por Joaquim Tavares
Crítica Brincantes
Que coisa maravilhosa é a brincadeira, ainda mais quando é vista pelos olhos da criança. É disso que fala o curta 'Brincantes', dirigido por Nélio Spréa e Elisandro Dalcin.
O cenário usado para as pesquisas e para a gravação do filme foram dois colégios de baixa renda de Curitiba, capital do Paraná. Lá, foram filmadas as cenas que integram o 'Brincantes' e serviram de base, também, para a pesquisa que se transformou, ainda, num livro.
A história narra o cotidiano das crianças e suas brincadeiras durante o recreio. É nesse curto espaço de tempo, de aproximadamente 20 minutos, que toda a imaginação infantil é posta 'para fora' e a criação acontece. Quando se dá à criança o poder de assumir o controle da situação e criar as suas próprias atividades, se entende muitos mais sobre como ela pensa do que a partir de um questionário feito diretamente com a mesma, por exemplo.
O filme evidencia como se dão as relações entre as crianças no decorrer das brincadeiras e como isso serve para aumentar suas atonomias e suas interações entre si e com o mundo. Eles criam, se autoeducam, se ajudam e caminham para um mesmo fim: o simples ato de brincar.
O melhor do filme é como são passados os pensamentos das crianças inseridas nesse meio, onde cada uma delas faz parte de um todo. Há respeito pelas opiniões alheias. Entender a mente de uma criança através de uma simples brincadeira, eis o desafio proposto.
'Gerenciadas' quase que sem nenhuma intromissão, a imaginação viaja e a autonomia do pensar nasce já desde cedo na vida desses pequenos estudantes. Cada recreio se torna algo único e numa explosão que dura 20 minutos, suas vidas vão sendo direcionadas para o verdadeiro caminho da aprendizagem - o caminho da vida.
'Eles se reconhecem na invenção' - disse Nélio Spréa, um dos diretores. Fica evidente assim a participação da criança na produção cultural. Durante a realização da brincadeira, eles se deparam com situações vividas todos os dias na 'vida real', como tomar decisões e entender o pensamento do outro, entre outras coisas. A compreensão de maturidade acaba vindo juntamente com tudo isso e ajuda no seu desenvolvimento como cidadão.
O curta serve para amadurecer e dar força ao pensamento da criança como um ser ativo e gerador de conhecimento e cultura, como qualquer outro, sem contar que nos leva a recordar da nossa própria infância e toda a mágica que a envolvia.
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