por Camilla Medeiros
“Essa conferência representa um ponto de equilíbrio entre o público e o privado”. Com essa fala, a assistente social pernambucana Sandra Mônica iniciou os debates do eixo Cultura, Cidade e Cidadania. Ela lembrou em seguida que um dos principais objetivos da III Conferência de Cultura da Cidade de Nova Iguaçu é abrir um diálogo produtivo entre esses dois agentes.
Ontem, esse mesmo grupo havia levantado algumas questões a serem pensadas para a mudança do atual cenário cultural da cidade. E a pauta da reunião de hoje centrava-se na análise, discussão e construção de dez propostas, sendo duas delas prioritárias.
O debate em torno dos editais dos Pontinhos de Cultura foi um dos pontos discutidos. Atualmente, para participar desses editais, os agentes culturais precisam se organizar como ONG’s (Organização Não-Governamental). Consequentemente, as pessoas físicas ficam impossibilitadas de acessar as verbas concedidas pelo governo no campo da cultura.
Rose Silva foi uma das defensoras da abertura dos editais. Atualmente ela participa do Pontinho de Cultura de Jardim Nova Era, mas sua atuação sempre foi junto ao grupo de teatro Sonho Real, em Jardim dos Palmares. Por não fazer parte de uma ONG, não pôde participar do edital dos Pontinhos, e seu grupo de teatro foi obrigado a se aliar ao CDI (Centro de Desenvolvimento Infanto-Juvenil) em Jardim Nova Era.
“A independência do grupo Sonho Real de uma ONG, significa chegar mais perto da comunidade de Jardim Palmares, que é a minha grande preocupação”, conta Rose.
Outra grande questão foi a melhor distribuição dos recursos e incentivos à cultura. Algumas áreas da cidade ainda estão excluídas dos projetos de fomento à cultura, e a partir de um esforço de mapeamento, se faz necessário identificar quais são as áreas que precisam ser atendidas.
“É importante partir do princípio da equidade, ou seja, perceber as condições existentes e tentar distribuir de maneira justa os recursos disponíveis”, lembra Sandra Mônica. Algumas áreas merecem maior atenção, como as áreas rurais e áreas de risco. “Temos que lembrar dessas áreas consideradas de risco, ou distantes dos centros, que por esses motivos são esquecidas”, defende Elizangela Melo, da ONG Cultura Viva, localizada na comunidade Lagoinha, Campo Belo.
A construção de um Teatro Municipal de Nova Iguaçu também foi um dos poucos consensos. Trazer grandes espetáculos para Nova Iguaçu sempre esbarrou na limitação física dos espaços. “A cidade de Nova Iguaçu já tem capacidade para lotar um grande teatro", lembra Edilso Maceió, coordenador do CISANE de Nova Era. "Além disso, nossa cidade já vem despontando como maior metrópole da Baixada, um Teatro Municipal só tem a acrescentar”.
A construção de um complexo cultural anexo a esse teatro foi uma das sugestões aceitas para serem levadas à plenária. “Um complexo cultural que abranja teatro, atelier artístico, museu, cinema e todas as demais expressões artísticas, disposto a receber e produzir cultura de qualidade na cidade”, deseja de Cecília Onofre, da ONG Meduca, e de todos os ali presentes.
Após longas (longas mesmo, mais de três horas) a síntese de todas propostas foram reunidas em dez, sendo as duas primeiras as prioritárias:
Depois de todas as discussões, o que se pode perceber é que mesmo que nem todas essas propostas sejam postas em prática imediatamente, a cidade de Nova Iguaçu, através de seus agentes culturais, podem hoje perceber quais são as principais necessidades, e as demandas da população por cultura de qualidade. “Saber que temos voz ativa é muito importante, mas, mais do que isso, hoje sabemos que nossa voz é ouvida”, conclui Rosa Silva.
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