, reclamando da minha falta de fidelidade a ele", lembra o comerciante. A certeza de que o cliente em questão não gostaria da obra se confirmou uma semana depois, quando ele colocou o CD de volta na estante. "O tal amigo pediu para eu quebrar o álbum, já que ele tinha odiado. Ele não contava que eu tinha um martelo debaixo do balcão e que fosse esfarelar o CD poucos segundos antes de lhe devolver."

Como a cena underground sempre é confundida pelo tripé “Sexo, Drogas e Rock’n’roll”, de vez vem em quando ele recebe a visita de um jovem procurando um bagulho para fumar. "Os jovens não entendem a música em si", lamenta Das Candongas. "Para eles, basta ser marginal e usar drogas para ser underground."


O estigma do rock também atraiu que, depois de horas olhando as camisas e os CDs, fez o coração de Das Candongas bater acelerado quando chamou para um canto e perguntou baixinho: “Você vende soco inglês?”. "Expliquei, então, que a loja não comercializa nenhum tipo de arma."

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